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Apresentação Renault Mégane R.S.: tudo sobre o novo modelo

By on 8 Fevereiro, 2018

Apresentação: Renault Mégane R.S.

Texto: André Duarte

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Estilo e diversão na dose certa

Chega em maio numa comercialização que se estende por 50 países. Portugal é, naturalmente, um deles. Falamos do novo Renault Mégane R.S., o desportivo francês lançado em 2004 e que conhece agora a sua terceira geração. O AutoSport esteve presente na apresentação do novo modelo e conta-lhe tudo nas próximas linhas

Para uma apresentação a rigor de um exemplar que ostenta a sigla R.S., nada melhor que um palco como Jerez de la Frontera. Foi neste berço competitivo que conhecemos o novo modelo da marca francesa que está prestes a chegar ao mercado. Surge com um motor 1.8 litros turbo de 280 cv e opção de caixa manual de 6 velocidades (38.380€) ou automática de 6 velocidades (EDC) e dupla embraiagem (40.480€).

O modelo estará também disponível com duas opções de chassis, Sport e Cup. A primeira já a partir de maio (preços acima), numa fase inicial com caixa automática e só depois manual. Ainda em 2018, chegará a versão Cup, que apresenta diferenças ao nível da regulação da suspensão, destacando-se pela sua veia ainda mais desportiva. No final do ano surgirá a versão Trophy, a debitar 300 cv e com um binário máximo de 400 Nm.

O novo Renault Mégane R.S. é um produto da Renault Sport. No seu desenvolvimento foi dada especial atenção ao design, tecnologia, prazer de condução e também à própria experiência competitiva da Renault Sport. O objetivo foi criar um modelo equilibrado, aliando as sensações desportivas à possibilidade de poder ser um carro que também permite uma utilização mais dócil e quotidiana. Desígnio plenamente conseguido, não resistimos a adiantar. Mas, conheçamo-lo melhor nos tópicos que se seguem.

Exterior

O Renault Mégane R.S. marca pontos desde o primeiro momento, com um design arrojado sem ser ostensivo, permitindo que com ele nos desloquemos no dia a dia destacando-se pela classe desportiva que emana.

Este desportivo do segmento C conta com jantes de 18” ou 19” e painéis laterais específicos que tornam os guarda-lamas mais largos, 60 mm à frente e 45 mm atrás, em relação ao Mégane GT. A distância ao solo é também inferior, em 5 mm. Alterações que fazem a versão Sport (a primeira a chegar ao mercado, em maio próximo) ter de medidas de: 4363 mm de comprimento; 1428 mm de altura; 1875 mm de largura; 2669 mm de distância entre eixos. Estas proporções tornam o veículo naturalmente mais agressivo.

Mas há muito mais por onde nos perdermos com o olhar. Na frente destacam-se: pára-choques dianteiro com uma ampla entrada de ar e a lâmina F1; grelha dianteira específica com padrão 3D em ninho de abelha; e ilharga de linhas esculpidas e acentuadas pelo alargamento dos guarda-lamas, dianteiros e traseiros.

Na lateral, as saídas de ar e embaladeira específica – traço de união entre a dianteira e traseira, cuja lâmina preta evoca o fundo plano dos Fórmula 1.

Já na traseira sobressai o redesenhado defletor; o pára-choques com difusor integrado (aumenta o apoio aerodinâmico); e a saída de escape central característica do Mégane R.S., realçada por um embelezador.

Também a destacar, o sistema de iluminação LED multirrefletores R.S. Vision de série: óticas em forma de bandeira quadriculada integram-se no pára-choques dianteiro, de ambos os lados da lâmina F1. Equipado com nove luzes LED por bloco, este sistema reúne quatro funções de iluminação de elevado desempenho: mínimos, luzes direcionais, faróis de nevoeiro e máximos de longa distância. O alcance é de 460 metros (+17% em relação ao Mégane III R.S.). Pela primeira vez, integra também a assinatura luminosa em forma de C nos piscas.

No global, estamos perante um modelo visualmente sugestivo e aliciante, o que nos aumenta o desejo de o experimentarmos ao volante.

Interior

Se o exterior agrada e muito, o interior não lhe fica atrás: bancos desportivos (carbono ou alcântara) com apoio de cabeça integrado; pespontos em vermelho a percorrem todo o habitáculo; soleiras das portas com inserção Renault Sport; volante com sigla R.S.; pedais em alumínio. Tudo detalhes que nos fazem imergir no espírito competitivo, num interior marcado pela tonalidade em preto, revestido a materiais agradáveis e de notória qualidade. A par disso, é um modelo que apresenta espaço interior, permitindo partilhar o prazer das viagens com mais ocupantes que ‘apenas’ o pendura.

Componentes mecânicos

Se o design já nos deixa rendidos, tudo pode melhorar uma vez ao volante, dado as características que este modelo reúne. Em traços gerais, falamos de um modelo que equipa um novo motor 1.8 litros que debita 280 cv, que conta com duas possibilidades de chassis, Cup e Sport, sistema 4CONTROL, caixa manual e automática e várias tecnologias para aumentar a experiência ao volante, como o Multi-Sense ou a nova versão do R.S. Monitor. Para melhor percebermos todos estes detalhes, de seguida abordaremos cada um deles, ponto por ponto.

Motor e Caixa

Sob o capot encontramos uma nova versão do motor 1.8 litros turbo, oriundo das sinergias da Aliança. Em números falamos de 280 cv e um binário máximo de 390 Nm entre as 2400 e as 4800 rpm, com a aceleração dos 0 aos 100 km/h a cifrar-se nos 5,8s. Para chegar a estes valores o motor foi revestido, recebendo uma nova cabeça e sendo melhorado ao nível da refrigeração. A linha de admissão também foi redesenhada com a adição de uma segunda tomada de ar. O Mégane R.S. conta ainda com tratamentos de superfície provenientes da competição e dos supercarros, tais como o DLC (Diamond Like Carbon), para os pistões de válvulas, e o Mirror Bore Coating, para o revestimento das camisas dos cilindros. Nota também para a inclusão do turbocompressor de dupla entrada (Twin Scroll), já utilizado no Mégane III R.S., que permite melhorar o binário a baixo regime.

Em termos de caixa, tanto o chassis Sport como o Cup estão disponíveis com caixa manual ou caixa de dupla embraiagem EDC (com patilhas no volante), ambas de 6 velocidades. Nos modos Sport e Race, nas versões de caixa automática, temos ainda duas funções ao dispor: Multi Change Down e Launch Control. A primeira significa que na fase de travagem no modo manual é possível reduzir várias relações em simultâneo com a patilha esquerda premida. Desta forma, a melhor relação é selecionada para uma saída de curva o mais eficaz possível. Já o Launch Control, fruto da pré-carga da embraiagem e do turbo, permite realizar arranques do tipo “arranque parado”.

Chassis Cup ou Sport, suspensão e travões

O Renault Mégane R.S. surge com duas possibilidades de chassis, Sport e Cup. O Sport é mais direcionado para uma utilização em estrada, o Cup em circuito.

O chassis Sport conta com novos amortecedores e um sistema eletrónico de repartição do binário que atua de forma independente nos travões das rodas motrizes, permitindo limitar a subviragem e otimizar a motricidade à saída da curva.

Já o chassis Cup é 10% mais rígido, conta com jantes de 19” e tem um novo diferencial autoblocante mecânico Torsen, além de, em opção, poder contar com discos de alumínio e ferro fundido que permitem uma redução de peso de 1,8 kg por roda.

Outro ponto a destacar é a suspensão. A Renault Sport colocou mãos à obra e dotou os quatro amortecedores com batentes hidráulicos de compressão. Em resumo, equivale a integrar um “amortecedor dentro do amortecedor”, algo que melhora a eficácia de ambos os modelos em estrada/circuito. O sistema de travagem foi também melhorado, com os discos dianteiros a serem agora de 355 mm (+15 mm).

Sistema 4CONTROL

Uma das grandes novidades neste modelo é a introdução da tecnologia 4CONTROL (sistema de quatro rodas direcionais), a fim de aumentar tanto a agilidade como a estabilidade em curvas, um exclusivo no segmento dos desportivos compactos: a baixa velocidade as rodas traseiras viram no sentido inverso ao das rodas dianteiras (até 2,7 graus); a alta velocidade as rodas dianteiras e traseiras viram no mesmo sentido, no limite de um grau nas rodas traseiras. O ponto de inversão está fixado nos 60 km/h (excepto no modo Race em que se estabelece nos 100 km/h).

Multi-sense

Para potenciar a experiência de condução, há ainda o Multi-Sense, que nos permite navegar entre vários modos: Perso, Comfort, Normal, Sport e Race. Ao serem selecionados, de imediato são alteradas as parametrizações ao nível da resposta do motor, cartografia do pedal do acelerador, rapidez nas passagens de caixa e rigidez da direção.

No Sport a intervenção do ESP é retardada e no Race, talhado para uma utilização em circuito, o ESP é totalmente desativado e a parametrização do sistema 4CONTROL oferece ainda mais agilidade.

R.S. Monitor

Para uma experiência a rigor, o R.S. Monitor (dispositivo de telemetria e indicação de dados) apresenta novas funcionalidades. Através do tablet tátil R-Link 2, podemos aceder a parâmetros como aceleração, travagem, ângulo de volante, funcionamento do sistema 4CONTROL, temperaturas e pressões, ao melhor estilo de competição.

Para apimentar ainda mais a experiência ao volante, está agora disponível o R.S. Monitor Expert. Este permite-nos, após filmarmos determinado percurso, por exemplo, em pista, sobrepor os dados de telemetria, para obter vídeos de realidade aumentada. Estes vídeos vêm enriquecer a experiência de condução do novo Mégane R.S. e podem ser instantaneamente partilhados nas redes sociais através das aplicações disponíveis para smartphones iOS e Android.

No R.S. Monitor Expert, os dados guardados podem ser exportados para o website R.S. Replay, onde podem ser visualizadas as sessões de treinos, analisadas as voltas ao mínimo detalhe e compará-las com as dos restantes utilizadores da comunidade Renault Sport.

Todas as funcionalidades podem ser acedidas através de um tablet tátil R-Link 2 – 7″ no formato horizontal ou 8,7″ no formato vertical. A destacar ainda o sistema de som desenvolvido pela Bose, composto por um altifalante central à frente, oito altifalantes distribuídos pelo habitáculo e um subwoofer integrado no porta-bagagens.

Sistemas de Assistência à condução

Apesar de ser um modelo desportivo, o novo Renault Mégane R.S. incorpora sistemas de assistência à condução importantes para quando numa utilização em contexto ‘mundano’. De salientar: head-up display a cores retrátil; regulador de velocidade adaptativo; travagem ativa de emergência; alerta de distância de segurança; alerta de excesso de velocidade com reconhecimento dos sinais de trânsito; aviso de ângulo morto; câmara de marcha-atrás e estacionamento mãos livres.

Ao volante

Em mãos tivemos ocasião de privar com o novo Renault Mégane R.S. com ambos os chassis, Sport e Cup. O primeiro durante cerca de 100 km pelos arredores de Jerez de la Frontera. O segundo, durante quatro fantásticas voltas ao próprio circuito. Em ambos ficou a ideia: o Mégane R.S. é um modelo muito agradável de conduzir, sendo, ao mesmo tempo, potente mas progressivo e revelando um comportamento muito seguro e equilibrado.

No caso da versão Sport, a entrega dos 280 cv às rodas dianteiras é feita de modo gradual, sem nunca haver um ‘coice’ de potência, ainda que se sinta o seu ímpeto no coração e na sonoridade, principalmente no modo Race. Apesar de não ser extremamente possante, apresenta-nos uma melodia cheia, que nos faz sorrir enquanto vemos a faixa das rotações no painel digital galopar no sentido dos ponteiros do relógio até às 7000 rpm. O som que chega ao interior é sintetizado, e, de modo a que exista sem ser excessivo, há a opção de o selecionarmos, sentindo-o com maior ou menor preponderância no interior mediante o nosso gosto e disposição.

O Mégane R.S. apresenta uma grande estabilidade e equilíbrio, para o que contribuiu o sistema direcional 4CONTROL. Este pode requerer alguma habituação na condução, principalmente a encararmos curvas a velocidades mais elevadas, no entanto, quando o ‘percebemos’, vemos que é uma opção muito bem vinda e que potencia a nossa experiência ao volante… e alguns excessos.

O chassis e suspensão entregam-nos um modelo eficaz, que apresenta uma boa performance e comportamento dinâmico, aliado um elevado grau de conforto, algo digno de nota, dado que, pela sua génese, este ser talhado para outras ‘preocupações’. É um modelo ágil e muito perceptivo no manuseamento em curva, deixando a impressão que é dele fácil extrair-se prazer ao volante, sem ser preciso sermos ‘pilotos’, o que gera grande agrado, e aumenta o espectro de possíveis utilizadores.

A caixa automática revela-se eficiente e pronta nas passagens. Apenas as patilhas de volante, que são fixas, estão colocadas numa posição ligeiramente acima em relação ao centro do volante, o que dificulta o seu uso, principalmente em situações em que circulamos a ritmo R.S., já que podemos, por vezes, não ter dedo para a elas chegar quando necessário. A direção poderia ser ligeiramente mais direta nos modos Sport e Race, mas nada que lasque a experiência ao volante. Os travões têm um desempenho ao nível das exigências.

A versão Cup reúne todas as características da Sport mas eleva o patamar de performance, fruto da afinação específica das suspensões. Acompanhados por uma caixa manual, pudemos sentir o modelo no circuito de Jerez de la Frontera.

As quatro voltas ao traçado deixaram, naturalmente, água na boca. Deu no entanto para sentir o facto de a menor distância ao solo em relação à versão Sport nos entregar em mãos um modelo mais ‘agarrado’ ao asfalto, que nos permite ser mais incisivos na abordagem em curva, enquanto se revela um gosto recorrer ao seletor para fazer as passagens de caixa de forma manual. Pedia-se mais tempo de pista, que sabe sempre a pouco, mas, à luz do possível, a versão Cup fez transparecer bem a sua vocação mais desportiva em relação à Sport, sendo mais permissiva em desempenhos, mas também mais exigente.

Em suma, a Renault coloca no mercado um modelo que tem o condão de agradar ao volante e fora dele, permitindo uma utilização tanto aguerrida como tranquila, sendo muito equilibrado e com um espectro de utilização em estrada amplo. Sabemos que podemos fazer aumentar o batimento cardíaco facilmente, mas também passar por perturbações no asfalto ou lombas sem as sentirmos com grande protuberância, algo de destaque, à luz de um modelo com estas características. Revela-se uma proposta completa, porque além das qualidades de performance, apresenta tecnologia a rigor. No final, faz-nos fechar a porta e dele sair a sorrir. E isso… diz muito.

 

 

 

 

 

 

 

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