Um sinal de alerta de Luca de Meo: 13 milhões de empregos em jogo em toda a Europa
Economia Circular: Renault aposta no recondicionamento de peças para elétricos

Carlos Ghosn preso pela quarta vez em Tóquio

By on 4 Abril, 2019

A história do declínio da outrora estrela da gestão, Carlos Ghosn voltou a conhecer novo desenvolvimento dramático. Depois de anunciar no twitter que iria fazer uma conferência de imprensa na próxima semana, como o AUTOMAIS noticiou ontem, Ghosn foi novamente detido pelas autoridades japonesas, à luz de novas acusações.

Segundo essa acusação, o executivo brasileiro terá usado milhões de dólares em proveito próprio. A acusação que sustenta o pedido de prisão dos procuradores japoneses, fala em crime de peculato agravado e branqueamento de capitais em beneficio próprio através de um esquema que envolve um distribuidor da Nissan no sultanado de Oman.

Estas são as mais severas acusações contra Ghosn que, recordamos, saiu da cadeia sob caução há menos de um mês. A detenção ocorreu esta madrugada (antes da 6 da manhã, hora local de Tóquio, 22 horas de 4ª feira em Lisboa) no aparamento onde vive Carlos Ghosn, tendo saído uma carrinha com os vidros escuros do condomínio uma hora depois.

O carro – ironia, um Nissan – que levou Carlos Ghosn do seu apartamento para o tribunal e Tóquio (foto Bloomberg)

Através de um porta voz baseado nos EUA, Carlos Ghosn afirmou que “a minha detenção esta manhã é arbitrária e ofensiva. Faz parte de nova tentativa de alguns indivíduos na Nissan para me silenciar, desviando as atenções dos procuradores. Porquê prender-me senão para me quebrarem? Mas descansem que não me vão quebrar!” 

Curiosamente, ou não, foi transmitida uma entrevista da TF1 e da LCI, em França, onde Ghosn reitera a sua inocência e pede ao Governo francês para o defender. “Vou continuar a minha luta” disse Ghosn. “Estou inocente! É duro, tenho de o admitir, e por isso peço ao Governo francês que me defenda e defenda os meus direitos como cidadão daquele país.”

A Renault e a Nissan descobriram pagamentos feito sob a alçada de Carlos Ghosn que, alegadamente, serviram para aviões corporativos, um barco e financiar uma empresa do seu filho, levando, mesmo, a Renault a alertar as autoridades sobre possíveis crimes. Foi isso mesmo que a marca francesa revelou ontem, dizendo que Carlos Ghosn fez pagamentos duvidosos a um distribuidor do Médio Oriente (o tal amigo que tem um distribuidor em Oman) e a um advogado externo à empresa. Segundo a Renault, algumas despesas “envolve praticas suspeitas e condenáveis, além de violações dos princípios éticos do grupo.”

Esta nova detenção é um revés para o executivo brasileiro, pois pode ficar detido por mais algumas semanas complicando a sua defesa. Recordamos que esteve preso mais de uma centena de dias, refutando, sempre e de forma vigorosa, alguma culpa nas acusações sobre ele pendentes. Volta a ser detido quando estava prestes a contar a sua versão de todo este imbróglio e segundo vários analistas japoneses e estrangeiros, claramente esta prisão é uma forma da justiça japonesa bloquear a conferência de imprensa de Carlos Ghosn. A forma como foi detido para interrogatório foi, manifestamente exagerada, pois estando sob caução e conhecedor de novas acusações do ministério público japonês, Carlos Ghosn não saiu do Japão. 

Segundo o advogado do executivo, Junichiro Hironaka, a prisão de Ghosn é “extremamente inapropriada!” Confessou que nunca discutiu esta questão dos pagamentos a Oman com o seu cliente. Lembramos que o sistema judicial japonês confere aos procuradores 48 horas para deter suspeitos, podendo depois retê-los durante 10 dias. Que podem ser prolongados mais 10 dias, submetendo um pedido ao tribunal, não havendo limites para os pedidos. Podem os suspeitos, assim, ficar presos meses a fio. 

Ensaios: consulte os testes aos novos carros feitos pelos jornalistas do Auto+ (Clique AQUI)