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Ford com quebra de lucros de 34%, mas crescimento positivo na Europa

By on 26 Abril, 2019

O lucro líquido da Ford desceu 34% no primeiro trimestre de 2019, mas as previsões são muito otimistas pois o lucro da casa da oval azul, antes de impostos e serviço da dívida, subiu 12%. Contas feitas, o EBIT foi de 2,45 mil milhões de dólares, o lucro líquido de 1,15 mil milhões de dólares.

A forte subida dos lucros antes de impostos está ligada à forte procura dos “trucks” (as pick-up americanas) e dos SUV, estando a Ford em posição de liderança. Mas ajustes feitos na empresa e os investimentos em várias áreas levaram a esta quebra, após impostos e juros, do lucro líquido.

A verdade é que depois da revelação do Relatório e Contas da Ford sobre o primeiro trimestre de 2019, as ações da empresa na bolsa de Nova Iorque subiram acima dos 10 dólares.

Comentando a performance da Ford, o seu diretor financeiro, Bob Shanks, disse aos jornalistas que “foi um bom começo de ano, mas ainda temos três trimestres pela frente. Estamos felizes e animados, mas o nosso entusiasmo está bem controlado”, lembrando Jim Hackett, CEO da Ford Motor Company que, “tudo isto é fruto do trabalho de um ano”. Recordamos que Hackett chegou á empresa com a missão de a reestruturar e reorganizar, no sentido de aumentar a eficiência e os proveitos.

O lucro de 2,2 mil milhões de dólares reflete uma margem de lucro operacional de 8,7 por cento, mais 0,9 por cento que no primeiro trimestre de 2018.

Curiosamente, Jim Hackett chegou á Ford e uma das primeiras medidas foi concentrar-se nos produtos mais rentáveis, apostando forte na F Series e no lançamento da Ranger, duas ações plenas de sucesso. Anunciou, também, que a Ford iria abandonar os sedan as sua gama, atraindo uma plateia de desconfiança. Um ano depois, Jim Hackett lembrou as suas decisões dizendo que “nunca foi nossa intenção abandonar os clientes de sempre, mas a verdade é que a nossa decisão estava absolutamente certa”, acrescentando o diretor financeiro que “estas decisões vão contribuir, decisivamente, para embolsarmos centenas de milhões de dólares.”

No Velho Continente, a Ford encontrou o caminho dos lucros, apesar dos 57 milhões de euros apurados no primeiro trimestre, não sejam suficientes para apagar os milhares de milhões perdidos nos últimos anos. Ainda assim, fica justificada a alteração que foi promovida na operação europeia da Ford, que reduziu custos estruturais que afetavam a produtividade e o lucro. Estão, assim, refletidos em lucros os esforços feitos pela Ford nos últimos meses.

A casa da oval azul também melhorou os seus resultados na China, no Médio Oriente e em África. Contas feitas à operação global da Ford, a receita baixou 4% para os 40,3 mil milhões de dólares e a margem de lucro operacional caiu 1,3% para 2,8%. Para a Ford, estes 600 milhões de dólares perdidos face ao trimestre de 2018, devem-se à reestruturação global das suas operações, incluindo a saída do mercado de camiões na América do Sul e a restruturação da operação europeia que levou ao fecho de duas fábricas na Rússia e uma unidade de produção de motores. Recordamos que a Ford abandonou o mercado russo, privilegiando os veículos comerciais ligeiros.

Além disso, os despedimentos registados nos EUA tiveram um custo de 24 milhões de dólares, o fecho do programa de “car sharing” Chariot custou mais 11 milhões de dólares e o fim da produção do Focus nos EUA levou a uma despesa de mais 67 milhões de dólares.

Contas feitas aos 11 mil milhões que a Ford estima vai custar a reestruturação global, 3 a 3,5 mil milhões serão gastos este ano, com os 500 milhões deste primeiro trimestre a fazerem parte desse custo. 

Fora do “core business”, a Ford Credit ganhou 800 milhões de dólares, 25% mais que em igual período de 2018, registando o seu melhor resultado trimestral desde 2010. Mas Bob Shanks avisou que o primeiro trimestre seria o mais forte de 2019, pois a Ford está a preparar-se para custos com as renovações de muitos modelos como o Escape e o Explorer, por exemplo. Mas como referiu, entusiasmado, “é apenas o começo do jogo, não é um ‘game over’! E este começo de ano encoraja-nos muito!”

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