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Martin Winterkorn, ex-CEO da VW acusado de fraude no escândalo Dieselgate

By on 15 Abril, 2019

O dia chegou: Martin Winterkorn, o ex-CEO do Grupo Volkswagen, foi formalmente acusado de fraude pelos procuradores alemães, no âmbito do escândalo Dieselgate.

O Dieselgate mexeu com a estrutura da industria automóvel mundial e com a orientação da mobilidade do futuro. Recordamos que tudo começou com a descoberta de um dispositivo de fraude, instalado no sistema de central de comando dos veículos, que conseguia detetar quando o carro estava em laboratório ou em estrada, graças a um sensor localizado na direção e que indicava se as rodas eram ou não acionadas. Se estivessem paradas, o sistema sabia que o carro estava em laboratório, se mexessem muito, era sinal que o veículo estava em estrada. Na primeira situação, os sistemas funcionavam todos e no máximo das suas possibilidades, na segunda, desligavam-se para promover a performance.

Nos Estados Unidos, onde a marosca foi descoberta, as coisas correram muito mal e a Volkswagen admitiu em 2015 que tinha feito batota e instalado em centenas de milhares de veículos com um dispositivo fraudulento que permitia cumprir as rigorosas normas de emissões, particularmente de NOx, norte americanas. Os veículos em causa não foram só vendidos nos EUA, mas em todo o mundo, tendo a VW sido forçada a recolher milhares de veículos nos Estados Unidos e indemnizar os proprietários.

No Velho Continente, a preocupação é o CO2, os limites de NOx são bem menos apertados e o regulamento europeu tem vários alçapões que permitem usar esses dispositivos, justificando-o com o regulamento, que diz ser possível desligar os sistemas de controlo de emissões para preservar a integridade da mecânica. 

Ora, perante acusações formais a vários ex-executivos da VW na Europa e nos EUA, Martin Winterkorn tinha escapado, até agora, a qualquer acusação. O seu maior problema foi ser demitido e ter recebido uma indemnização absolutamente pornográfica de 3,2 milhões de euros e uma pensão anual de 1 milhão de euros, depois de nos últimos anos ter ganha mais de 16 milhões de euros por ano devido a bónus e prémios de lealdade.

Acabou-se a imunidade de Winterkorn, acusado pelos procuradores da cidade de Braunschweig, que ainda estão a investigar o Dieselgate, de ter violado a lei da concorrência ao não ter revelado o esquema de manipulação dos motores diesel e não ter proibido a instalação de mais motores equipados com o dispositivo fraudulento, depois de ter conhecimento do que se passava.

Acusam, ainda, o ex-CEO da VW de ter aprovado uma melhoria de “sofware” no valor de 23 milhões de euros que era inútil, mas serviu para continuar a esconder a utilização de um dispositivo fraudulento. 

Caso seja julgado culpado, Winterkorn pode enfrentar entre seis meses a 10 anos de prisão, estando ainda por decidir o que vai acontecer nos EUA, onde o ex-executivo agora com 71 anos, também já foi indiciado pelos procuradores norte americanos, por fraude. 

Há mais quatro executivos do grupo Volkswagen que foram acusados de vários graus de fraude ligada ao Dieselgate, num processo com perto de 700 páginas e um apêndice com 75 mil páginas, que explica tudo detalhadamente. O processo está longe do seu término, pois a investigação continua e há 36 pessoas arguidas que estão à espera de ser acusadas, ou não, no processo.

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