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Primeiro ensaio: Mercedes Classe B

By on 28 Novembro, 2018

Já lhe contei tudo sobre a parte técnica e até os preços estimados revelei, chegou agora a vez de contar-lhe tudo sobre o primeiro ensaio ao novo Classe B que experimentei por terras maiorquinas. Aqui fica o primeiro ensaio às versões 200 a gasolina e 220d a gasóleo.

Nestas coisas dos automóveis, podemos duvidar de muita coisa e ter convicções que, de uma maneira ou de outra, tendem a esculpir a nossa opinião à luz dessas convicções. Pode parecer confuso, mas esta ideia aplica-se de forma perfeita ao Classe B. Olhando para as anteriores gerações do modelo, ninguém pode dizer que fossem particularmente atraentes ou tivessem um objetivo bem definido em termos de posicionamento. Afinal, o Classe B não passava do monovolume do Classe A e depois deste se ter afirmado como um modelo pronto para fazer esquecer as primeiras gerações e todos os seus problemas, o Classe B ficou um tanto ou quanto “abandonado” e, ainda por cima, conotado com um segmento que todos querem ver pelas costas. Ora, dito isto, seria muito fácil dizer-lhe que o Classe B não faz sentido ou que não vale a pena, sequer, olhar para ele face ao novo Classe A. Felizmente esse é um erro que não vou cometer, porque tenho de moldar a minha opinião ao facto da Mercedes ter vendido mais de 1,5 milhões de unidades juntando as duas gerações anteriores. Ou seja, alguma coisa a Mercedes fez bem no Classe B para chegar a este patamar!

O novo Classe B é, claro, um derivativo do Classe A, pega nas mesmas soluções de estilo – a frente com os faróis rasgados, embora menos agressivos, a grelha grande, os farolins amendoados, a lateral simples sem floreados – tem a mesma base destaca-se pela maior altura, um tejadilho mais alto a quer corresponde uma superfície vidrada também maior e bancos colocados mais acima.

Face à anterior geração, o Classe B cresceu em comprimento e largura – mais 26 mm em comprimento, mais 10 mm em largura,menos 4 mm em altura e mais 30 mm de distância entre eixos – o que significa que há mais espaço no interior (os 3 cm a mais na distância entre eixos assim o diz), mas está muito mais arredondado e oferece, aqui sim está uma enorme vantagem, uma acessibilidade melhor que a do Classe A. Sobretudo devido á colocação dos bancos numa posição mais elevada. Curiosamente, a via dianteira aumentou 15 mm, diminuiu 2 mm na traseira.

No que toca ao espaço interior, o Classe B está maior com mais 5 mm na altura ao tejadilho no banco dianteiro, mais 8 mm no banco traseiro e mais 4 mm para os ocupantes do banco dianteiro. Atrás, não há diferenças face ao anterior Classe B, mesmo que em termos de largura á altura dos ombros, existam mais 8 mm à frente e mais 10 mm atrás. A bagageira também sofreu pois perdeu 33 litros (455 contra 488 no modelo anterior).

Se no exterior o arredondamento dá uma sensação de maior diferença face anterior modelo, quando se abre a porta somos brindados com o interior do Classe A. Que diferença! Olhando para o que era o anterior modelo, o novo Classe B ganha de goleada. O enorme painel de instrumentos e o ecrã do sistema de info entretenimento, dominam um habitáculo igualzinho ao do Classe A, onde alguns detalhes que tendem a fazer o Classe B resvalar para a oferta premium. Porém, não se entusiasme muito que este ecrã de 10.25 polegadas não é de série. Mesmo assim, a Mercedes oferece o MBUX (olá Mercedes!!) que inclui um ecrã sensível ao toque, diversas funções e um volante que conta com, pelo menos, 20 botões para controlar tudo. Aliás, no volante, tem dois pequenos botões sensíveis ao toque que mais parecem os ratos de computador. O problema é que são muitos Menus e numa primeira analise, parece que a confusão vai ser geral. Não é e com o hábito até é bem mais simples do que pensava.

Porém, o que mais impressiona – para além do interior, do tabliê e da qualidade dos acabamentos e dos materiais – é o conjunto de tecnologia de ajudas á condução que o Classe B exibe e que, há meia dúzia de anos seriam impensáveis de encontrar. Mesmo neste Mercedes Classe B que é um concorrente do segmento dos familiares médios.

O conjunto oferecido inclui travagem autónoma de emergência, manutenção da faixa de rodagem, monitorização do ângulo morto, enfim, uma série de ajudas que auxiliam muito o condutor. Porém, há uma coisa que me irritou um bocadinho.

A travagem autónoma de emergência foi pensada para mitigar os efeitos de uma colisão frontal, tendo o sistema capacidade para identificar um veículo ou um peão. Ora, isto é uma ajuda fundamental, mas… muitas vezes o sistema entrou em ação, apertou os cintos e fez soar um alarme sonoro, quando á frente não se passava nada, apenas estava a curvar junto a um muro. Também o sistema de manutenção do carro na faixa de rodagem é demasiado intrusivo e quando nos descuidamos, a reação é forte. Será uma questão de afinação, presumo.

Seja como, tenho de elogiar a Mercedes por ter trazido tanta tecnologia que há uma mão cheia de anos só estava disponível no Classe S ou, talvez, no Classe E. E olvidando estes pequenos detalhes – que nunca nos colocam em perigo, antes pelo contrário, sendo apenas incomodativos – o Classe B funciona de forma perfeita neste particular.

Para o Classe B, a Mercedes decidiu oferecer modos de condução que influenciam a carga dos amortecedores e a verdade é o carro tem um pisar sereno e de qualidade, embora o conforto não atinja nível de excelência. A direção é suave e demasiado ligeira, mas mantém a precisão e oferece, até, alguma sensibilidade. O comportamento do Classe B não se iguala ao do Classe A, mas a capacidade do carro em curvar está bem acima daquilo que qualquer cliente do Classe B alguma vez conseguirá tocar, com o eixo dianteiro sempre colado ao solo. Mesmo em estradas degradadas, a compostura manteve-se.

Tive a oportunidade de experimentar as versões a gasolina e a gasóleo, no caso o B200 e o B220d. O primeiro está equipado com o bloco 1.3 litros com quatro cilindros e sobrealimentação que debita 163 CV e 250 Nm de binário, o segundo conta com o bloco de 4 cilindros e dois litros turbodiesel com 190 CV e 400 Nm de binário. O primeiro utiliza a caixa automática de dupoa embraiagem, o segundo pode utilizar a nova caixa automática de dupla embraiagem com 8 velocidades.

Dizer, apenas, que a gama ainda conta com o B180 (163 CV, 200 Nm e caixa de dupla embraiagem de 7 velocidades), o B180d (116 CV, 260 Nm caixa de dupla embraiagem de 7 velocidades), o B200d (150 CV/320 Nm e caixa de dupla embraiagem de 8 velocidades) e o B220 (190 CV, 400 Nm e caixa DSG de 8 velocidades).

Gostei muito da versão a gasolina, desenvolta, tranquila e capaz de manter um ritmo interessante. Consegui consumos, apesar de andarmos muito fora da autoestrada, bem interessantes que não foram além dos 6,1 l/100 km, um valor muito agradável. Já a unidade diesel é um bloco novo (OM654), potente, mas que não rima de forma perfeita com a nova caixa de velocidades automática de 8 velocidades. Tudo porque o Classe B não tem aspirações desportivas e a caixa faz reduções rápidas que saltam duas mudanças de uma vez só. Não ajuda a condução, faz o motor “gritar” muito e não era necessário. Mas a caixa tem grande qualidade, diga-se. No final do ensaio, não tenho dúvidas em afirmar que a min há preferência vai para a versão a gasolina.

Veredicto

Depois de tudo isto, continuo sem saber muito bem porque há um Classe A e um Classe B, até porque ninguém quer dizer que o último é a versão monovolume do primeiro. Contas feitas, não estamos perante um carro melhor que o Classe A, apenas com melhor acessibilidade. Se essa é uma preocupação, então o Classe B é uma excelente opção, de preferência com o motor a gasolina. E pode ficar descansado que se optar pelo Classe B, não tem um carro bem pior nem melhor, tem um carro que é, praticamente, a mesma coisa. Será uma questão de opção ou de gosto.

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