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Salão de Genebra 2019: a melhor edição dos últimos anos

By on 6 Março, 2019

Já passaram mais de uma centena de anos desde que o Salão de Genebra abriu as suas portas ao público em 1905 e apesar de todas as dificuldades que têm surgido com a ausência de vários construtores dos mais importantes palcos mundiais, o certame realizado no espaço do Palexpo de Genebra, continua pujante e a ser determinante, a par com Frankfurt, na revelação das novidades da indústria automóvel.

Não espanta, por isso, que estão presentes na edição 2019 do Salão de Genebra, mais de 118 novidades e quarenta protótipos, sem falar dos modelos de competição.

Se o Salão de Paris de 2018 foi um pequeno fiasco, devido ás muitas ausências, desta feita fica a nota para a falta marcada á Ford e à Jaguar Land Rover – embora Ralf Speth, CEO do grupo, e Ratan Tata, o presidente do Tata Group, tivessem marcado presença no certame – como os nomes fortes que faltaram à chamada.

A edição deste ano destacou, claramente, a ofensiva da indústria rumo à eletrificação, mas também exibiu a excelente forma das marcas dedicadas aos super e hiperdesportivos, com novidades para todos os gostos e bolsas sem fundo.

Pegando, exatamente, nesta área dos desportivos, superdesportivos e híper carros, olhemos para uma das marcas mais em evidência neste Salão de Genebra: a Aston Martin!

A marca de Gaydon mostrou em Genebra, os seus planos para a eletrificação da marca, arrumando essa questão, como referiu Andy Palmer, o CEO da Astn Martin, com “uma marca de luxo como a Lagonda que será líder entre os veículos elétricos de luxo”. O espetacular protótipo Lagonda All Terrain, mostra como será um crossover de generosas dimensões, totalmente elétrico e com qualidade de topo. O reverso da moeda estava exibido no espaço da Aston Martin com o AM-RB003 “son of Valkyrie” – uma versão mais acessível (não muito) do imponente Valkyrie – e com o Vanquish Vision, um modelo híbrido com mecânica central traseira, que vai chegar ao mercado em 2022 como resposta aquilo que a Ferrari tiver disponível com motor central. Daqui a três anos não se sabe se será o fabuloso F8 Tributo ou outro modelo.

Já a McLaren, por exemplo, deixou claro que não estará no negócio dos SUV. Porém, embora a sua clientela não esteja preocupada com a saúde dos ursos polares, a casa de Woking está já a trabalhar em modelos híbridos e, na agenda da McLaren, como deixou claro Mike Flewitt, CEO da McLaren Automotive, estão modelos puramente elétricos. Depois do Speedtail, capaz de chegar aos 400 km/h, está a caminho mais um GT que se adivinha com quatro lugares e o habitual motor V8 da marca britânica.

No lado dos italianos, como já referimos, além do Ferrari F8 Tributo, que vem tomar o lugar do 488 GTB, a Lamborghini lançou as versões descapotáveis do Huracan Evo (Spyder) e do Aventador SVJ (Roadster). Francesa, propriedade de alemães, mas com coração italiano, a Bugatti atirou-nos um carro absolutamente fantástico, um automóvel único, chamado “Voiture Noire” que lembra o Type 57 Atantic, modelo que custa 15 milhões de euros e foi encomendado pelo ex-patrão do grupo VW, proprietário da Bugatti, Ferdinand Piech.

Menos conhecida, a Ginetta – propriedade de um engenheiro multimilionário de seu nome Lawrence Tomlinson e mais conhecida pelos carros de competição que fabrica – aterrou em Genebra com um supercarro de motor central dianteiro chamado tubarão, perdão, Akula (palavra em russo para tubarão). Um carro interessante feito, quase, à mão e com detalhes que lembram ser a Ginetta um produtor de carros de competição.

A Koenigsegg também esteve em Genebra com o Jesko, a versão de pista produzida em quantidades muito limitadas, do Agera e tem o nome do pai de Christian von Koenigsegg, Jesko. A gama do Agera fica, assim, com um carro de estrada e com este Jesko com 1200 CV a gasolina e 1600 CV com gasolina especial E85.

Ao Reino Unido, não bastavam as bolandas do Brexit, as saídas da Honda e as ameaças da Nissan e da BMW, eis que o derradeiro, o bastião da produção automóvel britânica, a Morgan Cars, deixou de ser pertença de britânicos. Ao mesmo tempo que lançou o Plus Six, o primeiro modelo totalmente novo dos últimos 19 anos, que celebra os 110 anos da casa britânica, trocando o chassis de madeira pelo alumínio e o motor V8 por um bloco de seis cilindros da BMW, a Morgan anunciou que a família proprietária da empresa vendeu a maioria do capital à Investindustrial, o mesmo fundo privado italiano que investiu forte na Aston Martin há uma década e que recentemente recuperou todo o investimento feito, mantendo uma generosa participação na marca de Gaydon, devido à entrada em bolsa da Aston Martin. Um século depois, a Morgan mantém-se no Reino Unido, mas passa a ter capital italiano.

Eletrificação a rodos

Se uns dizem que a tendência dos veículos elétricos chegou, viu e está quase a vencer, outros acham que o copo está meio vazio e que essa é uma realidade que ainda está longe de acontecer. No meio estará, certamente, a virtude e por isso mesmo, o discurso da indústria automóvel pisa, agora, terra firma na ilha da eletrificação e não as areias movediças dos veículos puramente elétricos. O que não quer dizer absolutamente nada, pois Genebra este inundado de protótipos… elétricos.

O Vision iV da Skoda foi um deles, modelo crossover coupé que apareceu na sua forma quase definitiva (as jantes de 22 polegadas e alguns detalhes não serão para o modelo de série), como também o Polestar 2. A marca elétrica da Volvo mostrou um carro impressionante que deixou Thomas Ingenlath, CEO e responsável do estilo da Polestar, com um sorriso de orelha a orelha perante a excelente reação dos jornalistas presentes em Genebra. 

A Kia também mostrou aquilo que anda a fazer neste mundo da eletrificação com o belíssimo Imagine, um protótipo elétrico desenhada pelo centro de estilo da Kia situado em Frankfurt. Talvez o mais belo protótipo do salão, com soluções inovadoras, uma autonomia de mais de 800 quilómetros e o estilo que cruza SUV, berlina, enfim, uma mistura de conceitos do mais belo efeito. Na frente está a reinterpretação do “Tiger Nose” desenhado por Peter Schreyer, na traseira uma lembrança do Stinger. Desenhado por Gregory Guillaume, o Kia Imagne deverá ser a base de algum novo produto da Kia, já que responsáveis da marca deixaram claro que “os últimos protótipos que lançámos dera origem, sempre, a qualquer coisa.” E este Kia é bom demais para ficar na terra dos protótipos.

A Fiat regressou às origens com o Centoventi. Celebrando os 120 anos da marca, o pequeno citadino elétrico revela aquilo que será a nova geração do Fiat Panda, mas também um conceito avançado de personificação do veículo: poderá escolher tudo, desde as baterias que quer no carro, os interiores, bancos, paneis da carroçaria, virtualmente, tudo! E terá de ter um smartphone para ter um painel de instrumentos, podendo adicionar outras coisas nos encaixes para isso previstos. Chama-se Centoventi, mas a Fiat diz ser este um ABC (Affordable but Cool, ou seja, acessível, mas divertido ou interessante). Outro carro que merece não ficar perdido no mundo fantasioso dos protótipos.

A Citroen, a celebrar o seu centenário, revelou o AmiOne, uma solução de mobilidade à imagem dos já famosos “papa reformas”, pois não precisa de carta e está feito para ser quase indestrutível. 

A Alfa Romeo mostrou o protótipo Tonale, um SUV compacto abaixo do Stelvio, com nom de uma estrada italiana e que cumpre a estreia da casa do Biscione com motorizações híbridas. Um carro que lembra lindíssimos modelos do passado da Alfa Romeo como o Brera, o 33 Stradale e o SZ, não esquecendo que a base de tudo é o estilo do Stelvio. O sistema híbrido é o mesmo do Jeep Renegade, outra das estreias do Salão de Genebra, com motor de combustão no eixo dianteiro e um motor elétrico na traseira.

Genebra foi o palco escolhido pela Audi para lançar a sua ofensiva híbrida, mostrando as versões híbridas Plug In do A6, A7, A8 e Q5, para lá do novo SQ5 com motorização diesel. A mesma escolha da BMW, que revelou em Genebra a completa gama de produtos híbridos para o X3, X5, para o Série 3 e Série 7, além, claro, da estreia europeia do X7.

Utilitários de regresso

Renault e Peugeot continuam a fazer marcação forte, com a primeira a lançar o novo 208 e a segunda, nova geração do Clio. Este último chega ao 30º aniversário em boa forma, mas o 208 aparece com importante argumento: uma versão totalmente elétrica que, finalmente, coloca os utilitários dentro da moda elétrica. Um ponto importante face ao Clio, o segundo carro mais vendido na Europa.

Pesos pesados em destaque

A Mercedes trouxe para Genebra uma mão cheia de novidades e alguns protótipos da marca EQ, como o EQV feito com base no renovado Classe V. Paralelemente, lá estava o AMG GT-R Roadster e a lista fechou-se com as séries especiais que acabam com o SLC e antecipam um novo SL, ao mesmo tempo que o bloco V12 da Mercedes faz as suas despedidas.

A VW esteve menos ativa que o esperado, até porque a gama ID deve estar quase pronta. Mas a VW só levou para genebra o ID Buggy, deixando alguma desilusão. Além disso, um Passat R-Line, o facelift da Passat e pouco mais. Dentro do grupo, a Skoda revelou o Kamiq e o já referido Vision iV, e a Seat mostrou o el-Born, o Minimó, além do Cupra Formentor.

A Porsche mostrou o novo 911, lembrando a história da marca e reforçou a ideia que o Macan será apenas elétrico, mas continuará com a versão atual a gasolina pelo tempo que os clientes quiserem.

Protótipos eram muitos

Já falamos de alguns, mas espaço ainda para lembrar protótipos como o Audi Q4 e.tron Sportback, o e-tron GT, o BAIC Arcfox ECF, o Hispano Suiza Carmen, o fantástico Honda e-Prototype, que a Honda não queria muito fazer, mas lá foi convencida, e anda o Nissan IMQ. 

Enfim, foi um Salão de Genebra muito rico em novidades – embora a maior parte já conhecidas por antecipação como é habitual – com muita criatividade, como mostraram a Rinspeed, a BAIC chinesa e o grande número de empresas de personalização de veículos (com a Alpina ou a Mansory) que estiveram presentes. Apesar das ausências, qualquer marca, por muito que não deseje, tem sempre necessidade de ter um grande palco. O Salão de Genebra foi um fabuloso palco para as novidades que estão a chegar!

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