Toyota RAV4 Hybrid Square Lounge – Ensaio Teste

By on 26 Março, 2019

Toyota RAV4 Hybrid Square Lounge

Texto: Francisco Cruz

O regresso do Original

Apontado, de forma quase consensual, como o modelo que fundou o actual segmento SUV, o Toyota RAV4 está de regresso naquela que é a quinta geração. E que, face à forma fraturante com se apresenta, assume pretender, mais uma vez, mostrar o caminho a seguir, também à concorrência…

Conheça todas a versões e motorizações AQUI.


Mais:

Conforto / Habitabilidade / Comportamento    

Menos:

Caixa CVT / Ecrã do sistema de info-entretenimento / Plásticos

Exterior

9/10

Pontuação: 9/10

Dado a conhecer ainda no século passado, decorria o ano de 1994, o Toyota RAV4 continua, 25 anos depois da estreia, como a proposta primeira de um segmento que, hoje em dia, domina a procura no mercado automóvel. E que, no caso concreto do modelo nipónico, com quatro gerações já cumpridas e mais de 8,1 milhões (!) de unidades vendidas, reinventa-se agora, naquela que é a sua quinta geração. A reinvenção face ao antecessor começa, de resto e desde logo, na nova plataforma Toyota New Generation Architecture – ou TNGA para os amigos… -, uma das principais responsáveis pelas importantes transformações realizadas no SUV nipónico. O qual, diga-se, até mudou de nome: ao invés do RAV4 enquanto sinónimo de Recreational Activity Vehicle 4 Wheel Drive, o modelo passa a chamar-se RAV4, acrónimo de Robust Accurate Vehicle 4WD! Pormenores… A par da plataforma, o novo RAV4 estreia também uma nova linguagem de design, a que a Toyota deu o nome de Cross-Octagon, fundada, como o próprio nome indica, na figura geométrica do octógono. E que, embora aplicada num corpo mais curto (5 mm), mais largo (10 mm) e mais baixo (10 mm) que o antecessor, mas também com uma maior distância entre eixos (30 mm) e distância ao solo (15 mm), não deixa de contribuir para um aspecto bem mais robusto e marcante. Reafirmando, também neste caso, a promessa já feita pelo atual presidente da Toyota, Akio Toyoda, de acabar com os automóveis “sensaborões” do fabricante de Achi. Nós gostámos; e o leitor?

Interior

9/10

Pontuação: 9/10

Revolucionado no exterior, o novo Toyota RAV4 repete a mesma abordagem, no interior do habitáculo. Onde, a par da notória evolução em termos de qualidade de construção e dos materiais, sobressai igualmente uma estética mais moderna e funcional, mesmo sem perder muitos dos tradicionais comandos físicos – opção que, diga-se, dificilmente poderá será considerada negativa, face à sensibilidade e toque agradável transmitidos, por exemplo, pelos generosos botões rotativos que se destacam da consola central, e que servem para regulação do ar condicionado automático. Ou até mesmo pelos mais pequenos botões do sistema multimédia e pela  excelente manche da caixa de velocidade. Com um único senão: no caso do ecrã do sistema multimédia Toyota Touch 2, de boas dimensões e destacado do tablier, fica a sensação de um layout já um pouco ultrapassado, o mesmo acontecendo com as pequenas teclas de acesso direto às funções principais. Será que não poderiam ser apenas táteis?… Com a generalidade dos comandos perfeitamente acessíveis e intuitivos no operar, além de com vários e bons espaços de arrumação, a verdade é que nada disto consegue impressionar tanto quanto os avanços conseguidos pelo novo RAV4, no domínio da habitabilidade e conforto. Os quais garantem, mesmo com três ocupantes, não somente um acesso mais fácil e amplo, como também mais espaço em largura (+40 mm) e para os pés – este último, resultado igualmente de um túnel de transmissão quase inexistente, o qual vem beneficiar, em particular, o passageiro do meio. Ainda que e embora disfrutando, tal como os restantes, de um encosto cuja inclinação pode ser ajustada segundo um de dois níveis (60/40), continuando a dispor do mesmo nível (elevado) de conforto dos restantes. Quanto aos passageiros da frente e, em particular, o condutor, melhorias perceptíveis igualmente na posição de condução, mais integrada e confortável, fruto não apenas do aumento em 50% do curso de ajuste do volante, com boa pega mas também algum excesso de botões, mas também de um novo banco em couro que, além de um design mais desportivo e confortável, bons apoios laterais e regulação elétrica, surge agora 15 mm mais baixo. Contribuindo não só para uma posição de confortável mais lateral, como também e a par dos pilares dianteiro mais estreitos, para uma melhor visibilidade do exterior; mesmo se, para trás, um óculo mais pequeno e posicionado na diagonal, não deixe de apelar à ajuda dos sensores e câmaras posicionadas no exterior. Confortável e espaçoso, o novo RAV4 junta ainda a estes argumentos uma bagageira cuja capacidade é das maiores da categoria, ao anunciar 580 litros, mais 79 l que no antecessor. Tudo isto, com um bom acesso através de um portão de funcionamento elétrico e a partir de um piso falso articulado que esconde, por baixo e nas laterais, mais espaços de arrumação. Pior, só mesmo a fraca iluminação proveniente de um só ponto de luz e, principalmente, uma chapeleira que não sobe com o portão, não recolhe com um só toque, e nem sequer possui pega!…

Equipamento

9/10

Pontuação: 9/10

Proposto entre nós com cinco níveis de equipamento – Active, Comfort, Square Collection, Exclusive e Lounge -, o Toyota RAV4 que nos calhou em sorte exibia aquela que, de acordo com as previsões dos responsáveis nacionais da marca, deverá ser a versão mais procurada – Square Collection. E que, confirmámo-lo, tem todas as razões para poder vir a ser “o” best-seller; ou não englobasse quase tudo o que vale verdadeiramente a pena ter, no novo SUV nipónico. Entre a extensa lista de equipamento de série, contam-se, por exemplo e a começar no exterior, faróis com sistema “Follow Me Home”, protecções inferiores nos pára-choques dianteiro e traseiro, spoiler traseiro em preto metalizado, retrovisores, puxadores das portas e moldura das cavas das rodas em preto metalizado, tejadilho “Night Sky”, jantes em liga leve de 18″ pretas (com pneu sobressalente temporário), rails no tejadilho, sensores de luz e de chuva, porta da bagageira elétrica e sistema “Smart Entry & Start”. Já no interior, volante em pele, travão de mão eletrónico, botão Start, espelho retrovisor eletrocromático, painel de instrumentos analógico-digital com ecrã TFT a cores de 7″ (que muda de cor consoante o modo de condução seleccionado), ar condicionado automático, banco do condutor com regulações elétricas, bancos dianteiros aquecidos, e sistema multimédia Toyota Touch 2 com ecrã de 8″, USB, Aux-in, Bluetooth e seis colunas. Finalmente, a pensar na segurança e nas ajudas à condução, a garantia da presença de faróis LED com projetor, luzes de circulação diurna em LED, luzes de máximos com controlo automático (AHB), limitador de velocidade, Controlo de Estabilidade do Veículo (VSC+), Alerta de Ângulo Morto (BSM), Cruise Control Adaptativo Inteligente e com função “Full Stop”, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, câmara auxiliar traseira, Controlo de Assistência nos Arranques em Subida, Sistema de Pré-Colisão com deteção de peões e de ciclistas (PCS), Aviso de Saída da Faixa de Rodagem com assistência na direcção, Assistência  à Condução Inteligente, Deteção Traseira de Aproximação de Aproximação de Veículos (RCTA), Reconhecimento de Sinais de Trânsito (RSA), Sistema de Chamada de Emergência (e-Call), Sistema de Aviso de Pressão dos Pneus (TPWS) e Controlo de Estabilidade para Reboques (TSC). Ufff… Perante um tal compêndio de equipamento de série, fica assim praticamente colocada de parte a necessidade de recorrer à lista de opcionais. A não ser, talvez e por uma questão de novidade, para garantir aquela que é uma das principais novidades que modelo estrea: Espelho Retrovisor Digital Smart View. Tecnologia que vem “transformar” o tradicional espelho retrovisor interior, numa espécie de ecrã onde são projectadas as imagens captadas por uma segunda câmara traseira, bastando para tal accionar a patilha que está na base, a verdade é que não ficámos particularmente convencidos com a eficácia da solução. Desde logo, porque causa uma certa distorção na percepção das distâncias, assim como dos próprios veículos que surgem detrás. A melhorar, talvez?…

Consumos

/10

Pontuação: 9/10

Sport Utility Vehicle (SUV) de boas prestações, ainda que, em certos momentos, demasiado penalizado por uma sonoridade excessivamente presente, o novo Toyota RAV4 não deixa de procurar acrescentar a esta realidade, um outro trunfo de respeito – consumos agradáveis. Traduzidos, de resto, numa média real não muito acima dos 5,6 l/100 km anunciados oficialmente pela marca, e conseguidos já segundo o novo ciclo WLTP. Colocado à prova num ensaio de vários dias, cumprido maioritariamente no meio do trânsito citadino, mas também com o “obrigatório” passeio de fim-de-semana em família, o “nosso” RAV4 regressou às instalações da Toyota Portugal com uma média de 6,1 l/100 km no computador de bordo. Valor que, obtido sem quaisquer tipo de condicionalismos na condução e até com alguns arranques mais fortes, de vez em quando, acabou deixando no ar a promessa de viagens mais espaçadas ao posto de combustível…  

Ao Volante

9/10

Pontuação: 9/10

Beneficiado, desde logo, com a introdução da uma nova e mais moderna plataforma (TNGA), a qual trouxe não só uma maior rigidez torcional (+57%), como também um mais baixo centro de gravidade e uma melhor distribuição de pesos (51:49), o Toyota RAV4 está, hoje em dia e nesta quinta geração em particular, uma proposta não somente mais moderna, mas também mais sólida e madura na forma como se faz à estrada. Contando igualmente com melhorias na resposta da direcção assistida eletricamente, agora mais precisa e com maior feedback, o “primeiro dos SUV” oferece uma condução bem mais agradável e prazenteira, fruto não só de uma posição de condução bastante convincente, como também e principalmente, de uma suspensão que, renovada na configuração (passou a contar com duplos triângulos sobrepostos atrás…), veio garantir um maior controlo das oscilações da carroçaria. Sem, no entanto, abdicar daquela que é uma abordagem mais familiar – seja ela com o modo de condução “Normal” accionado, ou com a opção “Sport” activa. Duas opções, na verdade, sem grandes diferenças entre si, com o RAV4 a manter, basicamente, a mesma postura e nível de conforto, inclusive, quando por pisos um pouco mais degradados. De resto, senhor de uma elogiável agilidade em cidade, mas também bastante estável e seguro em estrada aberta, nem sequer se pode dizer que o RAV4 Hybrid sinta particularmente falta da tracção integral disponibilizada nas versões AWD-i – as quais recorrem a um segundo motor elétrico, colocado no eixo traseiro, para garantir maior tracção. Pelo contrário, a vocação cada vez mais citadina do modelo, a par de uma “preocupação” cada vez mais notória com a segurança do conjunto e respectivos ocupantes, quase fazem esquecer a possibilidade de tal argumento. A não ser, claro está, quando o tipo de utilização diária a isso aconselhe… e ainda que o RAV4 cada vez menos goste! O que, na verdade, é quase tanto, quanto o desagrado do condutor, por ter de pagar Classe 2!…

Motor

8/10

Pontuação: 8/10

Verdadeiro salto evolucional face ao antecessor, o novo Toyota RAV4 confirma esta realidade, também no novo sistema propulsor híbrido, a que marca nipónica deu o nome de Toyota Hybrid System II, ou THS II. E que é também a única motorização disponível em Portugal; ou seja, também aqui, bye bye Diesel… Conjugação entre um novo quatro cilindros 2,5 litros a gasolina denominado Dynamic Force e equipado com injecção direta e indireta D-4S, e um novo sistema elétrico composto por uma nova bateria de hidretos metálicos de níquel e uma nova Unidade de Controlo de Potência (PCU), ambas mais compactas, leves e concebidas de forma a reduzir, de forma mais eficaz, as perdas elétricas e mecânicas, o novo THS II continua a prescindir de carregamentos externos, carregando a bateria apenas e só com a energia cinética desperdiçada nas desacelerações e travagens. Ou, então, pela ação do motor de gasolina, num processo que é possível acompanhar através de gráficos próprios, exibidos no ecrã do sistema multimédia. A par desta particularidade, três modos de funcionamento – Eco, Normal e Sport -, seleccionáveis através de botões específicos junto à manete da caixa de velocidades, além de um quarto, denominado EV, e que, acionável tal como os restantes por botão, é o único a garantir circulação sem emissões. Com uma  (importante) nuance: num sistema híbrido concebido para garantir ganhos reais através da actuação conjunta de motor a gasolina e motor elétrico, a intervenção apenas e só do propulsor elétrico, acaba tendo uma eficácia muito diminuta. Resumindo-se a pouco mais que os arranques, a marcha-atrás e não mais que dois quilómetros em modo exclusivamente elétrico… Basicamente, apenas e só para sair de um estacionamento fechado, ou de uma outra qualquer situação mais específica! A par desta opção e embora o sistema opte sempre, por defeito, pelo modo de funcionamento “Normal”, o condutor continua a ter sempre possibilidade de accionar um, à partida, mais promissor modo Sport, ainda que, depois, as expectativas dificilmente sejam cumpridas. É que, tal como o próprio conjunto – mas, quanto a isso, o melhor mesmo é ler o capítulo “Ao Volante”… -, também o novo sistema THS mostra pouca aptidão para as chamadas altas rotações, onde supostamente seria mais fácil sentir o poder dos anunciados 218 cv de potência, ainda que tendo de partilhar a culpa com um suspeito já conhecido: a caixa automática de variação contínua, ou CVT. Apontada, já na geração anterior do RAV4, como um dos elos mais fracos do conjunto, a verdade é que, embora hoje em dia mais suave nas passagens, a CVT continua a demonstrar problemas na gestão do sistema propulsor. Elevando, muitas vezes desnecessariamente, a rotação – e, consequentemente, a sonoridade – do bloco a gasolina. Situação, desagradável, que nem mesmo uma capacidade de aceleração comprovada dos 0 aos 100 km/h em cerca de 8,4, ou até mesmo os 180 km/h de velocidade máxima limitada eletronicamente conseguem atenuar… A rever, sem dúvida!…

Balanço Final

9/10

Pontuação: 9/10

Revolucionado nas linhas, na qualidade dos materiais, mas também na habitabilidade, equipamento e capacidade de carga, a nova geração Toyota RAV4 chegou com a ambição de voltar a desbravar terrenos, desde logo, através de uma oferta exclusivamente híbrida, mas também acrescida de uma vocação cada vez mais familiar. Apetrechado de bons e válidos argumentos, nem mesmo “pecados antigos”, como é o caso do (fraco) desempenho da caixa CVT, ou até mesmo a obrigatoriedade de pagamento da Classe 2 nas auto-estradas, deverão ser suficientes para evitar, pelo menos, o elevar da preocupação entre as inúmeras derivações e sucedâneos…

Concorrentes

Mitsubishi Outlander 4WD PHEV Instyle, 135cv, 11,0s 0-100 km/h, 170 km/h, 1,7 l/100 km, 40 g/km CO2, 41 850€ (preço de campanha)

(Veja o ensaio AQUI e conheça todas as versões e motorizações AQUI)

 

Volvo XC60 T8 Geartronic AWD PHEV, 390cv, 5,3s 0-100 km/h, 230 km/h, 2,1 l/100 km, 50 g/km CO2, 68 639 Euros

 

(Veja o ensaio AQUI e conheça todas as versões e motorizações AQUI)

Ficha Técnica

Motor de combustão

Tipo: quatro cilindros em linha a gasolina, com injecção indirecta/directa D-4S

Cilindrada (cm3): 2.487

Diâmetro x curso (mm): 87.50 x 103.48

Taxa compressão: 14.0:1

Potência máxima (cv/rpm): 218/5.700

Binário máximo (Nm/rpm): 221/3.600-5.200

Motor eléctrico

Tipo: síncrono, de magneto permanente

Bateria/Voltagem (V): hidretos metálicos de níquel/650

Potência máxima (cv/kW): 120/88

Binário máximo (Nm): 202

Transmissão e direcção

Transmissão: dianteira, com caixa automática do tipo CVT, de seis velocidades

Direcção: Cremalheira, com assistência eléctrica

Suspensão (fr/tr): independente do tipo McPherson; Wishbone duplo

Travões (fr/tr): Discos ventilados/Discos ventilados

Prestações e consumos 

Aceleração: 0-100 km/h (s): 8,4

Velocidade máxima (km/h): 180

Consumos urbano/extra-urb./misto (l/100 km): -/-/5,6

Emissões de CO2 (g/km): 128

Dimensões e pesos Comprimento/Largura/Altura (mm): 4,600/1,855/1,685

Distância entre eixos (mm): 2,690

Largura das vias (fr/tr) (mm): 1,610/1,640

Peso (kg): 1.750

Capacidade da bagageira (l): 580

Depósito de combustível (l): 55 Pneus (fr/tr): 225/60 R18 / 225/60 R18  

Mais/Menos


Mais

Conforto / Habitabilidade / Comportamento    

Menos

Caixa CVT / Ecrã do sistema de info-entretenimento / Plásticos

Preços


Preço da versão ensaiada (Euros): 45100€

Preço da versão base (Euros): 45100€

Exterior
Interior
Equipamento
Consumos
Ao volante
Concorrentes
Motor
Balanço final
Ficha técnica

Exterior

Pontuação: 9/10

Dado a conhecer ainda no século passado, decorria o ano de 1994, o Toyota RAV4 continua, 25 anos depois da estreia, como a proposta primeira de um segmento que, hoje em dia, domina a procura no mercado automóvel. E que, no caso concreto do modelo nipónico, com quatro gerações já cumpridas e mais de 8,1 milhões (!) de unidades vendidas, reinventa-se agora, naquela que é a sua quinta geração. A reinvenção face ao antecessor começa, de resto e desde logo, na nova plataforma Toyota New Generation Architecture – ou TNGA para os amigos… -, uma das principais responsáveis pelas importantes transformações realizadas no SUV nipónico. O qual, diga-se, até mudou de nome: ao invés do RAV4 enquanto sinónimo de Recreational Activity Vehicle 4 Wheel Drive, o modelo passa a chamar-se RAV4, acrónimo de Robust Accurate Vehicle 4WD! Pormenores… A par da plataforma, o novo RAV4 estreia também uma nova linguagem de design, a que a Toyota deu o nome de Cross-Octagon, fundada, como o próprio nome indica, na figura geométrica do octógono. E que, embora aplicada num corpo mais curto (5 mm), mais largo (10 mm) e mais baixo (10 mm) que o antecessor, mas também com uma maior distância entre eixos (30 mm) e distância ao solo (15 mm), não deixa de contribuir para um aspecto bem mais robusto e marcante. Reafirmando, também neste caso, a promessa já feita pelo atual presidente da Toyota, Akio Toyoda, de acabar com os automóveis “sensaborões” do fabricante de Achi. Nós gostámos; e o leitor?

Interior

Pontuação: 9/10

Revolucionado no exterior, o novo Toyota RAV4 repete a mesma abordagem, no interior do habitáculo. Onde, a par da notória evolução em termos de qualidade de construção e dos materiais, sobressai igualmente uma estética mais moderna e funcional, mesmo sem perder muitos dos tradicionais comandos físicos – opção que, diga-se, dificilmente poderá será considerada negativa, face à sensibilidade e toque agradável transmitidos, por exemplo, pelos generosos botões rotativos que se destacam da consola central, e que servem para regulação do ar condicionado automático. Ou até mesmo pelos mais pequenos botões do sistema multimédia e pela  excelente manche da caixa de velocidade. Com um único senão: no caso do ecrã do sistema multimédia Toyota Touch 2, de boas dimensões e destacado do tablier, fica a sensação de um layout já um pouco ultrapassado, o mesmo acontecendo com as pequenas teclas de acesso direto às funções principais. Será que não poderiam ser apenas táteis?… Com a generalidade dos comandos perfeitamente acessíveis e intuitivos no operar, além de com vários e bons espaços de arrumação, a verdade é que nada disto consegue impressionar tanto quanto os avanços conseguidos pelo novo RAV4, no domínio da habitabilidade e conforto. Os quais garantem, mesmo com três ocupantes, não somente um acesso mais fácil e amplo, como também mais espaço em largura (+40 mm) e para os pés – este último, resultado igualmente de um túnel de transmissão quase inexistente, o qual vem beneficiar, em particular, o passageiro do meio. Ainda que e embora disfrutando, tal como os restantes, de um encosto cuja inclinação pode ser ajustada segundo um de dois níveis (60/40), continuando a dispor do mesmo nível (elevado) de conforto dos restantes. Quanto aos passageiros da frente e, em particular, o condutor, melhorias perceptíveis igualmente na posição de condução, mais integrada e confortável, fruto não apenas do aumento em 50% do curso de ajuste do volante, com boa pega mas também algum excesso de botões, mas também de um novo banco em couro que, além de um design mais desportivo e confortável, bons apoios laterais e regulação elétrica, surge agora 15 mm mais baixo. Contribuindo não só para uma posição de confortável mais lateral, como também e a par dos pilares dianteiro mais estreitos, para uma melhor visibilidade do exterior; mesmo se, para trás, um óculo mais pequeno e posicionado na diagonal, não deixe de apelar à ajuda dos sensores e câmaras posicionadas no exterior. Confortável e espaçoso, o novo RAV4 junta ainda a estes argumentos uma bagageira cuja capacidade é das maiores da categoria, ao anunciar 580 litros, mais 79 l que no antecessor. Tudo isto, com um bom acesso através de um portão de funcionamento elétrico e a partir de um piso falso articulado que esconde, por baixo e nas laterais, mais espaços de arrumação. Pior, só mesmo a fraca iluminação proveniente de um só ponto de luz e, principalmente, uma chapeleira que não sobe com o portão, não recolhe com um só toque, e nem sequer possui pega!…

Equipamento

Pontuação: 9/10

Proposto entre nós com cinco níveis de equipamento – Active, Comfort, Square Collection, Exclusive e Lounge -, o Toyota RAV4 que nos calhou em sorte exibia aquela que, de acordo com as previsões dos responsáveis nacionais da marca, deverá ser a versão mais procurada – Square Collection. E que, confirmámo-lo, tem todas as razões para poder vir a ser “o” best-seller; ou não englobasse quase tudo o que vale verdadeiramente a pena ter, no novo SUV nipónico. Entre a extensa lista de equipamento de série, contam-se, por exemplo e a começar no exterior, faróis com sistema “Follow Me Home”, protecções inferiores nos pára-choques dianteiro e traseiro, spoiler traseiro em preto metalizado, retrovisores, puxadores das portas e moldura das cavas das rodas em preto metalizado, tejadilho “Night Sky”, jantes em liga leve de 18″ pretas (com pneu sobressalente temporário), rails no tejadilho, sensores de luz e de chuva, porta da bagageira elétrica e sistema “Smart Entry & Start”. Já no interior, volante em pele, travão de mão eletrónico, botão Start, espelho retrovisor eletrocromático, painel de instrumentos analógico-digital com ecrã TFT a cores de 7″ (que muda de cor consoante o modo de condução seleccionado), ar condicionado automático, banco do condutor com regulações elétricas, bancos dianteiros aquecidos, e sistema multimédia Toyota Touch 2 com ecrã de 8″, USB, Aux-in, Bluetooth e seis colunas. Finalmente, a pensar na segurança e nas ajudas à condução, a garantia da presença de faróis LED com projetor, luzes de circulação diurna em LED, luzes de máximos com controlo automático (AHB), limitador de velocidade, Controlo de Estabilidade do Veículo (VSC+), Alerta de Ângulo Morto (BSM), Cruise Control Adaptativo Inteligente e com função “Full Stop”, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, câmara auxiliar traseira, Controlo de Assistência nos Arranques em Subida, Sistema de Pré-Colisão com deteção de peões e de ciclistas (PCS), Aviso de Saída da Faixa de Rodagem com assistência na direcção, Assistência  à Condução Inteligente, Deteção Traseira de Aproximação de Aproximação de Veículos (RCTA), Reconhecimento de Sinais de Trânsito (RSA), Sistema de Chamada de Emergência (e-Call), Sistema de Aviso de Pressão dos Pneus (TPWS) e Controlo de Estabilidade para Reboques (TSC). Ufff… Perante um tal compêndio de equipamento de série, fica assim praticamente colocada de parte a necessidade de recorrer à lista de opcionais. A não ser, talvez e por uma questão de novidade, para garantir aquela que é uma das principais novidades que modelo estrea: Espelho Retrovisor Digital Smart View. Tecnologia que vem “transformar” o tradicional espelho retrovisor interior, numa espécie de ecrã onde são projectadas as imagens captadas por uma segunda câmara traseira, bastando para tal accionar a patilha que está na base, a verdade é que não ficámos particularmente convencidos com a eficácia da solução. Desde logo, porque causa uma certa distorção na percepção das distâncias, assim como dos próprios veículos que surgem detrás. A melhorar, talvez?…

Consumos

Pontuação: 9/10

Sport Utility Vehicle (SUV) de boas prestações, ainda que, em certos momentos, demasiado penalizado por uma sonoridade excessivamente presente, o novo Toyota RAV4 não deixa de procurar acrescentar a esta realidade, um outro trunfo de respeito – consumos agradáveis. Traduzidos, de resto, numa média real não muito acima dos 5,6 l/100 km anunciados oficialmente pela marca, e conseguidos já segundo o novo ciclo WLTP. Colocado à prova num ensaio de vários dias, cumprido maioritariamente no meio do trânsito citadino, mas também com o “obrigatório” passeio de fim-de-semana em família, o “nosso” RAV4 regressou às instalações da Toyota Portugal com uma média de 6,1 l/100 km no computador de bordo. Valor que, obtido sem quaisquer tipo de condicionalismos na condução e até com alguns arranques mais fortes, de vez em quando, acabou deixando no ar a promessa de viagens mais espaçadas ao posto de combustível…  

Ao volante

Pontuação: 9/10

Beneficiado, desde logo, com a introdução da uma nova e mais moderna plataforma (TNGA), a qual trouxe não só uma maior rigidez torcional (+57%), como também um mais baixo centro de gravidade e uma melhor distribuição de pesos (51:49), o Toyota RAV4 está, hoje em dia e nesta quinta geração em particular, uma proposta não somente mais moderna, mas também mais sólida e madura na forma como se faz à estrada. Contando igualmente com melhorias na resposta da direcção assistida eletricamente, agora mais precisa e com maior feedback, o “primeiro dos SUV” oferece uma condução bem mais agradável e prazenteira, fruto não só de uma posição de condução bastante convincente, como também e principalmente, de uma suspensão que, renovada na configuração (passou a contar com duplos triângulos sobrepostos atrás…), veio garantir um maior controlo das oscilações da carroçaria. Sem, no entanto, abdicar daquela que é uma abordagem mais familiar – seja ela com o modo de condução “Normal” accionado, ou com a opção “Sport” activa. Duas opções, na verdade, sem grandes diferenças entre si, com o RAV4 a manter, basicamente, a mesma postura e nível de conforto, inclusive, quando por pisos um pouco mais degradados. De resto, senhor de uma elogiável agilidade em cidade, mas também bastante estável e seguro em estrada aberta, nem sequer se pode dizer que o RAV4 Hybrid sinta particularmente falta da tracção integral disponibilizada nas versões AWD-i – as quais recorrem a um segundo motor elétrico, colocado no eixo traseiro, para garantir maior tracção. Pelo contrário, a vocação cada vez mais citadina do modelo, a par de uma “preocupação” cada vez mais notória com a segurança do conjunto e respectivos ocupantes, quase fazem esquecer a possibilidade de tal argumento. A não ser, claro está, quando o tipo de utilização diária a isso aconselhe… e ainda que o RAV4 cada vez menos goste! O que, na verdade, é quase tanto, quanto o desagrado do condutor, por ter de pagar Classe 2!…

Concorrentes

Mitsubishi Outlander 4WD PHEV Instyle, 135cv, 11,0s 0-100 km/h, 170 km/h, 1,7 l/100 km, 40 g/km CO2, 41 850€ (preço de campanha)

(Veja o ensaio AQUI e conheça todas as versões e motorizações AQUI)

 

Volvo XC60 T8 Geartronic AWD PHEV, 390cv, 5,3s 0-100 km/h, 230 km/h, 2,1 l/100 km, 50 g/km CO2, 68 639 Euros

 

(Veja o ensaio AQUI e conheça todas as versões e motorizações AQUI)

Motor

Pontuação: 8/10

Verdadeiro salto evolucional face ao antecessor, o novo Toyota RAV4 confirma esta realidade, também no novo sistema propulsor híbrido, a que marca nipónica deu o nome de Toyota Hybrid System II, ou THS II. E que é também a única motorização disponível em Portugal; ou seja, também aqui, bye bye Diesel… Conjugação entre um novo quatro cilindros 2,5 litros a gasolina denominado Dynamic Force e equipado com injecção direta e indireta D-4S, e um novo sistema elétrico composto por uma nova bateria de hidretos metálicos de níquel e uma nova Unidade de Controlo de Potência (PCU), ambas mais compactas, leves e concebidas de forma a reduzir, de forma mais eficaz, as perdas elétricas e mecânicas, o novo THS II continua a prescindir de carregamentos externos, carregando a bateria apenas e só com a energia cinética desperdiçada nas desacelerações e travagens. Ou, então, pela ação do motor de gasolina, num processo que é possível acompanhar através de gráficos próprios, exibidos no ecrã do sistema multimédia. A par desta particularidade, três modos de funcionamento – Eco, Normal e Sport -, seleccionáveis através de botões específicos junto à manete da caixa de velocidades, além de um quarto, denominado EV, e que, acionável tal como os restantes por botão, é o único a garantir circulação sem emissões. Com uma  (importante) nuance: num sistema híbrido concebido para garantir ganhos reais através da actuação conjunta de motor a gasolina e motor elétrico, a intervenção apenas e só do propulsor elétrico, acaba tendo uma eficácia muito diminuta. Resumindo-se a pouco mais que os arranques, a marcha-atrás e não mais que dois quilómetros em modo exclusivamente elétrico… Basicamente, apenas e só para sair de um estacionamento fechado, ou de uma outra qualquer situação mais específica! A par desta opção e embora o sistema opte sempre, por defeito, pelo modo de funcionamento “Normal”, o condutor continua a ter sempre possibilidade de accionar um, à partida, mais promissor modo Sport, ainda que, depois, as expectativas dificilmente sejam cumpridas. É que, tal como o próprio conjunto – mas, quanto a isso, o melhor mesmo é ler o capítulo “Ao Volante”… -, também o novo sistema THS mostra pouca aptidão para as chamadas altas rotações, onde supostamente seria mais fácil sentir o poder dos anunciados 218 cv de potência, ainda que tendo de partilhar a culpa com um suspeito já conhecido: a caixa automática de variação contínua, ou CVT. Apontada, já na geração anterior do RAV4, como um dos elos mais fracos do conjunto, a verdade é que, embora hoje em dia mais suave nas passagens, a CVT continua a demonstrar problemas na gestão do sistema propulsor. Elevando, muitas vezes desnecessariamente, a rotação – e, consequentemente, a sonoridade – do bloco a gasolina. Situação, desagradável, que nem mesmo uma capacidade de aceleração comprovada dos 0 aos 100 km/h em cerca de 8,4, ou até mesmo os 180 km/h de velocidade máxima limitada eletronicamente conseguem atenuar… A rever, sem dúvida!…

Balanço final

Pontuação: 9/10

Revolucionado nas linhas, na qualidade dos materiais, mas também na habitabilidade, equipamento e capacidade de carga, a nova geração Toyota RAV4 chegou com a ambição de voltar a desbravar terrenos, desde logo, através de uma oferta exclusivamente híbrida, mas também acrescida de uma vocação cada vez mais familiar. Apetrechado de bons e válidos argumentos, nem mesmo “pecados antigos”, como é o caso do (fraco) desempenho da caixa CVT, ou até mesmo a obrigatoriedade de pagamento da Classe 2 nas auto-estradas, deverão ser suficientes para evitar, pelo menos, o elevar da preocupação entre as inúmeras derivações e sucedâneos…

Mais

Conforto / Habitabilidade / Comportamento    

Menos

Caixa CVT / Ecrã do sistema de info-entretenimento / Plásticos

Ficha técnica

Motor de combustão

Tipo: quatro cilindros em linha a gasolina, com injecção indirecta/directa D-4S

Cilindrada (cm3): 2.487

Diâmetro x curso (mm): 87.50 x 103.48

Taxa compressão: 14.0:1

Potência máxima (cv/rpm): 218/5.700

Binário máximo (Nm/rpm): 221/3.600-5.200

Motor eléctrico

Tipo: síncrono, de magneto permanente

Bateria/Voltagem (V): hidretos metálicos de níquel/650

Potência máxima (cv/kW): 120/88

Binário máximo (Nm): 202

Transmissão e direcção

Transmissão: dianteira, com caixa automática do tipo CVT, de seis velocidades

Direcção: Cremalheira, com assistência eléctrica

Suspensão (fr/tr): independente do tipo McPherson; Wishbone duplo

Travões (fr/tr): Discos ventilados/Discos ventilados

Prestações e consumos 

Aceleração: 0-100 km/h (s): 8,4

Velocidade máxima (km/h): 180

Consumos urbano/extra-urb./misto (l/100 km): -/-/5,6

Emissões de CO2 (g/km): 128

Dimensões e pesos Comprimento/Largura/Altura (mm): 4,600/1,855/1,685

Distância entre eixos (mm): 2,690

Largura das vias (fr/tr) (mm): 1,610/1,640

Peso (kg): 1.750

Capacidade da bagageira (l): 580

Depósito de combustível (l): 55 Pneus (fr/tr): 225/60 R18 / 225/60 R18  

Preço da versão ensaiada (Euros): 45100€
Preço da versão base (Euros): 45100€