Alfa Romeo 4C Spider Itália – Ensaio Teste

By on 5 Julho, 2019

Alfa Romeo 4C Spider Itália

Texto: José Manuel Costa ([email protected])

Estranhamente fantástico

Quem me conhece sabe que sou um aficionado da Alfa Romeo e choro todos os dias a hora em que decidi me desfazer do 75 que me deu tanto trabalho a comprar. E sim, concordo em absoluto com Jeremy Clarkson quando este diz que “não se é um verdadeiro apaixonado por automóveis enquanto não se tiver um Alfa Romeo”. Não quer isto dizer que sejam carros perfeitos ou que seja tão cego que não veja os problemas dos carros de Arese. Mas… é isso mesmo que faz dos Alfa Romeo algo especial e desejável. Alguém lembra onde estavam os botões dos vidros elétricos do 75? Pois… estavam no tejadilho porque alguém se esqueceu de desenhar os painéis de porta com espaço para eles. Então, pespegaram-mos numa consola por cima do espelho. Lindo! O Alfa Romeo 4C, para mim, não era mais que um sonho molhado de algum responsável da Alfa Romeo com mais maluquice que juízo. Fazer um carro em carbono, sem direção assistida, sem bagageira e com um motor que só sabe gritar?!!! Mas a verdade é que o 4C não é uma maluquice. Sim, é verdade, tem muita coisa que não bate certo, mas depois de o conduzir, particularmente, nesta versão mais arejada, fiquei com mais respeito pelo bilugar de Arese. Por isso digo que é estranhamente fantástico, até porque é disparatadamente caro e, na realidade, não serve para muito mais que exibir-se numa marginal ou num circuito. E fiquem descansados que a paixão pela Alfa Romeo não me tolda o raciocínio nem a imparcialidade que necessito ter nesta coisa dos ensaios. E o 4C não escapou a essa regra. É um carro fabuloso, mas como já disse, também tem os seus defeitos. Mas, se assim não fosse, não era um verdadeiro Alfa Romeo…

Conheça todas as versões e motorizações AQUI.


Mais:

Estilo, Performance, Tecnologia, Chassis em carbono

 

 

Menos:

Preço, Insonorização, acabamento interior, Capota

Exterior

8/10

Pontuação 8/10

Desconheço se os responsáveis do Centro Stile Alfa Romeo e quem decidiu “congelar” o estilo final do 4C tinha, ao seu lado, um Lancia Stratos. Porém, é o carro que me vem á mente cada vez que olho para o 4C. Baixo, esguio, esculpido pelo túnel de vento, muito compacto e com uma repartição de massas que privilegia o peso em cima do eixo onde está a tração, o traseiro. Motor central, enfim, tudo características que me fazem viajar até á minha meninice e olhar embevecido para um Stratos reencarnado no Alfa Romeo 4C. É que além de tudo o que já disse, o 4C tem o para brisas muito arredondado, apenas uma escova limpa para brisas, as portas largas e grossas, o vidro da porta cortado, um interior com apenas dois lugares e a pedaleira (excelente, diga-se) desviada para o centro do carro, enfim, tudo me faz lembrar o Lancia Stratos. Esta versão Spider, como os italianos gostam de chamar aos roadsters, tem como única diferença o tejadilho em lona por cima das nossas cabeças. Um tejadilho que é simples de retirar – desengatar os encaixes laterais e enrolar tudo – mas uma dor de cabeça colocar no sítio. Lá está, o espírito dos engenheiros que fizeram o 75 regressaram e quem desenhou a capota foi pelo caminho mais sinuoso.

Embebendo o exterior deste Alfa Romeo num olhar crítico, não há falhas: o estilo é delicioso, com uma frente inspirada no 8C, um corpo que lembra o Lancia Stratos e até alguns Ferrari e uma traseira larga, musculada e com dois faróis redondos que tresandam a Stratos. Numa palavra: lindo! Não fosse a capota…

Interior

7/10

Pontuação 7/10

Primeiro, não tem direção assistida – o que é um pesadelo nas manobras de estacionamento – mas sim um sistema mecânico de qualidade superior cuja relação de desmultiplicação permite que a maioria das curvas sejam feitas sem termos de trocar as mãos no pequeno volante. E aqui um parêntesis para dizer que o volante é ridículo. A parte inferior não existe e muitas vezes, em situações mais apertadas, onde está o volante? Os bancos são finos, mas minimamente confortáveis e o interior está feito de forma minimalista: o carbono do chassis está á mostra, não há tapetes, mas há ar condicionado e um rádio “aftermarket” que tem as funções de Bluetooth e streaming de áudio. Mesmo que um rádio dentro do 4C faça tanta falta como uma viola num enterro. O painel de instrumentos é totalmente digital e tudo é feito em plástico negro mate com razoável qualidade. Nada de preocupante aqui, até porque a quantidade de carbono à mostra deixa-nos como que dentro de um carro de corridas e por isso ate o painel de instrumentos digital está totalmente enquadrado no espírito. Ou seja, o interior não tem os luxos que se poderia esperar de um carro que custa 91 mil euros (chave na mão), mas tudo rima tão bem com o 4C que não posso criticar aquilo que é justo para este tipo de automóvel. Simples, mas eficaz! Já o preço…

Equipamento

5/10

Pontuação 5/10

O Alfa Romeo 4C Spider Italia não tem opcionais e o equipamento é reduzido. Para lá do sistema de som Alpine “aftermarket”, tem ar condicionado manual, volante regulável em altura e profundidade, espelhos retrovisores com regulação elétrica e desembaciamento, jantes de liga leve de 18 polegadas, sistema “launch control”, pedais em alumínio, pintura azul Misano, cruise control, sensores de estacionamento traseiros e escape Akrapovic. E é só!

Consumos

/10

Pontuação 6/10

Reclama a Alfa Romeo que o 4C não vai além de 6,9 l/100 km em ciclo misto. Claro que este valor não é exequível e no final do ensaio a média estava nuns fabulosos 10,4 l/100 km! E olhem que andei a puxar pelo 4C… e bem! Ainda pensei que não fossem reais estes valores. Mas são e ficar perto dos 10 litros de média após mais de 450 quilómetros cumpridos ao volante é impressionante!

Ao Volante

9/10

Pontuação 9/10

O Alfa Romeo 4C começa por nos deixar boquiabertos quando olhamos para o chassis, integralmente feito em fibra de carbono, ultra rígido e pensado para um desempenho perfeito e não para o conforto. Pesa, apenas, 65 quilogramas. Acoplado a este chassis está o motor 1750 Turbo totalmente revisto que, graças ao recurso ao alumínio para bloco e cabeça e á injeção direta, está mais 22 quilos que anteriormente. Contas feitas, o 4C é leve… muito leve com 925 quilos acusados na báscula.

Depois de colocar em marcha o motor, temos de escolher qual o modo de condução no seletor DNA (Dynamic, Normal e All Weather) e dizer á caixa se queremos ir em frente (carregar no botão 1) ou para trás (botão R). Depois é se queremos o modo manual ou automático da caixa (botão A/M). Resta o botão N para o ponto morto. Tudo bem alinhado na espécie de consola central. Assim que soltamos o travão, o 4C lança-se para diante graças á sua leveza.

O controlo da caixa é feito pelas pequenas patilhas colocadas atrás do volante – eu gostava de ver as patilhas do GIulia no 4C e fixas à coluna da direção e não no volante – mas temos de ter atenção pois o motor sobe de rotação muito depressa e quando damos por ela já estamos perto das 6500 rpm, onde está a zona vermelha do conta rotações.

A leveza, as vias largas, o baixo centro de gravidade, a direção direta e as rodas colocadas nos extremos da carroçaria, fazem do 4C um regalo em curva. A suspensões são independentes nos dois eixos, com muito trabalho feito pelos engenheiros em pista. Se é verdade que em estradas mais degradas o 4C “lê” a estrada e tem a tendência para seguir os regos e depressões da mesma, quando apanha estrada em condições é verdadeiramente fabuloso.

Nos limites a frente pode alargar um pouco a trajetória, já fazer descolar a traseira é trabalho para alguém com muito mais talento que eu. O 4C mantém firme a trajetória e só mesmo com muito esforço e abuso é que a traseira do Alfa Romeo escorrega. A velocidade em curva é assustadora com uma direção com o peso certo e uma precisão e rapidez que lembra, claramente, um carro de competição. As belas jantes Alfa Romeo que escondem um sistema de travagem Brembo claramente sobredimensionados face ao peso do 4C, exibindo absoluta resistência à fadiga e sendo capazes de imobilizar o 4C lançado a 100 km/h em meros 35 metros. O facto de ser um Spider, não belisca absolutamente nada o comportamento do carro, mesmo quando tiramos a pequena capota.

Motor

8/10

Pontuação 8/10

Muitos vociferam contra a utilização de um motor pequeno que não vai além dos 240 CV obtidos às 6000 rpm e um binário de 350 Nm entre as 2200 e as 4250 rpm. Mas, olhemos para a relação peso/potência: 3,8 kgs/CV ou seja, 260 CV por tonelada de peso. São cifras que entram diretamente na liga dos superdesportivos e permitem carro que chega dos 0-100 km/h em 4,5 segundos tendo uma velocidade máxima de 257 km/h. O barulho do motor pode parecer incomodativo – não há filtros nem insonorização e todos os ruídos, inclusive a descarga da válvula de sobrepressão e o assobio do turbo – mas depois habituamo-nos e começa a ter piada os “broopp, broop” “whrilllll” “brooooopppprrr”, “pshiiiiii” que o motor faz a cada passagem de caixa. O motor está tão bem equilibrado que consegue ser flexível para andar a baixa rotação no tráfego, mas generoso o suficiente para atirar o 4C para cada curva com um impulso que não conheço em muitos desportivos que por aí se vendem. E se seguir a minha dica, verá como o 4C parece uma bala: troque de caixa ás 5500 rpm pois as restantes mil rotações não tem lá nada. Verá como o motor o empurra de forma decisiva e o prazer de condução será bem maior.

Balanço Final

7/10

Pontuação 7/10

Claramente, o Alfa Romeo 4C é um carro muito específico que não serve nem a todos os bolsos nem a todos os condutores. É quase um carro de corridas com chapas de matrícula, não tem o refinamento de um Porsche Bosxter, talvez não consiga apanhar o carro alemão em pista ou numa estrada sinuosa, não é absolutamente confortável, não tem direção assistida, enfim, o que não falta são coisas para criticar no 4C. Até o preço é exagerado, mas é o que se paga por um carro exclusivo, feito em carbono e com um comportamento delirante. Esta versão Spider Italia é muito interessante e sendo uma série especial é ideal para colecionadores. E no final, tenho de o dizer, apesar das dores de costas que me ofereceu – mas eu já estou velho para estas coisas – deixou-me com um sorriso nos lábios graças à inigualável personalidade Alfa Romeo, de lágrimas nos olhos porque o preço é quase pornográfico.

Concorrentes

O Alfa Romeo 4C Spider Italia não tem rivais diretos, pois o Porsche Boxster tem um motor totalmente diferente e um refinamento que não tem nada a ver com o Alfa. Depois, teremos de procurar em marcas cuja produção é marginal, tal como o Lotus Exige Sport 300, para encontrar um rival.

Ficha Técnica

Motor

Tipo: 4 cilindros em linha, injeção direta, turbo

Cilindrada (cm3): 1742

Diâmetro x Curso (mm): 83 x 80,5

Taxa de Compressão: 9,25

Potência máxima (CV/rpm): 240/6000

Binário máximo (Nm/rpm): 350/2200 – 4250

Transmissão: Tração traseira, caixa automática dupla embraiagem de 6 vel.

Direção: Pinhão e cremalheira sem assistência

Suspensão (ft/tr): Independente duplo triângulo sobreposto

Travões (fr/tr): Discos ventilados

Prestações e consumos

Aceleração 0-100 km/h (s): 4,5

Velocidade máxima (km/h): 258

Consumos extra-urb./urbano/misto (l/100 km): 5,1/10,1/6,8

Emissões CO2 (gr/km): 161

Dimensões e pesos

Comprimento/Largura/Altura (mm): 3989/1868/1183

Distância entre eixos (mm): 2380

Largura de vias (fr/tr mm): 1639/1604

Peso (kg): 925

Capacidade da bagageira (l): 110

Deposito de combustível (l): 40

Pneus (fr/tr): 205/45 ZR18/235/40 ZR18

Mais/Menos


Mais

Estilo, Performance, Tecnologia, Chassis em carbono

 

 

Menos

Preço, Insonorização, acabamento interior, Capota

Preços


Preço da versão ensaiada (Euros): 91643€

Preço da versão base (Euros): 91643€

Exterior
Interior
Equipamento
Consumos
Ao volante
Concorrentes
Motor
Balanço final
Ficha técnica

Exterior

Pontuação 8/10

Desconheço se os responsáveis do Centro Stile Alfa Romeo e quem decidiu “congelar” o estilo final do 4C tinha, ao seu lado, um Lancia Stratos. Porém, é o carro que me vem á mente cada vez que olho para o 4C. Baixo, esguio, esculpido pelo túnel de vento, muito compacto e com uma repartição de massas que privilegia o peso em cima do eixo onde está a tração, o traseiro. Motor central, enfim, tudo características que me fazem viajar até á minha meninice e olhar embevecido para um Stratos reencarnado no Alfa Romeo 4C. É que além de tudo o que já disse, o 4C tem o para brisas muito arredondado, apenas uma escova limpa para brisas, as portas largas e grossas, o vidro da porta cortado, um interior com apenas dois lugares e a pedaleira (excelente, diga-se) desviada para o centro do carro, enfim, tudo me faz lembrar o Lancia Stratos. Esta versão Spider, como os italianos gostam de chamar aos roadsters, tem como única diferença o tejadilho em lona por cima das nossas cabeças. Um tejadilho que é simples de retirar – desengatar os encaixes laterais e enrolar tudo – mas uma dor de cabeça colocar no sítio. Lá está, o espírito dos engenheiros que fizeram o 75 regressaram e quem desenhou a capota foi pelo caminho mais sinuoso.

Embebendo o exterior deste Alfa Romeo num olhar crítico, não há falhas: o estilo é delicioso, com uma frente inspirada no 8C, um corpo que lembra o Lancia Stratos e até alguns Ferrari e uma traseira larga, musculada e com dois faróis redondos que tresandam a Stratos. Numa palavra: lindo! Não fosse a capota…

Interior

Pontuação 7/10

Primeiro, não tem direção assistida – o que é um pesadelo nas manobras de estacionamento – mas sim um sistema mecânico de qualidade superior cuja relação de desmultiplicação permite que a maioria das curvas sejam feitas sem termos de trocar as mãos no pequeno volante. E aqui um parêntesis para dizer que o volante é ridículo. A parte inferior não existe e muitas vezes, em situações mais apertadas, onde está o volante? Os bancos são finos, mas minimamente confortáveis e o interior está feito de forma minimalista: o carbono do chassis está á mostra, não há tapetes, mas há ar condicionado e um rádio “aftermarket” que tem as funções de Bluetooth e streaming de áudio. Mesmo que um rádio dentro do 4C faça tanta falta como uma viola num enterro. O painel de instrumentos é totalmente digital e tudo é feito em plástico negro mate com razoável qualidade. Nada de preocupante aqui, até porque a quantidade de carbono à mostra deixa-nos como que dentro de um carro de corridas e por isso ate o painel de instrumentos digital está totalmente enquadrado no espírito. Ou seja, o interior não tem os luxos que se poderia esperar de um carro que custa 91 mil euros (chave na mão), mas tudo rima tão bem com o 4C que não posso criticar aquilo que é justo para este tipo de automóvel. Simples, mas eficaz! Já o preço…

Equipamento

Pontuação 5/10

O Alfa Romeo 4C Spider Italia não tem opcionais e o equipamento é reduzido. Para lá do sistema de som Alpine “aftermarket”, tem ar condicionado manual, volante regulável em altura e profundidade, espelhos retrovisores com regulação elétrica e desembaciamento, jantes de liga leve de 18 polegadas, sistema “launch control”, pedais em alumínio, pintura azul Misano, cruise control, sensores de estacionamento traseiros e escape Akrapovic. E é só!

Consumos

Pontuação 6/10

Reclama a Alfa Romeo que o 4C não vai além de 6,9 l/100 km em ciclo misto. Claro que este valor não é exequível e no final do ensaio a média estava nuns fabulosos 10,4 l/100 km! E olhem que andei a puxar pelo 4C… e bem! Ainda pensei que não fossem reais estes valores. Mas são e ficar perto dos 10 litros de média após mais de 450 quilómetros cumpridos ao volante é impressionante!

Ao volante

Pontuação 9/10

O Alfa Romeo 4C começa por nos deixar boquiabertos quando olhamos para o chassis, integralmente feito em fibra de carbono, ultra rígido e pensado para um desempenho perfeito e não para o conforto. Pesa, apenas, 65 quilogramas. Acoplado a este chassis está o motor 1750 Turbo totalmente revisto que, graças ao recurso ao alumínio para bloco e cabeça e á injeção direta, está mais 22 quilos que anteriormente. Contas feitas, o 4C é leve… muito leve com 925 quilos acusados na báscula.

Depois de colocar em marcha o motor, temos de escolher qual o modo de condução no seletor DNA (Dynamic, Normal e All Weather) e dizer á caixa se queremos ir em frente (carregar no botão 1) ou para trás (botão R). Depois é se queremos o modo manual ou automático da caixa (botão A/M). Resta o botão N para o ponto morto. Tudo bem alinhado na espécie de consola central. Assim que soltamos o travão, o 4C lança-se para diante graças á sua leveza.

O controlo da caixa é feito pelas pequenas patilhas colocadas atrás do volante – eu gostava de ver as patilhas do GIulia no 4C e fixas à coluna da direção e não no volante – mas temos de ter atenção pois o motor sobe de rotação muito depressa e quando damos por ela já estamos perto das 6500 rpm, onde está a zona vermelha do conta rotações.

A leveza, as vias largas, o baixo centro de gravidade, a direção direta e as rodas colocadas nos extremos da carroçaria, fazem do 4C um regalo em curva. A suspensões são independentes nos dois eixos, com muito trabalho feito pelos engenheiros em pista. Se é verdade que em estradas mais degradas o 4C “lê” a estrada e tem a tendência para seguir os regos e depressões da mesma, quando apanha estrada em condições é verdadeiramente fabuloso.

Nos limites a frente pode alargar um pouco a trajetória, já fazer descolar a traseira é trabalho para alguém com muito mais talento que eu. O 4C mantém firme a trajetória e só mesmo com muito esforço e abuso é que a traseira do Alfa Romeo escorrega. A velocidade em curva é assustadora com uma direção com o peso certo e uma precisão e rapidez que lembra, claramente, um carro de competição. As belas jantes Alfa Romeo que escondem um sistema de travagem Brembo claramente sobredimensionados face ao peso do 4C, exibindo absoluta resistência à fadiga e sendo capazes de imobilizar o 4C lançado a 100 km/h em meros 35 metros. O facto de ser um Spider, não belisca absolutamente nada o comportamento do carro, mesmo quando tiramos a pequena capota.

Concorrentes

O Alfa Romeo 4C Spider Italia não tem rivais diretos, pois o Porsche Boxster tem um motor totalmente diferente e um refinamento que não tem nada a ver com o Alfa. Depois, teremos de procurar em marcas cuja produção é marginal, tal como o Lotus Exige Sport 300, para encontrar um rival.

Motor

Pontuação 8/10

Muitos vociferam contra a utilização de um motor pequeno que não vai além dos 240 CV obtidos às 6000 rpm e um binário de 350 Nm entre as 2200 e as 4250 rpm. Mas, olhemos para a relação peso/potência: 3,8 kgs/CV ou seja, 260 CV por tonelada de peso. São cifras que entram diretamente na liga dos superdesportivos e permitem carro que chega dos 0-100 km/h em 4,5 segundos tendo uma velocidade máxima de 257 km/h. O barulho do motor pode parecer incomodativo – não há filtros nem insonorização e todos os ruídos, inclusive a descarga da válvula de sobrepressão e o assobio do turbo – mas depois habituamo-nos e começa a ter piada os “broopp, broop” “whrilllll” “brooooopppprrr”, “pshiiiiii” que o motor faz a cada passagem de caixa. O motor está tão bem equilibrado que consegue ser flexível para andar a baixa rotação no tráfego, mas generoso o suficiente para atirar o 4C para cada curva com um impulso que não conheço em muitos desportivos que por aí se vendem. E se seguir a minha dica, verá como o 4C parece uma bala: troque de caixa ás 5500 rpm pois as restantes mil rotações não tem lá nada. Verá como o motor o empurra de forma decisiva e o prazer de condução será bem maior.

Balanço final

Pontuação 7/10

Claramente, o Alfa Romeo 4C é um carro muito específico que não serve nem a todos os bolsos nem a todos os condutores. É quase um carro de corridas com chapas de matrícula, não tem o refinamento de um Porsche Bosxter, talvez não consiga apanhar o carro alemão em pista ou numa estrada sinuosa, não é absolutamente confortável, não tem direção assistida, enfim, o que não falta são coisas para criticar no 4C. Até o preço é exagerado, mas é o que se paga por um carro exclusivo, feito em carbono e com um comportamento delirante. Esta versão Spider Italia é muito interessante e sendo uma série especial é ideal para colecionadores. E no final, tenho de o dizer, apesar das dores de costas que me ofereceu – mas eu já estou velho para estas coisas – deixou-me com um sorriso nos lábios graças à inigualável personalidade Alfa Romeo, de lágrimas nos olhos porque o preço é quase pornográfico.

Mais

Estilo, Performance, Tecnologia, Chassis em carbono

 

 

Menos

Preço, Insonorização, acabamento interior, Capota

Ficha técnica

Motor

Tipo: 4 cilindros em linha, injeção direta, turbo

Cilindrada (cm3): 1742

Diâmetro x Curso (mm): 83 x 80,5

Taxa de Compressão: 9,25

Potência máxima (CV/rpm): 240/6000

Binário máximo (Nm/rpm): 350/2200 – 4250

Transmissão: Tração traseira, caixa automática dupla embraiagem de 6 vel.

Direção: Pinhão e cremalheira sem assistência

Suspensão (ft/tr): Independente duplo triângulo sobreposto

Travões (fr/tr): Discos ventilados

Prestações e consumos

Aceleração 0-100 km/h (s): 4,5

Velocidade máxima (km/h): 258

Consumos extra-urb./urbano/misto (l/100 km): 5,1/10,1/6,8

Emissões CO2 (gr/km): 161

Dimensões e pesos

Comprimento/Largura/Altura (mm): 3989/1868/1183

Distância entre eixos (mm): 2380

Largura de vias (fr/tr mm): 1639/1604

Peso (kg): 925

Capacidade da bagageira (l): 110

Deposito de combustível (l): 40

Pneus (fr/tr): 205/45 ZR18/235/40 ZR18

Preço da versão ensaiada (Euros): 91643€
Preço da versão base (Euros): 91643€