BMW 420d Cabrio – Ensaio

By on 29 Novembro, 2017

BMW 420d Cabrio

Texto: José Luis Abreu ([email protected])

Em condições normais, falaríamos deste BMW 420d Cabrio no verão, mas como anda a meteorologia, a magia e o encanto dos descapotáveis, em Portugal, é todo o ano…

Se olharmos de repente, para o BMW 420d Cabrio com a capota para cima, quase nem se nota que é um descapotável. Mas isso deveu-se ao facto da BMW ter escolhido para este Cabrio um teto de metal, ao invés de ‘tecido’ e a verdade é que isso, mesmo penalizando o peso do carro – inevitavelmente – melhora muito a insonorização. De resto, quase chegamos ao ponto de ter um dois em um, pois com a capota para cima é preciso mesmo muita atenção para se perceber que é mesmo um Cabrio.

Logicamente, e como se espera, este BMW 420d Cabrio é quase tão prático quanto o seu ‘irmão’ Coupé, mas oferece a enormíssima vantagem de poder andar de cabelos ao vento, o que num país como o nosso, como se tem vindo a provar insistentemente, Sol e bom tempo é ‘coisa’ que não falta.

Cerca de seis meses depois de ter chegado ao mercado o novo BMW Serie 4, surgiu o Cabrio e se ‘fechado’ apresenta uma silhueta elegante, a ‘céu aberto’ o carro é lindíssimo. As alterações colocam-no muito naturalmente mais em linha com os seus ‘irmãos’ doutras séries – uma característica da BMW em que os carros são por vezes demasiado semelhantes uns com os outros (com uma ou outra exceção) – mas a verdade é que ninguém fica indiferente a este descapotável, ainda mais esta cor, laranja com os mais belos por-do-Sol, mas se as temperaturas arrefecerem, não demora muito a recolocar a capota, cerca de 20 segundos, até mesmo em andamento..

Carroçaria

O design deste BMW Cabrio segue perfeitamente a linha dos seus irmãos da nova Série 4, por exemplo o facto de toda a parte frontal ter sofrido alterações, foram introduzidos faróis dianteiros ‘bi-led’, o design do para-choques traseiro também foi alterado, mas as diferenças face ao modelo anterior não são muito sonantes, mas sim ajustes de pormenor que enriquecem o conjunto. Na verdade, este tipo de facelifts nunca mudam demais o design do carro, pois no que está bem não se mexe… muito.

Para lá do design há algo bem mais importante, como por exemplo o facto deste carro, bem como toda a Série 4, terem agora um chasis mais rígido, com uma nova afinação de suspensão, e também um ajuste mais refinado da direção. Independentemente da ‘carga’ o carro é agora mais neutro, embora isto seja algo que se nota somente em conduções rápidas e agressivas, sendo que na maior parte da utilização que damos a um carro deste estilo, isso praticamente não se nota, a não ser que seja um condutor extremamente experiente neste tipo de veículos. A estabilidade direcional é grande, a nova afinação de direção tornou-a ainda mais precisa e informativa.

Habitáculo

Os lugares da frente do habitáculo não diferem muito do Série 4 Coupé, pelo que pode contar com um painel de instrumentos bem desenhado, funcional e ‘user-friendly’, embora não tenha o mais moderno dos designs. Depois, o já habitual BMW iDrive entre os dois bancos dianteiros. O ‘tablet’ é de dimensões generosas e com tem boa resolução. Os materiais são da qualidade de que a BMW já nos habituou.

Quanto ao espaço, se nos dois lugares da frente não há absolutamente nada a dizer, já atrás, como é hábito nos descapotáveis, mesmo sendo um Série 4 não é nada fácil ali viajar de forma confortável, talvez apenas crianças o consigam. Mas este tipo de carros é o que é, pois o facto de ser necessário espaço para ‘esconder’ a capota não permite milagres. Para além disso, a acessibilidade para os lugares traseiros do carro não é a melhor.

O bancos da frente são perfeitos, mas aqui há que ter em atenção que esta é uma das versões mais equipadas, e por isso, como o valor que referimos é sempre o base, há que ter atenção nos opcionais e no seu custo. E este carro é um perfeito exemplo com um custo sem opções de 55.200€ e com ‘elas’, 69.889€. É muita a diferença… Os bancos desportivos são opcionais e custam quase mais 500€, se quiser apoio lombar, ainda paga mais um pouco, aquecimento, idem aspas e este é o tipo de coisas que se tende a deixar de lado, para minimizar o custo já de si elevado do carro, mas depois com o passar do tempo garanto-lhe que neste caso específico não irá lamentar cada euro gasto a mais. A posição de condução é baixa mas bem adequada, a visibilidade, ainda assim, boa.

Passando para a bagageira, esta oferece 380 litros o que já de si não é uma valor de referência, mas ainda temos que contar com o facto de, com a capota baixa, a mala reduz-se a apenas 220 litros, muito pouco mesmo para bagagem de fim de semana.

Outro ponto que gostei bastante neste carro é da insonorização, que nos descapotáveis costuma estar longe de ser ótima. Neste BMW 420d Cabrio, pelo facto da solução encontrada pela BMW para a capota ser diferente, a céu aberto, o motor do 420d ouve-se bem, até porque este é bem mais barulhento que os gasolina, mas com o teto em cima, duvido que seja incomodado por esse mesmo barulho. Se pensar no facto do 420d ter custos de utilização bem mais baixos que os restantes Cabrio, esse pode ser um argumento decisivo.

Tecnologia/sistemas de informação

Em termos de tecnologias o novo Série 4 da BMW, onde se inclui este Cabrio, oferece novas aplicações de navegação, e controlos, bem como um novo estilo de visualização do menu no ecrã central de informação. Os menus mais importantes podem ser colocados de forma mais acessível no ecrã sedo que o ecrã é multi funcional, pois depende do tipo de modo de condução selecionado.

No modo de Comfort tem uma forma de visualização clássica, se selecionámos o modo Eco Pro, as tecnologias de BMW EfficientDynamics passam para primeiro plano o que ajuda à condução económica. No modo sport, aparecem na tela os instrumentos multi funcionais mais orientados ao desempenho, como a velocidade, as rotações e a potência momentânea real do motor. O sistema carrega smartphones por indução e tem acesso Wi-Fi. As portas USA na consola têm dois amperes de corrente, o que é suficiente para carregar tablets, mas não se esqueça deles com o carro desligado.

Motor/caixa

O motor é o bloco 2.0d da BMW, um propulsor que está mais do que provado e aprovado. Os 190 cv são mais do que suficientes para mover bem o 420d e em qualquer situação, sendo que com um binário de 400 Nm disponíveis logo entre as 1.750 e as 2.500 rpm, força é coisa que não falta, nem sendo sequer necessário muito acelerador para a maioria das tarefas que desempenhamos.

A caixa manual de seis velocidades liga-se bem ao motor – apesar de ter relações algo longas, portanto não espere acelerações muito rápidas – e embora as performances não sejam de exceção este BMW 420d Cabrio passa dos 0 aos 100 km/h em 8.1 segundos, isto para uma velocidade máxima de 235 km/h. Não são, como se percebe, performances de ficar com a boca aberta, mas são perfeitamente aceitáveis e suficientes para o tipo de carro. Se a ideia é outro tipo de ‘pilotagem’, não é este o modelo ideal na gama da BMW.

Ainda assim, este 420d Cabrio é bastante ágil e depois de ter tido que fazer um percurso de cerca de 30 Km em estrada sinuosa (para o rápido), mas sempre a subir ligeiramente a cada quilómetro, não é necessário estar constantemente a passar de caixa, pois o motor aguenta-se bem, sem demasiado esforço. E depois claro, temos os modos de condução, para a ‘mood’ do momento. Eco, Comfort, Sport e Sport+, e se de um para outro as diferenças não são abismais, experimente rodar em Eco e depois em Sport+ para perceber melhor o que mudou. Muito! O chassis foi ‘endurecido’ e isso nota-se na condução do 420d Cabrio, pois para um descapotável, é bem ‘durinho’.

Ao mesmo tempo, a suspensão tem um equilíbrio bastante bom entre conforto e dinâmica, embora a balança pese um pouco mais para o lado da dinâmica. Se não me tivessem dito, e entrasse no carro distraído, e o começasse imediatamente a guiar, provavelmente não iria perceber que era um descapotável, mas sim o Coupé. Mas o peso, nota-se, são 1775 Kg, mais 200 Kg que o Coupé ‘normal’. Tem que se notar. Quanto aos consumos, no ensaio que fizemos, e apesar de alguns (bons) momentos de condução mais ‘aguerrida’ e agressiva, não fomos além dos 6,5l/100 Km, que, ainda assim ficam bem longe dos 4,8 l/100 km que refere a marca.

O preço não anda muito longe da concorrência mais direta, o Audi A5 2.0 TDi Cabrio, que custa mais ou menos 52.400€ ou o Mercedes-Benz Classe C220d Cabrio, 52.000€, dependendo depois dos opcionais, mas os valores base não diferem muito.

Principais concorrentes

Depois de quase três anos de competição face a concorrência ‘datada’, tanto a Mercedes como a Audi, mandaram cá para fora os seus Classe C Cabrio e A5 Cabriolet, o que significou de imediato que este série 4 Cabrio da BMW passou de imediato a ter com que se preocupar fortemente, e daí a este ‘facelift’, uma evolução que não é revolução, mas que tem argumentos para fazer com que os clientes continuem a pensar muito bem antes de tomar as suas decisões. Não ensaiámos os dois modelos da Mercedes e da Audi, mas face aos argumentos que tem este BMW, muito provavelmente a disputa será equilibrada.

Em jeito de conclusão diria que o BMW 420d Cabrio é um carro que se guia muito bem, dá prazer a sua condução, tem um pisar muito firme, é também confortável quanto baste, e surge bem equipado de série. A tecnologia em termos de ‘infotainment’ está na linha com o melhor que hoje em dia se faz, e só é pena que seja sempre tão complicado meter quatro pessoas dentro do carro. No meu caso, sendo alto, não deixo muita margem de manobra atrás de mim, é que impossível a um adulto lá ir, mas com a esposa ao lado, lá atrás já se ‘vive’ melhor. A bagageira também não é de referência, mas quem quer um Cabrio e se preocupa demais com a bagageira, também não é algo que ‘jogue’ muito bem. Não é barato, e esta versão 420d é claramente a que apresenta valores de utilização diária mais baixos.

NOTA: As fotos são do BMW Série 4 Cabrio, não especificamente da versão 420d. Exteriormente, o carro é exatamente igual…

Mais: Vida a bordo a ‘céu aberto’/Insonorização/Teto metal

Menos: Espaço atrás/Preço

FICHA TÉCNICA

Motor: 2.0d

Potência máxima: 190 cv/4.000 rpm

Binário máximo: 400 Nm/1.750-2.500 rpm

Velocidade máxima: 235 km/h

Aceleração 0 a 100 km/h: 8,1

Consumo urbano: 5,7 l/100 km

Consumo extraurbano: 4,3 l/100 km

Consumo médio: 4,8 l/100 km

Emissões de CO2: 127 g/km

Tipo de Carroçaria: Descapotável

Número de lugares 4 (2+2)

Preços


Preço da versão ensaiada (Euros): 69889€

Preço da versão base (Euros): 55200€