DS 3 Crossback 1.2 PureTech – Ensaio Teste

By on 9 Setembro, 2019

DS 3 Crossback 1.2 PureTech Performance Line

Texto: Francisco Cruz

Cubo Mágico

Apesar dos anos que já passaram, serão raros os leitores que não conhecem o Cubo Mágico, ou Cubo de Rubik. Basicamente, um quebra-cabeças tridimensional, desconcertante na resolução. Sendo que foi um pouco assim que nos sentimos, assim que tivemos perante nós o mais recente crossover da DS, o DS 3 Crossback 1.2 PureTech Performance Line.

Conheça todas as versões e motorizações AQUI.


Mais:

Qualidade de construção e de materiais; Conforto; Posição de condução      

Menos:

Ergonomia; Desempenho pouco envolvente; Preço

Exterior

8/10

Pontuação: 8/10

Começou como um pequeno utilitário mais luxuoso, rapidamente ganhou a ambição e visual de desportivo compacto, para, já mais recentemente, adoptar também aquela que é a carroçaria do momento, ou seja, crossover; ora digam lá se não é coisa para ficarmos confusos?!… Numa altura em que já corriam rumores sobre o possível desaparecimento do modelo, a DS parece assim querer jogar uma cartada final, transformando o seu modelo de entrada e outrora pequeno citadino, num, hoje em dia, bem mais apelativo – aos olhos dos consumidores, pelo menos… – crossover. O qual, com mais esta revolução, ganhou não só um corpo mais volumoso, mas também e fruto da inspiração no novo navio-almirante DS7 Crossback, um visual bem mais… complexo.

Marcado por uma frente tão personalizada quanto… estranha ao primeiro olhar, o novo DS 3 Crossback junta depois, a este primeiro impacto, um perfil assumidamente crossover, de cintura bem elevada, pouca superfície vidrada e protecções em plástico nos limites da carroçaria. Tudo isto, complementado com uma pintura bicolor, de pilares e tejadilho a negro (tal como, aliás, as jantes em liga leve de 17″), além de uns cativantes puxadores das portas metalizados. Os quais, fundidos na carroçaria, “saltam” para fora com a aproximação da chave com sistema de acesso mãos-livres – só é pena o fraco plástico com que são fabricados, mas, ainda assim… Já na traseira, a mesma imagem futurista, ainda que – em nossa opinião, pelo menos… – mais consensual, com os farolins, esguios, interligados por um filete negro. A mesma cor da parte inferior do subido pára-choques e (supostas) saídas de ar laterais. No caso do “nosso” DS3 Crossback, a ajudar a uma imagem geral mais desportiva, a inclusão do acabamento Performance Line, sinónimo do já referido tejadilho na cor Preto Onix, além das jantes em liga leve de 17″ Dubaï Preto Onyx, pára-brisas acústico, vidros traseiros escurecidos, faróis traseiros em LED, ajuda ao estacionamento traseiro e roda sobressalente temporária de 16″. Se gostámos? Ainda estamos a decidir…

Interior

7/10

Pontuação: 7/10

No entanto, se o exterior é complexo e algo difícil de cair em graça, o habitáculo não o é menos. Desde logo, porque contrapõe soluções cativantes logo à primeira vista, a outras… bom, mais difíceis de digerir! Mas comecemos pelo positivo:  num habitáculo bem construído e em que é notória – e de elogiar!… – a atenção ao detalhe, é quase impossível não ficarmos imediatamente agradados com a qualidade da grande maioria dos revestimentos – Couro, Alcantara, metal, tecido, plástico negro brilhante, etc… Impressão que acaba reforçada com a sensação de luxo e de vanguardismo tecnológico que soluções como o painel de instrumentos 100% digital, o atraente e generoso ecrã táctil a cores destacado no topo da consola (parte do sistema de infotainment), ou até mesmo a maioria dos originais comandos, conseguem de imediato transmitir.

Contudo e tal como o Cubo Mágico, que parecia à partida fácil de resolver, rapidamente se tornava um quebra-cabeças capaz de nos levar ao desespero, também este DS3 Crossback conseguiu fazer-nos sentir, a dada altura, perdidos, perante a quantidade de soluções… desarmantes. A começar pelo design, marcado pela figura geométrica do losango, e que, especialmente na consola central, onde surgem os botões de acesso directo às diferentes funções do sistema de infotainment e restantes comandos – do aquecimento dos bancos, do ar condicionado, etc… -, condicionam a percepção e fácil localização dos mesmos; ainda que depois sejam intuitivos no operar. Mas também pela apresentação, tanto do painel de instrumentos afunilado, como do ecrã táctil de layout atractivo e… complexo, a não facilitar a compreensão.

Ou até mesmo pela colocação do botão do travão de estacionamento elétrico (solução pouco vulgar no segmento, é certo…) no seguimento dos botões dos vidros colocados sobre o túnel de transmissão, e a causar, não tão poucas vezes quanto isso, o accionamento errado do mesmo. Resumindo: opções imaginativas que, mais do que afirmarem-se pela diferença, acabam resultando, especialmente no início da adaptação a este DS 3 Crossback, em muitos “Ups!…” e “Pronto, já está!”… Quanto à posição de condução, garantida por um volante de óptima pega e banco em tecido e pele a encaixar muito bem o corpo do condutor, destaca-se pelo facto de ser baixa, bem mais do que é expectável num crossover, e com uma clara inspiração desportiva. Com o condutor a disfrutar ainda de um bom acesso à generalidade dos comandos, mas também de uma visibilidade traseira muito alta e, por, isso, a pedir a presença dos sensores e câmara com gráficos.

Para os restantes passageiros, não apenas um acesso mais difícil pelo facto de obrigar a levantar substancialmente a perna ao entrar, além da sensação de alguma claustrofobia sentida nos bancos traseiros, cujas costas surgem assumidamente verticais, mas também e pela positiva, uma boa habitabilidade na segunda fila, capaz de albergar três adultos, mercê também de um túnel de transmissão quase inexistente. Já na bagageira, uma capacidade convincente (350 litros), tendo em conta o segmento em que este DS 3 Crossback se insere, ainda que conseguida à custa de uma concepção tipo alçapão, com acesso alto face ao piso, além de com laterais irregulares; sendo também e basicamente, o que está à vista. Quanto à possibilidade, real, de rebatimento 60/40 das costas dos bancos, praticamente na horizontal, acaba por não representar vantagem real, uma vez que, embora anunciando uma capacidade aumentada para os 1.050 l, as costas ficam sempre muito altas face ao piso da mala…

Equipamento

8/10

Pontuação: 8/10

Com aspirações a um lugar entre as propostas premium – ou pelo menos quase… -, o DS 3 Crossback procura oferecer igualmente um equipamento de série cativante. Em particular, na versão por nós ensaiada, de cariz mais desportivo, denominada Performance Line. Mas que, ainda assim, reconheça-se, não esconde falhas… Entre os equipamentos a obrigar investimento extra, surge o retrovisor interior electrocromático (50€), o ecrã táctil de 10,3″ DS Connect NAV (950€), câmara de visão traseira com ajuda ao estacionamento traseiro e dianteiro (550,01€), as personalizadas DS Matrix LED Vision (1.050€), além do cada vez mais valorizado pelos condutores Pack Safety (500€), sinónimo de assistente de ângulo morto, alerta de embate frontal iminente e travagem automática. Que também tem uma versão Extended (850€), a qual engloba já sistema de leitura de sinais de trânsito. Opcional é ainda a cor exterior Gold Imperial com tejadilho preto que o nosso Crossback envergava, e que custa mais 900€. Assim, garantidos, de série, surgem pouco mais que as jantes em liga leve Dubaï Pret Onix de 17″, acompanhadas de roda sobressalente temporária de 16″, faróis traseiros em LED, ajuda ao estacionamento traseiro, vidros traseiros escurecidos, climatização automática e Pack Safety. E é só…

Consumos

/10

Pontuação: 7/10

Despachado nos andamentos, o 1.2 Puretech de 100 cv tem depois consumos agradáveis, embora também algo susceptíveis aos ritmos imprimidos. Nas nossas mãos e após um ensaio que se prolongou por vários dias, e com muita cidade pelo meio, o registo de uma média real de 8,4 l/100 km. Valor, sem dúvida, elevado para um pequeno crossover, mas que, ainda assim, tem como atenuante, a certeza de que este número pode ser mais baixo. Ainda que, para tal, seja preciso utilização demasiado racional para as pretensões deste DS 3 Crossback…

Ao Volante

8/10

Pontuação: 8/10

Compacto, (mais) alto, mas também com uma suspensão mais vocacionada para o conforto, o DS 3 Crossback 1.2 PureTech comporta-se, basicamente, como um pequeno familiar, preocupado com o bem estar do ocupantes, mais do que até em prometer – e garantir! – desempenho e prestações de acordo com a imagem e personalidade do seu propulsor. Porque, na realidade, este é um crossover concebido para o dia-a-dia e para andamentos desenvoltos mas no tráfego citadino, aproveitando a clara agilidade do conjunto, mas também uma direcção igualmente mais vocacionada para esses ambientes – realidade confirmada, aliás, nos trajectos mais sinuosos e dinamicamente mais exigentes, onde o próprio conjunto não consegue disfarçar a atitude mais permissiva da suspensão. Levando mesma a intervenções frequentes do ESP… Raramente conseguindo oferecer envolvência na condução, mas nunca perdendo o foco na segurança, referência obrigatória, neste “revolucionado” DS 3 Crossback, para a actuação das ajudas à condução, como o sistema de manutenção na faixa e alerta de embate iminente. Ambas demasiado sensíveis e bruscas, chegando mesmo a condutor e ocupantes, nas primeiras intervenções…

Motor

8/10

Pontuação: 8/10

Disponível igualmente com motores mais potentes, a gasolina e a gasóleo, inclusive tendo por base este mesmo 1.2 Puretech, a unidade que tivemos oportunidade de aqui ensaiar, envergava, no entanto, aquela que é a motorização de entrada na gama DS 3 Crossback: o tricilíndrico 1.2 Puretech de apenas 100 cv, conjugado com caixa manual de seis velocidades. Beneficiado com a presença da injecção directa e de um turbocompressor, destaque-se o facto deste pequeno três cilindros revelar, apesar da não muita potência, capacidade suficiente para garantir andamentos despachados e muito agradáveis, em especial, quando mantido acima das 2.000 rpm. E que se traduzem em prestações que passam por uma capacidade de aceleração dos 0 aos 100 km/h em menos de 11 segundos, assim como por uma velocidade máxima (anunciada) de 181 km/h. A contribuir para os andamentos, uma caixa manual de seis velocidades bem adaptada ao motor, ainda que um pouco vaga no operar, mas a ajudar às recuperações. Nas quais a sonoridade, audível, se faz notar, no entanto, de forma ainda mais notória…  

Balanço Final

8/10

Pontuação: 8/10

Verdadeiro camaleão nas transformações por que já passou ao longo de dez anos de existência, o DS 3 torna-se agora Crossback e aspirante a crossover, embora com uma postura e visual muito próprias. Tornando-se mesmo e em aspectos como a ergonomia, funcionalidade, consumos e preço, quase tão desconcertante, quanto o famoso Cubo Mágico. O que, reconheça-se, mesmo com as nossas fundamentadas dúvidas, não significa que, caindo no goto dos consumidores, não possa vir a ter um sucesso parecido ao do famoso quebra-cabeças…

Concorrentes

Audi Q2 30 TFSI Base, 999cc., 116cv, 10,1s 0-100 km/h, 197 km/h, 5,2 l/100 km, 138 g/km CO2, 28 964€

(Conheça todas as versões e motorizações AQUI)

 

 

Mini Countryman Cooper, 1.499cc., 136cv, 9,7s 0-100 km/h, 200 km/h, 5,8 l/100 km, 148 g/km CO2, 29 800€

(Conheça todas as versões e motorizações AQUI)

 

 

Mercedes-Benz GLA 180 Base, 1.595cc., 122cv, 9,0s 0-100 km/h, 200 km/h, 7,1 l/100 km, 161 g/km CO2, 35 850€

(Conheça todas as versões e motorizações AQUI)

 

 

Volvo V40 Cross Country T3 Geartronic, 1.498cc., 152cv, 8,5s 0-100 km/h, 210 km/h, 5,9 l/100 km, 173 g/km CO2, 28 942€

(Conheça todas as versões e motorizações AQUI)

Ficha Técnica

Motor

Tipo: três cilindros em linha, injecção directa, turbo e intercooler

Cilindrada (cm3): 1.199

Diâmetro x curso (mm): 75×90.5

Taxa compressão: 10.5:1

Potência máxima (cv/rpm): 100/5.500

Binário máximo (Nm/rpm): 205/1.750

Transmissão e direcção: Dianteira, com caixa manual de seis velocidades; direção de pinhão e cremalheira, com assistência eléctrica

Suspensão (fr/tr): Tipo McPherson/Eixo multibraços

Travões (fr/tr): Discos ventilados/Discos

Prestações e consumos

Aceleração: 0-100 km/h (s): 10,9

Velocidade máxima (km/h): 181

Consumos Velocidade Baixa/Média/Alta/Extrema/Consumos Mistos (l/100 km WLTP): 6,7/5,3/4,8/6,2/5,7

Emissões de CO2 (g/km WLTP): 128

Dimensões e pesos

Comprimento/Largura/Altura (mm): 4,118/1,791/1,534

Distância entre eixos (mm): 2,558

Largura das vias (fr/tr) (mm): 1.548/1.557 Peso (kg): 1.170

Capacidade da bagageira (l): 350/1.050

Depósito de combustível (l): 50

Pneus (fr/tr): 215/60 R17/215/60 R17

Mais/Menos


Mais

Qualidade de construção e de materiais; Conforto; Posição de condução      

Menos

Ergonomia; Desempenho pouco envolvente; Preço

Preços


Preço da versão ensaiada (Euros): 37059€

Preço da versão base (Euros): 30759€

Exterior
Interior
Equipamento
Consumos
Ao volante
Concorrentes
Motor
Balanço final
Ficha técnica

Exterior

Pontuação: 8/10

Começou como um pequeno utilitário mais luxuoso, rapidamente ganhou a ambição e visual de desportivo compacto, para, já mais recentemente, adoptar também aquela que é a carroçaria do momento, ou seja, crossover; ora digam lá se não é coisa para ficarmos confusos?!… Numa altura em que já corriam rumores sobre o possível desaparecimento do modelo, a DS parece assim querer jogar uma cartada final, transformando o seu modelo de entrada e outrora pequeno citadino, num, hoje em dia, bem mais apelativo – aos olhos dos consumidores, pelo menos… – crossover. O qual, com mais esta revolução, ganhou não só um corpo mais volumoso, mas também e fruto da inspiração no novo navio-almirante DS7 Crossback, um visual bem mais… complexo.

Marcado por uma frente tão personalizada quanto… estranha ao primeiro olhar, o novo DS 3 Crossback junta depois, a este primeiro impacto, um perfil assumidamente crossover, de cintura bem elevada, pouca superfície vidrada e protecções em plástico nos limites da carroçaria. Tudo isto, complementado com uma pintura bicolor, de pilares e tejadilho a negro (tal como, aliás, as jantes em liga leve de 17″), além de uns cativantes puxadores das portas metalizados. Os quais, fundidos na carroçaria, “saltam” para fora com a aproximação da chave com sistema de acesso mãos-livres – só é pena o fraco plástico com que são fabricados, mas, ainda assim… Já na traseira, a mesma imagem futurista, ainda que – em nossa opinião, pelo menos… – mais consensual, com os farolins, esguios, interligados por um filete negro. A mesma cor da parte inferior do subido pára-choques e (supostas) saídas de ar laterais. No caso do “nosso” DS3 Crossback, a ajudar a uma imagem geral mais desportiva, a inclusão do acabamento Performance Line, sinónimo do já referido tejadilho na cor Preto Onix, além das jantes em liga leve de 17″ Dubaï Preto Onyx, pára-brisas acústico, vidros traseiros escurecidos, faróis traseiros em LED, ajuda ao estacionamento traseiro e roda sobressalente temporária de 16″. Se gostámos? Ainda estamos a decidir…

Interior

Pontuação: 7/10

No entanto, se o exterior é complexo e algo difícil de cair em graça, o habitáculo não o é menos. Desde logo, porque contrapõe soluções cativantes logo à primeira vista, a outras… bom, mais difíceis de digerir! Mas comecemos pelo positivo:  num habitáculo bem construído e em que é notória – e de elogiar!… – a atenção ao detalhe, é quase impossível não ficarmos imediatamente agradados com a qualidade da grande maioria dos revestimentos – Couro, Alcantara, metal, tecido, plástico negro brilhante, etc… Impressão que acaba reforçada com a sensação de luxo e de vanguardismo tecnológico que soluções como o painel de instrumentos 100% digital, o atraente e generoso ecrã táctil a cores destacado no topo da consola (parte do sistema de infotainment), ou até mesmo a maioria dos originais comandos, conseguem de imediato transmitir.

Contudo e tal como o Cubo Mágico, que parecia à partida fácil de resolver, rapidamente se tornava um quebra-cabeças capaz de nos levar ao desespero, também este DS3 Crossback conseguiu fazer-nos sentir, a dada altura, perdidos, perante a quantidade de soluções… desarmantes. A começar pelo design, marcado pela figura geométrica do losango, e que, especialmente na consola central, onde surgem os botões de acesso directo às diferentes funções do sistema de infotainment e restantes comandos – do aquecimento dos bancos, do ar condicionado, etc… -, condicionam a percepção e fácil localização dos mesmos; ainda que depois sejam intuitivos no operar. Mas também pela apresentação, tanto do painel de instrumentos afunilado, como do ecrã táctil de layout atractivo e… complexo, a não facilitar a compreensão.

Ou até mesmo pela colocação do botão do travão de estacionamento elétrico (solução pouco vulgar no segmento, é certo…) no seguimento dos botões dos vidros colocados sobre o túnel de transmissão, e a causar, não tão poucas vezes quanto isso, o accionamento errado do mesmo. Resumindo: opções imaginativas que, mais do que afirmarem-se pela diferença, acabam resultando, especialmente no início da adaptação a este DS 3 Crossback, em muitos “Ups!…” e “Pronto, já está!”… Quanto à posição de condução, garantida por um volante de óptima pega e banco em tecido e pele a encaixar muito bem o corpo do condutor, destaca-se pelo facto de ser baixa, bem mais do que é expectável num crossover, e com uma clara inspiração desportiva. Com o condutor a disfrutar ainda de um bom acesso à generalidade dos comandos, mas também de uma visibilidade traseira muito alta e, por, isso, a pedir a presença dos sensores e câmara com gráficos.

Para os restantes passageiros, não apenas um acesso mais difícil pelo facto de obrigar a levantar substancialmente a perna ao entrar, além da sensação de alguma claustrofobia sentida nos bancos traseiros, cujas costas surgem assumidamente verticais, mas também e pela positiva, uma boa habitabilidade na segunda fila, capaz de albergar três adultos, mercê também de um túnel de transmissão quase inexistente. Já na bagageira, uma capacidade convincente (350 litros), tendo em conta o segmento em que este DS 3 Crossback se insere, ainda que conseguida à custa de uma concepção tipo alçapão, com acesso alto face ao piso, além de com laterais irregulares; sendo também e basicamente, o que está à vista. Quanto à possibilidade, real, de rebatimento 60/40 das costas dos bancos, praticamente na horizontal, acaba por não representar vantagem real, uma vez que, embora anunciando uma capacidade aumentada para os 1.050 l, as costas ficam sempre muito altas face ao piso da mala…

Equipamento

Pontuação: 8/10

Com aspirações a um lugar entre as propostas premium – ou pelo menos quase… -, o DS 3 Crossback procura oferecer igualmente um equipamento de série cativante. Em particular, na versão por nós ensaiada, de cariz mais desportivo, denominada Performance Line. Mas que, ainda assim, reconheça-se, não esconde falhas… Entre os equipamentos a obrigar investimento extra, surge o retrovisor interior electrocromático (50€), o ecrã táctil de 10,3″ DS Connect NAV (950€), câmara de visão traseira com ajuda ao estacionamento traseiro e dianteiro (550,01€), as personalizadas DS Matrix LED Vision (1.050€), além do cada vez mais valorizado pelos condutores Pack Safety (500€), sinónimo de assistente de ângulo morto, alerta de embate frontal iminente e travagem automática. Que também tem uma versão Extended (850€), a qual engloba já sistema de leitura de sinais de trânsito. Opcional é ainda a cor exterior Gold Imperial com tejadilho preto que o nosso Crossback envergava, e que custa mais 900€. Assim, garantidos, de série, surgem pouco mais que as jantes em liga leve Dubaï Pret Onix de 17″, acompanhadas de roda sobressalente temporária de 16″, faróis traseiros em LED, ajuda ao estacionamento traseiro, vidros traseiros escurecidos, climatização automática e Pack Safety. E é só…

Consumos

Pontuação: 7/10

Despachado nos andamentos, o 1.2 Puretech de 100 cv tem depois consumos agradáveis, embora também algo susceptíveis aos ritmos imprimidos. Nas nossas mãos e após um ensaio que se prolongou por vários dias, e com muita cidade pelo meio, o registo de uma média real de 8,4 l/100 km. Valor, sem dúvida, elevado para um pequeno crossover, mas que, ainda assim, tem como atenuante, a certeza de que este número pode ser mais baixo. Ainda que, para tal, seja preciso utilização demasiado racional para as pretensões deste DS 3 Crossback…

Ao volante

Pontuação: 8/10

Compacto, (mais) alto, mas também com uma suspensão mais vocacionada para o conforto, o DS 3 Crossback 1.2 PureTech comporta-se, basicamente, como um pequeno familiar, preocupado com o bem estar do ocupantes, mais do que até em prometer – e garantir! – desempenho e prestações de acordo com a imagem e personalidade do seu propulsor. Porque, na realidade, este é um crossover concebido para o dia-a-dia e para andamentos desenvoltos mas no tráfego citadino, aproveitando a clara agilidade do conjunto, mas também uma direcção igualmente mais vocacionada para esses ambientes – realidade confirmada, aliás, nos trajectos mais sinuosos e dinamicamente mais exigentes, onde o próprio conjunto não consegue disfarçar a atitude mais permissiva da suspensão. Levando mesma a intervenções frequentes do ESP… Raramente conseguindo oferecer envolvência na condução, mas nunca perdendo o foco na segurança, referência obrigatória, neste “revolucionado” DS 3 Crossback, para a actuação das ajudas à condução, como o sistema de manutenção na faixa e alerta de embate iminente. Ambas demasiado sensíveis e bruscas, chegando mesmo a condutor e ocupantes, nas primeiras intervenções…

Concorrentes

Audi Q2 30 TFSI Base, 999cc., 116cv, 10,1s 0-100 km/h, 197 km/h, 5,2 l/100 km, 138 g/km CO2, 28 964€

(Conheça todas as versões e motorizações AQUI)

 

 

Mini Countryman Cooper, 1.499cc., 136cv, 9,7s 0-100 km/h, 200 km/h, 5,8 l/100 km, 148 g/km CO2, 29 800€

(Conheça todas as versões e motorizações AQUI)

 

 

Mercedes-Benz GLA 180 Base, 1.595cc., 122cv, 9,0s 0-100 km/h, 200 km/h, 7,1 l/100 km, 161 g/km CO2, 35 850€

(Conheça todas as versões e motorizações AQUI)

 

 

Volvo V40 Cross Country T3 Geartronic, 1.498cc., 152cv, 8,5s 0-100 km/h, 210 km/h, 5,9 l/100 km, 173 g/km CO2, 28 942€

(Conheça todas as versões e motorizações AQUI)

Motor

Pontuação: 8/10

Disponível igualmente com motores mais potentes, a gasolina e a gasóleo, inclusive tendo por base este mesmo 1.2 Puretech, a unidade que tivemos oportunidade de aqui ensaiar, envergava, no entanto, aquela que é a motorização de entrada na gama DS 3 Crossback: o tricilíndrico 1.2 Puretech de apenas 100 cv, conjugado com caixa manual de seis velocidades. Beneficiado com a presença da injecção directa e de um turbocompressor, destaque-se o facto deste pequeno três cilindros revelar, apesar da não muita potência, capacidade suficiente para garantir andamentos despachados e muito agradáveis, em especial, quando mantido acima das 2.000 rpm. E que se traduzem em prestações que passam por uma capacidade de aceleração dos 0 aos 100 km/h em menos de 11 segundos, assim como por uma velocidade máxima (anunciada) de 181 km/h. A contribuir para os andamentos, uma caixa manual de seis velocidades bem adaptada ao motor, ainda que um pouco vaga no operar, mas a ajudar às recuperações. Nas quais a sonoridade, audível, se faz notar, no entanto, de forma ainda mais notória…  

Balanço final

Pontuação: 8/10

Verdadeiro camaleão nas transformações por que já passou ao longo de dez anos de existência, o DS 3 torna-se agora Crossback e aspirante a crossover, embora com uma postura e visual muito próprias. Tornando-se mesmo e em aspectos como a ergonomia, funcionalidade, consumos e preço, quase tão desconcertante, quanto o famoso Cubo Mágico. O que, reconheça-se, mesmo com as nossas fundamentadas dúvidas, não significa que, caindo no goto dos consumidores, não possa vir a ter um sucesso parecido ao do famoso quebra-cabeças…

Mais

Qualidade de construção e de materiais; Conforto; Posição de condução      

Menos

Ergonomia; Desempenho pouco envolvente; Preço

Ficha técnica

Motor

Tipo: três cilindros em linha, injecção directa, turbo e intercooler

Cilindrada (cm3): 1.199

Diâmetro x curso (mm): 75×90.5

Taxa compressão: 10.5:1

Potência máxima (cv/rpm): 100/5.500

Binário máximo (Nm/rpm): 205/1.750

Transmissão e direcção: Dianteira, com caixa manual de seis velocidades; direção de pinhão e cremalheira, com assistência eléctrica

Suspensão (fr/tr): Tipo McPherson/Eixo multibraços

Travões (fr/tr): Discos ventilados/Discos

Prestações e consumos

Aceleração: 0-100 km/h (s): 10,9

Velocidade máxima (km/h): 181

Consumos Velocidade Baixa/Média/Alta/Extrema/Consumos Mistos (l/100 km WLTP): 6,7/5,3/4,8/6,2/5,7

Emissões de CO2 (g/km WLTP): 128

Dimensões e pesos

Comprimento/Largura/Altura (mm): 4,118/1,791/1,534

Distância entre eixos (mm): 2,558

Largura das vias (fr/tr) (mm): 1.548/1.557 Peso (kg): 1.170

Capacidade da bagageira (l): 350/1.050

Depósito de combustível (l): 50

Pneus (fr/tr): 215/60 R17/215/60 R17

Preço da versão ensaiada (Euros): 37059€
Preço da versão base (Euros): 30759€