Ensaio: BMW 740LD XDRIVE

By on 31 Agosto, 2016

Transporte nobre

Há momentos em que gostamos de ser tratados como reis, inclusive quando andamos na estrada. Mas não é preciso ir ao Museu dos Coches pedir nenhuma carruagem real emprestada, uma vez que o BMW Série 7 é muito mais confortável e tem todas as amenidades modernas para uma pessoa que não tempo para conduzir

Maiores do que uma berlina de luxo, menos imponentes que uma limusine clássica à americana, as versões alongadas destacam-se mesmo assim, com as suas dimensões consideráveis, incluindo um comprimento bem superior a cinco metros. O BMW Série 7 não é exceção, com a versão longa a possuir uma aura presidencial. Ao mesmo tempo, mantém a sua identidade como um carro da marca de Munique, é mais apelativo para quem quer ter um BMW antes de querer ter um carro presidencial.

Ensaiámos o Série 7 de chassis longo na versão 740Ld. Esta não é a versão Diesel mais potente da gama (existem o 750d e 750Ld, com 381 cv e quatro turbocompressores. Sim, quatro), mas a variante biturbo de 320 cv para o bloco de três litros já tem argumentos mais que suficientes para ser a versão preferencial deste modelo. A resposta do motor já é muito boa a baixa rotação, com o binário máximo a entrar em cena ainda abaixo das 2000 rpm, e o peso total, que atinge quase as duas toneladas, não é um obstáculo para este motor. A caixa automática de oito velocidades sobe de mudança a qualquer momento, e mantém os regimes sempre baixos, mesmo na variante com afinações desportivas, o que contribui para um consumo médio baixo, na casa dos oito litros. Sim, um motor 3.0 biturbo, com 320 cv, consegue consumos realmente baixos. Mas, no fundo, nada disto interessa para quem compra o 740Ld.

Será então melhor falarmos do chassis. Não só esta versão está disponível em exclusivo com o sistema de tração integral inteligente xDrive, que trabalha bem em conjunto com o controlo de estabilidade e com vários programas de controlo eletrónico para assegurar uma excelente comportamento dinâmico, com uma direção muito precisa, e garantindo ainda um funcionamento eficaz da suspensão (triângulos duplos à frente, multilink atrás), não só como agente da estabilidade, como também do conforto. É preciso estar uma grande dose de concentração para encontrar qualquer forma do carro adornar em curva, e mesmo com mais de cinco metros de comprimentos, não há qualquer tendência do carro para fugir da linha ideal. Neste aspeto, o Série 7  longo é um dos poucos automóveis que tem um chassis quase perfeito. Mas, tal como o motor, isto também não é a razão porque um potencial comprador iria interessar-se pelo 740Ld, até mesmo no conforto, que é praticamente garantido neste segmento.

Talvez possamos falar dos equipamentos de informação e entretenimento que podem ser facilmente controlados pelo condutor através do sistema iDrive localizado entre os bancos dianteiros e do ecrã de 8,8 polegadas na consola central onde essa informação é disponibilizada, assim como a assistência ao estacionamento ou o head-up display (opcionais)… Não. Isso também não é importante.

ATRÁS É SÓ PARA MIM

O problema aqui é que tentamos fazer sempre um ensaio destes do ponto de vista do condutor, e no caso do BMW 740Ld não é o condutor que escolhe o automóvel. O ideal para andarmos neste carro é no banco de trás, com um Jarbas qualquer ao volante, enquanto o proprietário pode optar pelo trabalho ou pelo lazer quando se senta confortavelmente no Executive Lounge do Série 7 longo. E o que é o Executive Lounge? É um pacote de equipamentos que acrescenta 10 600 € ao preço final do carro, que inclui dois bancos traseiros individuais com função de massagem, climatização individual para cada banco e sistema de entretenimento individual para cada banco (um ecrã nas costas dos bancos dianteiros). E quem for no banco da direita ainda pode chegar o banco do passageiro um máximo de 90 mm à frente para transformá-lo num apoio para as pernas. Mais conforto é impossível, pois até os bancos traseiros são reclináveis (num máximo de 42,5 graus). Portanto, experimentar este carro como um condutor acaba por ser uma deceção, porque toda a ‘ação’ passa-se no banco de trás. Enquanto conduzia um automóvel executivo com 320 cv, volante desportivo, caixa automática e estabilidade total, muitas vezes olhei para o banco de trás com inveja. Numa viagem de três horas, o que eu queria era ir lá atrás, com o banco reclinado, a ver um filme e a beber um Martini. Ou então, podia ter adiantado algum trabalho. Mas quem quiser adquirir este carro com este pacote vai poder fazê-lo todos os dias.

Este 740Ld possuía outros opcionais além do Executive Lounge (incluindo um pacote desportivo M com jantes de 20 polegadas e aplicações que tornam a aerodinâmica mais eficaz) e o tejadilho em vidro Sky Lounge (para apanhar sol quando se está recostado no Executive Lounge). No total, somados todos os opcionais, é possível ultrapassar os 180 mil euros finais, mas o preço base fica abaixo dos 130 mil. Por isso, vale a pena ver o catálogo antes de comprar, pois há sempre algo de interessante.

Paulo Manuel Costa

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