Ensaio: Mercedes GLC 350e 4MATIC

By on 27 Maio, 2017

Texto: André Duarte

Já pensaram em ter um modelo com mais de 300 cv, que gastasse pouco nos percursos urbanos e fosse contido nas longas viagens, sem sair comprometido em espaço, comodidade ou requinte? Pode parecer pedir muito ou mesmo o impossível, mas o mundo evolui e o GLC 350e 4MATIC é bem prova disso. Quanto mais conduzimos SUV’s melhor percebemos o porquê da sua aceitação no mercado. Porém, há casos que trazem algo mais a este mundo, como o Mercedes GLC 350e 4MATIC.

Carta de apresentação

Exteriormente somos prendados com generosas dimensões: 4656 mm de comprimento; 1890 mm de largura e 1664 mm de altura. As formas, de delgada robustez (em que sobressaem as pinças de travão a azul), convidam-nos a um interior sóbrio, mas não surpreendente, que deixa a expectativa no ar – o que terá realmente para oferecer?

Carregamos no Start e o Mundo permanece inalterado. Caso a distração nos acompanhe, rapidamente nos lembramos que temos em mãos um modelo híbrido plug-in. Sob o capot há um motor 2.0 litros a gasolina com 211 cv e um elétrico com 116 cv. Quando combinados significam 320 cv que se colam ao chão através da tração integral 4Matic mediada por uma caixa automática de 7 velocidades. Se o primeiro precisa de gasolina para viver, o segundo, recorre a uma bateria que nos garante 34 km de autonomia exclusivamente em modo elétrico e é responsável pelas honras do início de marcha, durante a qual temos quatro opções de funcionamento: Hybrid – gestão autónoma do sistema; E-Mode – apenas modo elétrico; E-Save – poupa a carga da bateria; Charge – carregamento da bateria através do motor de combustão.

Conforme nos vamos tornando companheiros de viagem, gradualmente vamos sendo seduzidos pela sua alma, que se revela na eficácia do sistema híbrido. Taxativamente, poderíamos dizer que os consumos rondam a casa dos 6l/100 km/h, no modo Eco – a este juntam-se o Comfort; Sport; Sport + e Individual – mas este é um valor que esconde prazerosas entrelinhas que passaremos a aclarar.

Binómio de sucesso

Pegando no GLC e dispondo dos 34 km de autonomia elétrica, seguimos viagem em percurso misto, numa condução dentro da legalidade e branda no pisar do acelerador. Após os cerca de 30 km, os registos médios apresentam valores de 0,6l/100 km. Depois de 60 km, 3l/100 km e somente nos últimos 40 km o valor dobra, porque o uso fez com que da bateria sobrasse somente o nome e um motor a gasolina de 211 cv a puxar mais de duas toneladas tem que se abastecer em algum lado, à falta de alternativa, vai ao depósito. Ainda assim, 6,2l certamente não chocarão ninguém.

É aqui que se entra numa interessante equação. Enquanto temos os dois motores a funcionar em sintonia, a gestão autónoma que é feita revela-se bastante eficaz e dado que são precisas apenas cerca de 4 horas para carregarmos a bateria e 8,7 kWh na totalidade (através de uma tomada doméstica de 230 Volts), para um condutor que faça uma média diária, por exemplo, de 50 km, podem-se obter médias reais de pouco mais de 2l/100 km, com a benesse de que se irá poupar mais em percursos citadinos, ironicamente onde os carros convencionais mais combustível exigem.

ADN aventureiro

Porém os argumentos do GLC 350e vão além dos consumos. A condução transmite um constante laivo de aventura e despreocupação, proporcionado pela elevada altura ao solo e prazer ao volante. O modelo manuseia-se com toda a galanteria, com o comportamento do chassis e da suspensão pneumática Air Body Control a fazerem-nos fluir com harmonia em curva, como o leve e sereno curso de um rio, que passa calmo e nos guia no horizonte, galgando metros com suavidade. A sensação estende-se em ambientes fora de estrada, confirmando-nos a sua polivalência ao superar sem dificuldades perturbações em pisos de terra encarados na casa dos 100 km/h, colocando o nosso corpo à margem de qualquer desconforto.

Em síntese, temos em mãos um conjunto garboso, que consegue chamar a si o compromisso de um modelo com que poderíamos ir a uma despedida de solteiro à noite, ao casamento na manhã seguinte, surfar pela hora do almoço, fazer uns trilhos fora de estrada pelo final da tarde e terminar o dia com um jantar num belo restaurante à beira mar. O seu porte, linhas e postura, fazem dele um modelo que ‘veste’ bem em qualquer situação, sem nunca ser demasiado ostensivo ou pouco adequado, e sendo, simplesmente e na medida certa, o mais importante, ele próprio. Isso basta-lhe e nós agradecemos.

Mais: Conforto; Estabilidade; Consumos

Menos: Peso;

Ficha técnica

Motor de combustão – 4 cil., injeção direta de alta pressão, turbo, intercooler 1991 cc; elétrico – síncrono de íman permanente com bateria de iões de lítio

Potência motor gasolina 211 cv/5500 rpm e motor elétrico 116 cv (85 kW) – 320 cv (combinada)

Binário 350 Nm/1200-4000 rpm e 340 Nm – 560 Nm (combinado)

Transmissão integral permanente, caixa auto. de 7 vel.

Suspensão Multi-Link à frente e atrás

Travagem DV perfurados/DV

Peso 2025 kg

Mala 395l

Depósito 50l

Vel. Máx. 235 km/h (135 km/h em modo elétrico)

Aceleração 0 aos 100 km/h 5,9s

Consumo médio 2,5 l/100 km

Consumo médio AutoSport 6l/100 km

Emissões CO2 59 g/km