Peugeot 5008 1.2 PureTech Allure – Ensaio

By on 20 Novembro, 2017

Peugeot 5008 1.2 PureTech Allure

Texto: Francisco Cruz

Evolução da espécie

Motivada pelo excelente feedback conseguido com o 3008, a Peugeot repetiu a fórmula no maior dos seus monovolumes, o 5008. Não se coibindo sequer de o propor, nesta nova etapa enquanto SUV, com um bem pequenino tricilíndrico 1,2 litros de 130 cv. Face aos bons sinais dados, quem sabe se não estará aqui a saída para a não-extinção e consequente evolução da espécie?…

Numa época em que tudo o que é, ou se assemelha, a SUV e crossover, tem meio caminho andado para o sucesso, são cada vez menos os fabricantes que não enveredam por este caminho. Com alguns, como a francesa Peugeot, a oferecerem mesmo, não um, mas vários produtos do género, dos maiores aos mais pequenos, satisfazendo assim, não somente as necessidades reais, mas também o gosto de “andar à moda”, de qualquer cliente.

É o caso, por exemplo, daquele que, até há não tanto tempo quanto isso, era o monovolume de maiores dimensões na oferta da marca do leão. Mas que, com as novas tendências, decidiu despir o fato de veículo familiar puro e seguir o caminho trilhado não somente pelos irmãos 2008 e 3008, mas também por rivais como a nova Renault Espace. Juntando às já reconhecidas qualidades familiares, um visual mais moderno e aventureiro. Ou seja, bem ao gosto das novas famílias!

Exterior

Aliás e começando, precisamente, pelo “visual moderno e aventureiro”, é preciso dizer que a Peugeot deu mostras, na “transformação” deste 5008, de ter aprendido bem a lição. Já que, depois de acertar autenticamente na mouche, em particular, com o 3008 ( e que bonito é, reconheçamo-lo!…), pouco mais fez do que replicar a fórmula de sucesso, no maior dos seus ex/ainda monovolumes!

Apenas para os mais distraídos, basta recordar uma frente em tudo idêntica à do já citado 3008, com ópticas recortadas e equipadas com faróis de halogéneo e luzes diurnas em LED, grelha com pormenores em metalizado, faróis de nevoeiro com moldura também metalizada e até uma protecção inferior do motor. Com o 5008 a diferenciar-se apenas já nas laterais, resultado de um corpo mais comprido (cerca de 20 mm mais que o irmão… apesar de ambos partilharem a mesma plataforma) e com linhas do tejadilho e dos vidros mais rectilínias, mas também na traseira, graças a um pára-choques não tão subido. Sendo que, quanto ao resto, é praticamente igual!

Ainda no exterior, embora consequência do nível de equipamento Allure que a nossa viatura envergava, destaque para a presença, além das muitas aplicações metalizadas a procurarem elevar a sensação de qualidade, de jantes de 18 polegadas. Propostas de série, tal como a roda sobressalente.

Interior

Mas se o exterior basicamente replica as linhas já conhecidas do monovolume/crossover médio, no interior, o mais avantajado 5008 não muda de estratégia e repete igualmente a fórmula – o que, reconheça-se, não é propriamente mau!

Evidenciando não apenas as mesmas linhas vanguardistas, mas também a mesma óptima qualidade de construção e de materiais do irmão (um pouco) mais pequeno, o modelo maior não abdica sequer do “polémico” (nós, pelo menos, gostamos…) i-Cockpit, onde é fácil (para nós, pelo menos…) sentirmo-nos uns eleitos, pela forma quase perfeita como, enquanto condutores, somos integrados no espaço em redor. Beneficiando não somente de um peculiar mas convincente volante de dimensões mais pequenas (mas também regulável em altura e profundidade, além de revestido a excelentes materiais), como também de um banco multiregulável, com bom apoio e confortável. E que oferece ainda um óptimo e correcto acesso à generalidade dos comandos dispostos em redor do condutor; melhor, até, do que, por exemplo, a visibilidade traseira. Dificuldade atenuada, no entanto, com a inclusão, no equipamento de série, da ajuda traseira ao estacionamento, a que se pode ainda acrescentar a câmara traseira (Visiopark, por 250€) ou, até mesmo, o chamado Park City 2 – assistência activa ao estacionamento longitudinal ou perpendicular (Park Assist), e câmaras dianteiras e de marcha-atrás com projecção no ecrã táctil (Visiopark 2), tudo por 600€.

Num habitáculo pleno de sofisticação e óptimas sensações, além de com vários espaços de arrumação, destaque ainda para a habitabilidade, digna de um verdadeiro e genuíno monovolume, com muito espaço e conforto para os ocupantes, em particular, nas duas primeiras filas. A segunda das quais, com três bancos individuais, todos eles reguláveis, tanto em profundidade, como no rebatimento das costas totalmente na horizontal, ou ainda na forma como avançam para permitir o acesso à terceira fila. Esta última, composta de mais dois bancos individuais, perfeitamente integrados no piso quando não em uso, mas também de fácil montagem a partir da bagageira. Ainda que, em termos de espaço e conforto, distantes dos restantes, já que não só limitam a altura a ocupantes com não mais que 1,75 m, como obrigam qualquer adulto a viajar com os joelhos mais altos que a bacia. Ou seja, numa posição que acaba por tornar-se cansativa.

E já que estamos a falar do espaço lá atrás, uma palavra igualmente para a capacidade de carga deste “transformado” 5008, a qual pode chegar aos 1.862 litros, mediante o rebatimento totalmente na horizontal das duas últimas filas. Beneficiando, nessa configuração de um piso totalmente plano e sem frestas, além de um excelente acesso e plano de carga. Sendo que, com os sete lugares em uso, mantém-se ainda uma “faixa” entre os bancos e portão, para transporte de alguns sacos.

Equipamento

Embora tratando-se de uma versão intermédia, posicionada logo acima do nível de equipamento de entrada Active e ainda antes dos GT’s (GT Line e GT), a verdade é que pouco ou nada falta a esta versão Allure. A qual mostra ser uma excelente escolha, desde logo, por já incluir praticamente tudo o que é necessário para fazer do 5008 um produto de óptima qualidade, sofisticado e atraente.

Entre os equipamentos presentes, destaque, desde logo, em termos de segurança e ajuda à condução, para soluções como os seis airbags, controlo dinâmico de estabilidade (CDS) com antipatinagem electrónica (ASR), sistema de aviso de perda de pressão nos pneus, travão de estacionamento eléctrico, faróis de nevoeiro, ajuda gráfica e sonora ao estacionamento dianteiro, alerta de transposição involuntária de faixa, sistema de detecção de fadiga, reconhecimento dos painéis de velocidade e Cruise Control.

Já no domínio da multimédia, navegação e conforto, vale a pena referir o completo sistema de informação e entretenimento, que congrega igualmente todas as funções relativas ao conforto e de assistência à condução, com ecrã táctil de 8″, ligeiramente virado para o condutor, e a que se junta o painel de instrumentos digital de 12,3″, o Connect Nav 3D e a Peugeot Connect Box, as cortinas pára-sol laterais na 2ª fila, as mesas tipo avião na 2ª fila e a segurança elétrica para as portas traseiras, o pack Visibilidade e a iluminação interior em LED. Sendo que, para aqueles que pretendam um automóvel ainda mais recheado, existe sempre a possibilidade de incluir ainda os faróis “Peugeot Full LED Technology” (1.200€), o alarme volumétrico e perimétrico com supertrancamento (300€), o sistema de ajuda à tracção “Advanced Grip Control” (300€),  o Pack Safety Plus (450€), o acesso e ligação mãos-livres (400€), o tecto de abrir panorâmico (1.300€), o portão traseiro eléctrico “Easy Open” (850€), o Pack Eléctrico com Pack Massagem (1.300€) e o sistema de som Focal (850€), entre outros.

Ao volante

Disponível entre nós também com uma motorização turbodiesel 1,6 litros de 120 cv, à partida, bem mas apelativa, o Peugeot 5008 que nos calhou em sorte exibia, no entanto, um bem mais invulgar 1.2 PureTech a gasolina. Tricilíndrico de apenas 1.199 cc., que, equipado ao mesmo tempo com sistema de injecção directa e turbocompressor, debita, naquela que é a sua versão potente, 130 cv. E que, mesmo quando confrontado – como era o caso… – com um conjunto cujo peso supera as 1,3 toneladas, consegue, ainda assim, ser uma agradável surpresa!

Conjugado com uma caixa manual de seis velocidades, agradável também no accionamento, este pequeno 1.2 assume-se, assim, como um excelente exemplo da franca evolução e até mais-valia que as novas motorizações a gasolina representam. Neste caso, não apenas por oferecer uma aceleração muito linear e até despachada, mas também por fazê-lo com uma excelente insonorização e discrição no funcionamento. Sendo que, para os momentos em que pretendemos ainda um pouco mais de nervo, existe um botão “Sport”, junto à manete da caixa de velocidades, que, uma vez accionado, faz-se notar de duas formas: através do aparecimento de uma curiosa designação “Desporto” no painel de instrumentos, mas, principalmente, através de um extra de potência que, de imediato, se faz sentir, tornando o 5008 ainda mais voluntarioso.

De resto, seleccionado este modo, é também a direcção, competente e já de si um pouco mais pesada, que ganha um acréscimo de desportividade nas sensações. Isto, a acompanhar um comportamento que não deixa ter um certo feelling, graças a uma suspensão um pouco mais firme e intuitiva, mas ainda assim confortável. E a que, apesar das dimensões do conjunto, não deixa de contribuir para uma boa dose de agilidade.

No entanto, também é verdade que, durante os dias que tivemos oportunidades de conduzir este Peugeot 5008, nunca tivemos oportunidade de fazê-lo com plena carga, ou seja, com 7 ocupantes a bordo, e bagagens. Situação que, não temos dúvidas, terá as suas repercussões, cortando, certamente, bastante do ânimo que o modelo revela com apenas quatro ocupantes. Além de acentuando aquele que é, em nossa opinião, o aspecto mais negativo deste monovolume, agora também crossover: os consumos. Os quais se situam, na realidade, muito acima dos 4,8 l/100 km anunciados para uma utilização mista, e bem mais perto dos 9 l/100 km!

Valha-nos, pelo menos, o facto de, mesmo sem Via Verde, não pagar mais que Classe 1 nas portagens…

Resumindo…

Aspirante a rei da selva entre os animais de maior porte, ainda que e como todos os outros da sua espécie, a enfrentar o risco de extinção, o Peugeot 5008 tenta a salvação, evoluindo. Mais concretamente, juntando às qualidades que há muito lhe são reconhecidas, como o espaço, habitabilidade e funcionalidade, atributos mais em voga, como é o caso da roupagem mais aventureira. Além de e neste caso, um motor que, há apenas alguns anos atrás, dificilmente envergaria. No entanto e face aos bons resultados, tanto na imagem como na desenvoltura, quem sabe se não estará aqui a salvação da espécie?…

FICHA TÉCNICA

Motor 

Tipo – Três cilindros em linha, injecção directa, turbo e intercooler

Cilindrada (cm3) – 1199

Diâmetro x curso (mm) – 75×90.5

Taxa compressão – 10.5:1

Potência máxima (cv/rpm) – 131/5.500

Binário máximo (Nm/rpm) – 230/1.750

Transmissão, direcção, suspensão e travões

Transmissão e direcção – Dianteira, com caixa manual de seis velocidades; direção de pinhão e cremalheira, com assistência eléctrica

Suspensão (fr/tr) – Tipo McPherson; Eixo de torção

Travões (fr/tr) – Discos ventilados/Discos

Prestações e consumos 

Aceleração 0-100 km/h (s) – 10,9

Velocidade máxima (km/h) – 188

Consumos Extra-urb./urbano/misto (l/100 km) – 4,5/6,0/5,1

Emissões de CO2 (g/km) – 117

Dimensões e pesos

Comprimento/Largura/Altura (mm): 4,641/1,844/1,651

Distância entre eixos (mm) – 2,840

Largura das vias (fr/tr) (mm) – 1.593/1.601

Peso (kg) – 1.385

Capacidade da bagageira (l) – 702/1.862

Depósito de combustível (l) – 56

Pneus (fr/tr) – 225/55 R18/225/55 R18

Preços


Preço da versão ensaiada (Euros): 34380€

Preço da versão base (Euros): €