Renault Grand Scénic dCi 110 Hybrid Assist – Ensaio

By on 12 Fevereiro, 2018

Renault Grand Scénic dCi 110 Hybrid Assist

Texto: Francisco Cruz

A caminho do futuro

Numa época em que a hibridização surge como o passo intermédio para a maioria dos construtores, a Renault só agora estreia a tecnologia, introduzindo-a na Grand Scénic. Monovolume de dimensões generosas que, graças ao incremento eléctrico, ganha mais desenvoltura, melhores consumos, além de um preço mais acessível. E que pode bem ser o primeiro passo rumo a um outro futuro.

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Até aqui mais conhecida pela aposta declarada na mobilidade exclusivamente eléctrica, nomeadamente com modelos como o Zoe, a Renault decidiu fazer uma ligeira travagem na evolução (galopante) do Automóvel, dando a conhecer aquele que é o seu primeiro modelo híbrido: a Renault Scénic dCi 100 Hybrid Assist. Basicamente, uma variante alternativa do famoso monovolume francês, que, apostando numa solução eléctrica simplificada, em apoio de um inesperado motor de combustão a gasóleo (a maior parte das marcas tem optado, neste tipo de soluções, por motores a gasolina), promete, na pior das hipóteses, garantir uma presença condigna à marca francesa, num domínio em que ainda não tinha qualquer representante. E que, acrescente-se, face às escolhas feitas, nem sequer terá rival directo!

Exterior

Hoje em dia única variante do modelo disponível em Portugal, consequência da decisão da Renault Portuguesa de não comercializar o Scénic de cinco lugares, penalizado pelo facto de ter de pagar Classe 2 nas portagens, sem poder contar com a atenuante resultante dos sete lugares, a verdade é que, tanto a Grand Scénic, como o irmão mais pequeno, exibem, hoje em dia, visuais bem distintos e mais atraentes, dos ostentados pelas respectivas anteriores gerações. Com o modelo maior a não esconder (tal como a versão de 5 lugares, aliás) as semelhanças com aquela que é a referência entre os monovolumes da marca francesa, a Espace. Mostrando-se, também graças à inclusão, de série, de soluções como as luzes diurnas em LED integradas nas ópticas ou às jantes de 20 polegadas, uma proposta de linhas bastante modernas e cativantes.

Denunciador de que se trata de uma versão de propulsão alternativa, apenas a assinatura “Hybrid Assist” colocada no portão traseiro, ou, quando observado o interior, o pequeno indicador de consumo eléctrico ou de recuperação de energia, localizado no canto superior esquerdo, ao lado do velocímetro. Pois, em tudo o resto, esta Grand Scénic pouco ou nada muda face às restantes…

Interior

Aliás, a confirmação desse primado, que, no entanto, deverá ser entendido como uma mais-valia, transparece de praticamente todos os elementos do interior. Com a nova Grand Scénic a ostentar uma clara melhoria em termos de qualidade de construção e, especialmente, no que aos materiais diz respeito, sem esquecer uma maior atenção ao pormenor. Perceptível, por exemplo, em opções como os pespontos em cor contrastante que marcam o tablier, do qual faz igualmente parte não apenas um painel de instrumentos digital e cujo layout muda consoante o modo de condução escolhido (Sport, Comfort, Eco, Neutral e Perso) no Multi-Sense, mas principalmente o já conhecido e enorme ecrã digital táctil (8,7″) do R-Link 2, central de comando para praticamente tudo o que diz respeito ao automóvel – do sistema de som à navegação 3D, do ar condicionado aos vários sistemas de ajuda (passiva e activa) à condução.

Tecnologicamente evoluído, o Grand Scénic é também extremamente confortável. A começar nos bancos, em pele e tecido, com os dianteiros idênticos aos da Espace, ao passo que os da segunda fila, de fácil acesso mas já não individuais (têm agora uma divisão 60/40), ajustam não apenas em profundidade, como reclinam e rebatem as costas, de forma a facilitar o acesso à terceira fila.

Constituída por dois bancos individuais, perfeitamente integrados no piso quando não em uso, mas também fáceis de montar a partir da mala, estes dois últimos lugares padecem, no entanto, não somente um acesso um pouco mais difícil (sair, então, ainda mais), como também de bastante menos espaço do que em qualquer uma das restantes filas. Situação que os torna mais indicados para ocupantes mais jovens.

E se o conforto é elevado, a funcionalidade não o é menos, com o novo Grand Scenic a oferece um total de 63 espaços de arrumação espalhados pelo habitáculo, com destaque para o novo porta-luvas, tipo gaveta e em tudo idêntico ao do Captur. Sem esquecer outras soluções, como é o caso da consola central colocada entre os lugares da frente e deslizante (e que esconde, por baixo, uma prateleira); do banco dianteiro do passageiro que pode ser transformado em mesa; ou ainda das mesas tipo avião, nas costas dos bancos da frente. Sendo que, a tudo isto, há ainda que somar ainda uma bagageira a anunciar 596 litros quando com apenas cinco lugares em uso, e onde não falta um alçapão (logo à entrada) e até um lugar específico para arrumar a chapeleira (extensível), quando não em uso.

Equipamento

Disponível, nesta motorização híbrida, apenas no nível de equipamento Intens, a verdade é que não faltam motivos de satisfação, quando a bordo deste Grand Scénic Hybrid Assist. A começar, desde logo, pelos equipamentos de segurança e de ajuda à condução, com destaque para a inclusão, desde a versão mais básica, do alerta de detecção de fadiga, controlo electrónico de estabiilidade (ESP) com ABS e sistema de travagem de emergência activa, alerta de transposição involuntária da faixa de rodagem, aviso de excesso de velocidade com reconhecimento de sinais de trânsito, comutação automática das luzes na estrada/cruzamento, regulador/limitador de velocidade, sistema de ajuda ao estacionamento dianteiro/traseiro com câmara de marcha-atrás, sistema de travagem de emergência activa com detecção de peões, conselhos de condução (ECO Monitoring), Renault Multi-Sense, sistema de ajuda ao arranque em subida e travão de estacionamento assistido.

Igualmente presentes, o Cartão Renault Mãos Livres com acesso ao habitáculo e arranque do motor, o ar condicionado bi-zona, sensores de chuva e luminosidade e o já referido R-Link 2, entre muitos outros argumentos. Já para não falar nos 5 anos de garantia.

Condução

Praticamente igual às restantes variantes naquilo que está à vista, o Renault Grand Scénic dCi 110 Hybrid Assist é, no entanto, substancialmente diferente em muito daquilo que está debaixo do capot dianteiro. Onde, além de um já bem conhecido quatro cilindros 1,5 litros turbodiesel de 110 cv e 260 Nm, surge ainda um pequeno motor eléctrico de 10 kW. Que, apoiado por uma bateria de iões de lítio de 48V, cujo carregamento se faz apenas e só com o aproveitamento da energia desperdiçada na travagem e na desaceleração, contribui para assegurar um pouco mais (+15 Nm) de ânimo, a partir do momento em que tocamos no acelerador. E, isto, sem prejuízo em termos de consumos e emissões.

Utilizando uma outra bateria acessória de 12V como forma de garantir energia para sistemas acessórios como as luzes, o limpa pára-brisas ou o ABS, a verdade é que, mesmo sem contemplar a possibilidade do Grand Scénic circular em modo exclusivamente eléctrico, o sistema aplicado pela Renault não deixa de afirmar a sua validade na forma como contribui para uma maior desenvoltura no trânsito, Na maior parte das vezes, sem desnecessárias manifestações sonoras (boa insonorização), com uma resposta pronta desde os regimes mais baixos e com consumos que, não chegando aos 3,6 l/100 km prometidos pela marca, não deixaram de ser convincentes, com médias apuradas de 5,0 l/100 km.

Notória, por outro lado, é a sensação de travagem que ser faz sentir, sempre que tiramos o pé do acelerador, resultado da entrada em acção do sistema de recuperação de energia. Algo que, inclusivamente, podemos ir constatando, através da observação do pequeno indicador junto ao velocímetro. Isto, ao mesmo tempo que vamos disfrutando de um comportamento claramente familiar, fruto de uma suspensão mais preocupada com o conforto que com questões de eficácia, além de e a exemplo da direcção, um tudo-nada filtrada em demasia. Decorrências, no fundo, de uma proposta que, inquestionavelmente, é para ser disfrutada em família. E, agora, de forma especialmente poupada…

Concluindo…

Sem grandes inovações ou revoluções tecnológicas, mas optando, antes, por uma solução simples e já bem conhecida, a Renault colocou a sua primeira “lança” em território híbrido. Ofensiva reforçada com a opção por uma proposta de cariz verdadeiramente familiar como é a Grand Scénic, a qual, anunciando nesta versão consumos e emissões mais baixos, a par de uma resposta mais pronta e um preço, ainda assim, apetecível, pode muito bem vir a ser o futuro de muitas famílias. Em particular, as mais numerosas ou necessitadas de espaço!

Mais: habitabilidade, consumos, complementaridade diesel/híbrido.

Menos: comportamento demasiado filtrado, sensibilidade do sistema de travagem autónoma, segunda fila sem bancos individuais.

Concorrentes

Toyota Prius Plus híbrido

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FICHA TÉCNICA

Renault Grand Scénic dCi 110 Hybrid Assist

Motor

Tipo: quatro cilindros em linha, turbocompressor de geometria variável com intercooler e injecção directa common-rail

Cilindrada (cm3): 1.461

Diâmetro x curso (mm): 76×80,5

Taxa compressão: 15,5:1

Potência máxima (cv/rpm): 110/4.000 (14 cv do motor eléctrico)

Binário máximo (Nm/rpm): 260/1.750 (15 Nm do motor eléctrico)

Transmissão, direcção, suspensão e travões

Transmissão e direcção: Dianteira, com caixa manual de seis velocidades; direção de pinhão e cremalheira, com assistência eléctrica

Suspensão (fr/tr): Tipo McPherson com molas helicoidais; Multi-link com molas helicoidais

Travões (fr/tr): Discos ventilados/Discos

Prestações e consumos

Aceleração: 0-100 km/h (s): 12,4

Velocidade máxima (km/h): 184

Consumos urbano/extra-urb./misto (l/100 km): 4,1/3,6/3,5

Emissões de CO2 (g/km): 94

Dimensões e pesos

Comprimento/Largura/Altura (mm): 4,634/1,866/1,655

Distância entre eixos (mm): 2,804

Largura das vias (fr/tr) (mm): 1.602/1.596

Peso (kg): 1.615

Capacidade da bagageira (l): 533 (189 litros com três filas de bancos)

Depósito de combustível (l): 53

Pneus (fr/tr): 195/55 R20 / 195/55 R20

Preço da versão ensaiada (Euros): 35.920€

Preços


Preço da versão ensaiada (Euros): 35920€

Preço da versão base (Euros): €