Renault Koleos Blue dCi 150 Initiale Paris – Ensaio Teste

By on 16 Janeiro, 2020

Melhor que o original

Desde que a Renault percebeu que o Koleos original era uma tragédia coreana e tratou de arrepiar caminho deixando cair o “machado”, em 2010, que a casa francesa estava ausente do segmento com algo mais substancial que a réplica do Qashqai chamada Kadjar. O segundo andamento do Koleos é muito diferente e, evidentemente, muito melhor que o original.

José Manuel Costa ([email protected])

A favor – Habitabilidade, equipamento, condução

Contra – Só cinco lugares, alguns detalhes de acabamento

Arriscar usar o mesmo nome que esteve ligado a um dos maiores desastres da Renault é um ato de coragem, maior ainda se pensarmos que a casa gaulesa quer colar o Koleos aos modelos da Land Rover e das marcas alemães. Ousadia, direi eu, pois o novo SUV da Renault é, evidentemente, rival do “irmão” Nissan X-Trail e de uma série de orientais como o Kia Sorento, Hyundai Santa Fé ou o Skoda Kodiaq. 

Interior mega espaçoso

Curiosamente, a Renault entendeu não oferecer ao Koleos a possibilidade de ter sete lugares porque… não quis estragar a proporção do estilo do carro, argumentando, ainda, que não desejava fazer uma corcunda na carroçaria para depois ter sete lugares acanhados. Porém, para quem tem uma das maiores distâncias entre eixos do segmento (2705 mm) esta argumentação faria pouco sentido. E digo faria, porque depois de entrar no Koleos encontrei um verdadeiro salão sobre rodas que nos recebe com um ambiente igual ao que encontramos no Espace, Talisman, Megane, enfim, nos novos Renault. Portanto destaque para o enorme tablet, perdão, ecrã, na consola central com os comandos da climatização iguaizinhos aos de outros Renault, bem como o painel de instrumentos e o volante. Nada de fundamentalmente excitante neste particular. Até porque comparado com o novo Clio e com o Captur, o tabliê envelheceu de forma evidente.

A qualidade de construção e de materiais é correta, sem grandes preciosismos ou detalhes únicos e a posição de condução, essa sim, é penalizada pela forma como o Koleos está desenhado. É preciso levantar muito o banco para perceber, ainda que vagamente, onde estão os limites da frente. 

Igualmente em bom nível está o conforto e a facilidade em rebater os bancos traseiros que dá acesso a 1706 litros de capacidade (são 530 litros com os bancos na posição normal o que é uma pequena deceção pois os rivais fazem melhor), sendo possível abrir o portão traseiro, automático, com um gesto debaixo do para choques. Elegante e um toque Premium. Nenhuma crítica, assim, pode ser feita quer á habitabilidade, quer á funcionalidade ou, ainda, à praticabilidade do interior do Koleos.

Estilo típico Renault

Voltando à questão da proporcionalidade das formas, cuja preservação levou à não oferta de sete lugares, tenho de dizer que é um argumento estranho até porque o Koleos é musculado, mas tem todos os tiques da linguagem de estilo da Renault. Ou seja, parece que Laurens van der Acker tem como desejo secreto levar todos a decorarem de forma indelével o símbolo da Renault sem se preocuparem com o resto do carro. A frente é imponente com os faróis em C, luzes LED, cromados a gosto nesta versão Initiale Paris, o logótipo da marca francesa em destaque, espraiando-se sobre um corpo robusto, musculado que até tem o seu encanto e charme. As jantes de 19 polegadas ajudam a compor o estilo musculado. Depois há detalhes interessantes como as portas cobrirem as embaladeiras para não sujarmos as calças, o portão traseiro elétrico e as portas abrem num ângulo generoso.

Motorização diesel e tração dianteira

O Koleos oferece, agora, o motor 1.7 Blue dCi com 150 CV e 340 Nm, com caixa X-Tronic, ou seja, uma caixa CVT. A Renault, juntamente com a Nissan (de onde veio a caixa…) insiste em usar uma unidade de variação contínua, acreditando que é uma excelente opção. A verdade é que tive de engolir os impropérios que disse quando percebi que a Renault só vende o Koleos, em Portugal, com esta caixa, pois os homens da Aliança Renault Nissan conseguiram que o barulho do motor rime com a velocidade momentânea e até as sete velocidades artificiais que a caixa oferece, funcionam razoavelmente bem. Ou seja, em certos momentos nem me lembrei que o Koleos tem uma caixa CVT. O motor é suficientemente forte para mover os quase 1700 kgs do Koleos, dando-lhe uma agilidade expressa nos 190 km/h e nos 11,8 segundos dos 0-100 km/h. Quanto aos consumos, não são extraordinários, com uma média de 5,4 litros, que é impossível de ser cumprida. A media do ensaio ficou nos 6,2 l/100 km, um valor razoável.

Comportamento refinado

Acertada a posição de condução – e feita a medição empírica de onde está a frente do carro – chegou a hora de colocar em ação o Koleos. Imediatamente se percebe que a afinação do carro privilegia o conforto, o que não espanta já que este é um carro de família. Em auto estrada, é soberbo o conforto, silêncio e agradabilidade, graças a um sistema de info entretenimento de qualidade com ligações ao exterior e ao seu smartphone. Curiosamente, na pequena renovação efetuada o ano passado, o carro deixou de ser tão confortável e suave, com uma direção muito direta para um carro destes, mas desprovida de sensibilidade. O carro controla bem os movimentos da carroçaria, mas sem ser duro ou desconfortável, sendo capaz de “engolir” lombas e outras imperfeições. Se atacarmos uma estrada com curvas para a esquerda e direita a sucederem-se sem muito descanso, o Koleos perde eficácia, o eixo dianteiro perde a aderência e somos forçados a baixar a velocidade. Isto não quer dizer que o Koleos seja um carro difícil de conduzir. Nada disso! Apenas não aceita ser brutalizado em estrada, mantendo-se fiel ao seu principio de carro familiar, confortável, seguro e acolhedor. Almas desportivas, por favor, abstenham-se!

Veredicto

Melhor, muito melhor mesmo que o original, este segundo andamento do Koleos tem muitos predicados que o recomendam, nomeadamente, conforto, agradabilidade a bordo, qualidade, habitabilidade e equipamento. O motor e, sobretudo, a caixa CVT, não merecem grandes reparos e neste conjunto de qualidade, o Koleos pede meças aos seus verdadeiros rivais que acima elenco. Apesar de carregado de equipamento, os 50.840 euros pedidos são razões mais que suficientes para que o SUV grande da Renault não tenha um grande sucesso entre nós.

FICHA TÉCNICA

Renault Koleos Blue dCi 150 X-Tronic Initiale Paris

Motor4 cilindros em linha, injeção direta, turbo; Cilindrada (cm3)1749; Diâmetro x curso (mm)80 x 87;Taxa compressãond; Potência máxima (cv/rpm)150/3500; Binário máximo (Nm/rpm)340/1750; Transmissão e direcçãoTração dianteira, caixa CVT com modo manual de 7 vel.; direção de pinhão e cremalheira, com assistência elétrica; Suspensão(fr/tr)Independente tipo McPherson; independente, multibraços; Dimensões e pesos(mm)Comp./largura/altura 4673/1813/1667; distância entre eixos 2705; largura de vias (fr/tr) 1591/1586; travões fr/tr. Discos vent; Peso (kg)1683; Capacidade da bagageira (l)498/1706; Depósito de combustível (l)60; Pneus (fr/tr)225/55 R19; Prestações e consumos aceleração 0-100 km/h (s) 11,8; velocidade máxima (km/h) 190; Consumos Extra-urb./urbano/misto (l/100 km) 4,9/6,1/5,4 (consumo real medido 6,7 l/100 km); emissões de CO2 (g/km) 143; Preço da versão ensaiada (Euros)50.840