TESLA MODEL 3 PEFORMANCE – Ensaio Teste

By on 25 Abril, 2019

Tesla Model 3 Performance

Texto: José Manuel Costa ([email protected])

Fenómeno elétrico

Tal como o iPhone continua a distinguir os mais abonados dos remediados ou os que tem mais acesso ao crédito que os restantes, um Tesla é um símbolo de sucesso ou de abastança. E digo isto sem ponta de ciúme ou inveja. É uma constatação! Hoje, muita gente consegue ter um iPhone e muitos andam doidos para comprar um Tesla. Este Model 3 começa nos 48.900 euros (com 415 km de autonomia), segue-se o Long Range por 59.600 euros (560 km de autonomia) e o Performance, o modelo que serviu o ensaio do AUTOMAIS, que custa 69.700 euros, uma autonomia de 530 km e uma aceleração 0-100 km/h em 3,4 segundos com uma velocidade máxima de 261 km/h. Olhando assim, é normal começar a salivar e a verdade é que, reconheço sem problema nenhum, o Model 3 é um carro muito agradável de utilizar. E digo sem nenhuma dificuldade: adorei o Tesla Model 3!

Conheça todas as versões e motorizações AQUI.


Mais:

Tecnologia, Habitabilidade, Performance, Comportamento

 

 

 

Menos:

Preço

Exterior

7/10

Pontuação 7/10

O Model 3 é um carro mais compacto que o Model S e o gigante Model X, sendo um rival do BMW Série 3, Mercedes Classe C, enfim, a nata dos modelos deste segmento. Com 4,7 metros de comprimento, continua a ser um carro grande que acaba por se situar entre o semento do Classe C e o do Classe E pois é maior que o primeiro e ligeiramente mais pequeno que o segundo. O estilo é típico da Tesla, ou seja, arredondado e com um amplo habitáculo. Uma superfície vidrada generosa, um estilo agradável à vista onde o ponto menos conseguido é a frente, pois a ausência total de uma grelha deixa o carro sem graça visto de frente. Uma grelha ajudaria a complementar os faróis desenhados com inspiração na Ferrari. A qualidade de construção é boa mesmo que hajam ali um ou outro detalhe que não deveria existir. Mas como o tesla Model 3 é caro não pela qualidade, mas pela tecnologia, perdoou-o.

Interior

8/10

Pontuação 8/10

Abertas as portas com o cartão encostado ao pilar B e uma pega sui géneris – o estilo, sempre o estilo – entramos num mundo muito diferente e minimalista. Minimalista é força de expressão. Sentados, temos à nossa frente um volante, pequeno e que mais parece um daqueles da Thrustmaster, com dois pequenos botões – de qualidade fraquinha, diga-se – duas alavancas (uma para o esguicho do láva vidros a outra para colocar o carro em P, D, R ou N) e um tabliê que não tem mais que as grelhas de saída do ar do sistema de climatização a toda a largura do carro. A consola central não tem lá nada, apenas um enorme porta luvas e o sensor onde se encosta o cartão de crédito, perdão, de acesso para que o sistema “acorde”. O modelo que serviu este ensaio é uma barra de madeira de cor suave.

O destaque do interior é o ecrã de 15 polegadas – maior que um iPad Pro! –  e o deserto de botões físicos. Apenas os do volante que não têm indicações, pois as atualizações de software feitas via internet podem mudar a sua função. Claro que nas portas estão lá os comandos dos vidros elétricos e o botão que abre a porta. No tejadilho, está uma mini consola onde está o botão que liga os quatro indicadores de mudança de direção e o “e-call” agora obrigatório. Dizer que escondido por baixo do encosto de braços do forro da porta, está um manípulo para abrir a porta caso o sistema elétrico de botão tenha uma falha.

Tudo está reunido no ecrã gigante, desde o controlo do limpa para brisas, do sistema de som, da forma como o carro se comporta, os dois modos de condução, enfim, tudo!

O espaço interior, graças á arrumação do sistema elétrico e das baterias, é amplo e a bagageira também é generosa, pois há espaço atrás e á frente. O teto panorâmico e a ampla superfície vidrada oferece uma excelente visibilidade para os passageiros, pois para o condutor, a forma da traseira é uma dor de cabeça, resolvida com a câmara de visão traseira, um opcional.

O rebatimento do banco traseiro permite que cargas mais compridas possam ser levadas dentro do Model 3 sem problemas.

Olhando para a qualidade de matérias e de montagem, claramente o Tesla está um passo atrás daquilo que se faz na Europa. Porém, sendo ultra minimalista, há menos coisas para nos distrairmos e com o foco no ecrã gigante colocado a meio do carro, não ligamos a detalhes que, francamente, não deveriam existir num carro deste preço. Não custa muito perceber que se houvesse mais coisas como num Model S, o Model 3 ficaria exposto e mostraria uma qualidade mediana.

No ecrã central, há uma divisão onde uma parte mais estreita e próxima do condutor, oferece informações para ele. Falamos da velocidade, aproximação aos obstáculos, o controlo do limpa para brisas, e o ambiente no tráfego em redor do carro. A autonomia e a carga da bateria também está nesta parte do ecrã.

Depois, a outra parte tem o mapa feito com imagens do Google Maps e os ecrãs do controlo de tudo o que se passa no Model 3. Falamos do sistema de navegação, das definições do carro, dos modos de condução, luzes, enfim, tudo. O Autopiloto também é controlado através do ecrã, o sistema de climatização – que tem o controlo das grelhas de saída de ar feito através de gestos como num smartphone – o ajuste do volante (em altura e profundidade), alterar a assistência da direção, tantas e tantas coisas. Uma paródia que deve experimentar com o carro parado, por favor!

O Tesla, lá está, é como um smartphone. Deverá memorizar os atalhos para chegar mais depressa ás funções que deseja, mas prepare-se que não é coisa que se despache numa mão cheia de minutos. Depois, vem a paródia: pode aceder ao modo Mars (o mapa passa a ter a superfície do planeta vermelho), se estiver disponível o Autopilot e estiver ligado, o modo Santa transforma o ícone do carro num treno do pai Natal, a estrada é um arco iris e os restantes carros são renas. E se mergulhar nas aplicações, descobrirá uma gama enorme de antigos jogos de arcada que pode jogar com os comandos do volante! De chorar a rir. Ou de o levar a um ataque de nervos… Já agora, não deixe o cartão dentro do carro, pois ele vai fechar-se e depois terá de ligar para a tesla ir desbloquear o carro…

Equipamento

7/10

Pontuação 7/10  

Não é fácil construir o equipamento de um Model 3. A cor vermelha metalizada custa 2.200 euros, mas este modelo Performance oferece de série as jantes de 20 polegadas, a suspensão rebaixada, os travões Performance, spoiler traseiro em fibra de carbono, pedais em liga de alumínio, o Track Mode e os pneus Michelin Pilot Sport 4S. Depois são oferecidos os bancos Premium com aquecimento e regulação em 12 posições de ajuste elétrico, consola central com portas USB e suporte para dois smartphones, sistema de áudio Premium, espelhos laterais aquecidos e rebatíveis eletricamente e com regulação da intensidade da luz (controlados através do ecrã central e pelos “joysticks” do volante…) e conectividade Premium válida por um ano: mapas satélite com visualização em tempo real, reprodução multimédia no carro e atualizações automáticas através de wifi e dados móveis. O Autopilot custa 5.400 euros, 7.500 euros se for adicionado depois da entrega do carro.

O carro como estava equipado quando me chegou ás mãos, custa 75.500 euros, oferecendo a Tesla um leasing que custa 793 euros por mês, em 96 meses com entrada de 10 mil euros.

Consumos

/10

Pontuação 7/10

A autonomia do Model 3 Performance é de 530 quilómetros e a verdade é que a média do ensaio foi de 17 kWh/100 km (a Tesla anuncia 15 kWh). Diz-lhe pouco, verdade? Troquemos por miúdos: o carro foi-me entregue pela Tesla com 520 km de autonomia, fiz 430 km ao longo de quatro dias e devolvi o carro com mais de 180 km de autonomia. Portanto, o drama da falta de bateria não se colocou e alturas houve em que experimentei o modo de condução mais violento para as baterias, diverti-me na Serra de Sintra, enfim, fiz tudo aquilo que faria com um carro com motor de combustão interna. Para carregar as baterias, será sempre preferível um carregador rápido ou um mega carregador, mas a 16,5 kWh é capaz de recuperar 80 km de autonomia a cada hora de carga. Se ligar a uma tomada doméstica, a coisa torna-se cansativa. Não recupera mais de 30 km por hora…

Ao Volante

9/10

Pontuação 9/10

Para lá do habitual num carro elétrico – suavidade de utilização, silêncio a bordo e binário imediato – o Model 3 oferece, ainda, outras qualidades. Nesta versão Performance, chega dos 0-100 km/h em 3,4 segundos, ridicularizado pelos 2,4 segundos do Model S. Porém, os dois motores do Model 3 Performance permitem que essa aceleração dê que fazer a muitos desportivos e o binário sempre disponível proporciona uma experiência que, por exemplo, um Mercedes AMG não iguala.

Sendo um carro veloz, o Tesla Model 3 é o melhor carro do construtor americano no que toca ao comportamento.

Com os dois motores elétricos, o Model 3 Perfomance tem tração integral e uma aderência absolutamente inesperada. Soltar a traseira é missão impossível a não ser no Track Mode, mas nada de grandes fantasias. Há, ainda, o “Slip Start”, mas está pensado para quando andamos em superfícies muito escorregadias.

A direção tem três regulações à escolha, sendo que a escolha certa é o do meio, ou seja, o normal, mas em nenhum deles ganhou sensibilidade, porém, é rápida e direta, sem folgas. O que quer dizer que mudar de direção é fácil e a suspensão acompanha os nossos desejos. Como a bateria está no fundo do carro, o centro de gravidade é muito baixo e isso ajuda e de que maneira.

Claro que se abusarmos em curva, o carro acaba por dar parte de fraco – não é um desportivo e pesa anafados 1730 quilogramas – os excelentes pneus Michelin fazem o que podem. O segredo é simples: poucas mexidas no volante, esquecer o pedal de travão e manter a aceleração constante. Se conseguir fazer isso, verá que curva a velocidades inesperadamente e anormalmente elevadas.

A regeneração é forte e se deixamos o sistema no modo normal (já um modo mais suave) em cidade quase não precisamos de carregar no pedal de travão. O conforto não é excelente (o Model 3 é mais duro que o Model S) mas também não nos afeta por aí além. O Model 3 rebaixado pelo pacote Performance, faz lembrar os desportivos alemães, com amortecimento forte e capaz de absorver alguns impactos, e o chassis parece rígido e competente.

O Autopilot é algo experimentei, mas gostei pouco do sistema e continuo a não perceber a ideia, pois em estradas como a CRIL ou a CREL ou uma autoestrada perfeitamente demarcada, menos correto em outras situações, onde a baralhação foi evidente. E por mais de cinco mil euros, acho que é algo que não vale a pena neste momento.

Motor

8/10

Pontuação 8/10

Que posso dizer? Que funcionam bem e que autorizam o Model 3 Performance ter desempenho muito agradável. Com 487 CV e 640 Nm de binário, fazem os 1800 quilos do Model 3 parecerem uma pena.

Balanço Final

8/10

Pontuação 8/10

O Model 3 é mais agradável de utilizar que o Model S, é mais eficaz em estrada, mesmo perdendo por larga margem em termos de performances. O ambiente a bordo é agradável e a minimalização de tudo o que está dentro do Model 3 é eficaz, com a condução a ser gratificante, o que promove o carro de “gadget” a algo que merece ser olhado com carinho e atenção. A forma como tudo é feito na Tesla, é diferente, e o Model 3 reflete isso no estilo e na maneira como o carro se comporta e como interage com o condutor. Não é perfeito, longe disso, exibindo falhas na qualidade, algumas falhas na montagem, o sistema Autopilot está longe de poder ser utilizado de forma confiável e a decisão de colocar tudo no ecrã central, provoca demasiada distração ao condutor. Mas, tenho de dar a mão à palmatória: o Model 3 é um carro convincente que adorei conduzir!

Concorrentes

Por enquanto, o Tesla Model 3 não tem concorrentes, até pelo posicionamento de preço. O que mais perto está é o Nissan Leaf, depois o Chevrolet Bolt, que não se vende na Europa. Na China haverá vários rivais, mas não são vendidos no Velho Continente.

Nissan Leaf (Veja o ensaio AQUI e conheça todas as versões e motorizações AQUI)

Ficha Técnica

Motor

Tipo: dois motores elétricos

Potência máxima (CV): 487

Binário máximo (Nm): 640

Transmissão: Integral permanente

Direção: Pinhão e cremalheira assistida eletricamente

Suspensão (ft/tr): Duplo triângulo sobreposto/eixo multibraços

Travões (fr/tr): Discos ventilados

Prestações e consumos

Aceleração 0-100 km/h (s): 3,4

Velocidade máxima (km/h): 261

Consumos misto (kWh/100 km): 15

Emissões CO2 (gr/km): 0

Dimensões e pesos

Comprimento/Largura/Altura (mm): 4694/1933/1443

Distância entre eixos (mm): 2875

Largura de vias (fr/tr mm): 1580/1580

Peso (kg): 1855

Capacidade da bagageira (l): 530

Bateria (kWh): 68

Pneus (fr/tr): 235 35 R20

Mais/Menos


Mais

Tecnologia, Habitabilidade, Performance, Comportamento

 

 

 

Menos

Preço

Preços


Preço da versão ensaiada (Euros): 75100€

Preço da versão base (Euros): 69700€

Exterior
Interior
Equipamento
Consumos
Ao volante
Concorrentes
Motor
Balanço final
Ficha técnica

Exterior

Pontuação 7/10

O Model 3 é um carro mais compacto que o Model S e o gigante Model X, sendo um rival do BMW Série 3, Mercedes Classe C, enfim, a nata dos modelos deste segmento. Com 4,7 metros de comprimento, continua a ser um carro grande que acaba por se situar entre o semento do Classe C e o do Classe E pois é maior que o primeiro e ligeiramente mais pequeno que o segundo. O estilo é típico da Tesla, ou seja, arredondado e com um amplo habitáculo. Uma superfície vidrada generosa, um estilo agradável à vista onde o ponto menos conseguido é a frente, pois a ausência total de uma grelha deixa o carro sem graça visto de frente. Uma grelha ajudaria a complementar os faróis desenhados com inspiração na Ferrari. A qualidade de construção é boa mesmo que hajam ali um ou outro detalhe que não deveria existir. Mas como o tesla Model 3 é caro não pela qualidade, mas pela tecnologia, perdoou-o.

Interior

Pontuação 8/10

Abertas as portas com o cartão encostado ao pilar B e uma pega sui géneris – o estilo, sempre o estilo – entramos num mundo muito diferente e minimalista. Minimalista é força de expressão. Sentados, temos à nossa frente um volante, pequeno e que mais parece um daqueles da Thrustmaster, com dois pequenos botões – de qualidade fraquinha, diga-se – duas alavancas (uma para o esguicho do láva vidros a outra para colocar o carro em P, D, R ou N) e um tabliê que não tem mais que as grelhas de saída do ar do sistema de climatização a toda a largura do carro. A consola central não tem lá nada, apenas um enorme porta luvas e o sensor onde se encosta o cartão de crédito, perdão, de acesso para que o sistema “acorde”. O modelo que serviu este ensaio é uma barra de madeira de cor suave.

O destaque do interior é o ecrã de 15 polegadas – maior que um iPad Pro! –  e o deserto de botões físicos. Apenas os do volante que não têm indicações, pois as atualizações de software feitas via internet podem mudar a sua função. Claro que nas portas estão lá os comandos dos vidros elétricos e o botão que abre a porta. No tejadilho, está uma mini consola onde está o botão que liga os quatro indicadores de mudança de direção e o “e-call” agora obrigatório. Dizer que escondido por baixo do encosto de braços do forro da porta, está um manípulo para abrir a porta caso o sistema elétrico de botão tenha uma falha.

Tudo está reunido no ecrã gigante, desde o controlo do limpa para brisas, do sistema de som, da forma como o carro se comporta, os dois modos de condução, enfim, tudo!

O espaço interior, graças á arrumação do sistema elétrico e das baterias, é amplo e a bagageira também é generosa, pois há espaço atrás e á frente. O teto panorâmico e a ampla superfície vidrada oferece uma excelente visibilidade para os passageiros, pois para o condutor, a forma da traseira é uma dor de cabeça, resolvida com a câmara de visão traseira, um opcional.

O rebatimento do banco traseiro permite que cargas mais compridas possam ser levadas dentro do Model 3 sem problemas.

Olhando para a qualidade de matérias e de montagem, claramente o Tesla está um passo atrás daquilo que se faz na Europa. Porém, sendo ultra minimalista, há menos coisas para nos distrairmos e com o foco no ecrã gigante colocado a meio do carro, não ligamos a detalhes que, francamente, não deveriam existir num carro deste preço. Não custa muito perceber que se houvesse mais coisas como num Model S, o Model 3 ficaria exposto e mostraria uma qualidade mediana.

No ecrã central, há uma divisão onde uma parte mais estreita e próxima do condutor, oferece informações para ele. Falamos da velocidade, aproximação aos obstáculos, o controlo do limpa para brisas, e o ambiente no tráfego em redor do carro. A autonomia e a carga da bateria também está nesta parte do ecrã.

Depois, a outra parte tem o mapa feito com imagens do Google Maps e os ecrãs do controlo de tudo o que se passa no Model 3. Falamos do sistema de navegação, das definições do carro, dos modos de condução, luzes, enfim, tudo. O Autopiloto também é controlado através do ecrã, o sistema de climatização – que tem o controlo das grelhas de saída de ar feito através de gestos como num smartphone – o ajuste do volante (em altura e profundidade), alterar a assistência da direção, tantas e tantas coisas. Uma paródia que deve experimentar com o carro parado, por favor!

O Tesla, lá está, é como um smartphone. Deverá memorizar os atalhos para chegar mais depressa ás funções que deseja, mas prepare-se que não é coisa que se despache numa mão cheia de minutos. Depois, vem a paródia: pode aceder ao modo Mars (o mapa passa a ter a superfície do planeta vermelho), se estiver disponível o Autopilot e estiver ligado, o modo Santa transforma o ícone do carro num treno do pai Natal, a estrada é um arco iris e os restantes carros são renas. E se mergulhar nas aplicações, descobrirá uma gama enorme de antigos jogos de arcada que pode jogar com os comandos do volante! De chorar a rir. Ou de o levar a um ataque de nervos… Já agora, não deixe o cartão dentro do carro, pois ele vai fechar-se e depois terá de ligar para a tesla ir desbloquear o carro…

Equipamento

Pontuação 7/10  

Não é fácil construir o equipamento de um Model 3. A cor vermelha metalizada custa 2.200 euros, mas este modelo Performance oferece de série as jantes de 20 polegadas, a suspensão rebaixada, os travões Performance, spoiler traseiro em fibra de carbono, pedais em liga de alumínio, o Track Mode e os pneus Michelin Pilot Sport 4S. Depois são oferecidos os bancos Premium com aquecimento e regulação em 12 posições de ajuste elétrico, consola central com portas USB e suporte para dois smartphones, sistema de áudio Premium, espelhos laterais aquecidos e rebatíveis eletricamente e com regulação da intensidade da luz (controlados através do ecrã central e pelos “joysticks” do volante…) e conectividade Premium válida por um ano: mapas satélite com visualização em tempo real, reprodução multimédia no carro e atualizações automáticas através de wifi e dados móveis. O Autopilot custa 5.400 euros, 7.500 euros se for adicionado depois da entrega do carro.

O carro como estava equipado quando me chegou ás mãos, custa 75.500 euros, oferecendo a Tesla um leasing que custa 793 euros por mês, em 96 meses com entrada de 10 mil euros.

Consumos

Pontuação 7/10

A autonomia do Model 3 Performance é de 530 quilómetros e a verdade é que a média do ensaio foi de 17 kWh/100 km (a Tesla anuncia 15 kWh). Diz-lhe pouco, verdade? Troquemos por miúdos: o carro foi-me entregue pela Tesla com 520 km de autonomia, fiz 430 km ao longo de quatro dias e devolvi o carro com mais de 180 km de autonomia. Portanto, o drama da falta de bateria não se colocou e alturas houve em que experimentei o modo de condução mais violento para as baterias, diverti-me na Serra de Sintra, enfim, fiz tudo aquilo que faria com um carro com motor de combustão interna. Para carregar as baterias, será sempre preferível um carregador rápido ou um mega carregador, mas a 16,5 kWh é capaz de recuperar 80 km de autonomia a cada hora de carga. Se ligar a uma tomada doméstica, a coisa torna-se cansativa. Não recupera mais de 30 km por hora…

Ao volante

Pontuação 9/10

Para lá do habitual num carro elétrico – suavidade de utilização, silêncio a bordo e binário imediato – o Model 3 oferece, ainda, outras qualidades. Nesta versão Performance, chega dos 0-100 km/h em 3,4 segundos, ridicularizado pelos 2,4 segundos do Model S. Porém, os dois motores do Model 3 Performance permitem que essa aceleração dê que fazer a muitos desportivos e o binário sempre disponível proporciona uma experiência que, por exemplo, um Mercedes AMG não iguala.

Sendo um carro veloz, o Tesla Model 3 é o melhor carro do construtor americano no que toca ao comportamento.

Com os dois motores elétricos, o Model 3 Perfomance tem tração integral e uma aderência absolutamente inesperada. Soltar a traseira é missão impossível a não ser no Track Mode, mas nada de grandes fantasias. Há, ainda, o “Slip Start”, mas está pensado para quando andamos em superfícies muito escorregadias.

A direção tem três regulações à escolha, sendo que a escolha certa é o do meio, ou seja, o normal, mas em nenhum deles ganhou sensibilidade, porém, é rápida e direta, sem folgas. O que quer dizer que mudar de direção é fácil e a suspensão acompanha os nossos desejos. Como a bateria está no fundo do carro, o centro de gravidade é muito baixo e isso ajuda e de que maneira.

Claro que se abusarmos em curva, o carro acaba por dar parte de fraco – não é um desportivo e pesa anafados 1730 quilogramas – os excelentes pneus Michelin fazem o que podem. O segredo é simples: poucas mexidas no volante, esquecer o pedal de travão e manter a aceleração constante. Se conseguir fazer isso, verá que curva a velocidades inesperadamente e anormalmente elevadas.

A regeneração é forte e se deixamos o sistema no modo normal (já um modo mais suave) em cidade quase não precisamos de carregar no pedal de travão. O conforto não é excelente (o Model 3 é mais duro que o Model S) mas também não nos afeta por aí além. O Model 3 rebaixado pelo pacote Performance, faz lembrar os desportivos alemães, com amortecimento forte e capaz de absorver alguns impactos, e o chassis parece rígido e competente.

O Autopilot é algo experimentei, mas gostei pouco do sistema e continuo a não perceber a ideia, pois em estradas como a CRIL ou a CREL ou uma autoestrada perfeitamente demarcada, menos correto em outras situações, onde a baralhação foi evidente. E por mais de cinco mil euros, acho que é algo que não vale a pena neste momento.

Concorrentes

Por enquanto, o Tesla Model 3 não tem concorrentes, até pelo posicionamento de preço. O que mais perto está é o Nissan Leaf, depois o Chevrolet Bolt, que não se vende na Europa. Na China haverá vários rivais, mas não são vendidos no Velho Continente.

Nissan Leaf (Veja o ensaio AQUI e conheça todas as versões e motorizações AQUI)

Motor

Pontuação 8/10

Que posso dizer? Que funcionam bem e que autorizam o Model 3 Performance ter desempenho muito agradável. Com 487 CV e 640 Nm de binário, fazem os 1800 quilos do Model 3 parecerem uma pena.

Balanço final

Pontuação 8/10

O Model 3 é mais agradável de utilizar que o Model S, é mais eficaz em estrada, mesmo perdendo por larga margem em termos de performances. O ambiente a bordo é agradável e a minimalização de tudo o que está dentro do Model 3 é eficaz, com a condução a ser gratificante, o que promove o carro de “gadget” a algo que merece ser olhado com carinho e atenção. A forma como tudo é feito na Tesla, é diferente, e o Model 3 reflete isso no estilo e na maneira como o carro se comporta e como interage com o condutor. Não é perfeito, longe disso, exibindo falhas na qualidade, algumas falhas na montagem, o sistema Autopilot está longe de poder ser utilizado de forma confiável e a decisão de colocar tudo no ecrã central, provoca demasiada distração ao condutor. Mas, tenho de dar a mão à palmatória: o Model 3 é um carro convincente que adorei conduzir!

Mais

Tecnologia, Habitabilidade, Performance, Comportamento

 

 

 

Menos

Preço

Ficha técnica

Motor

Tipo: dois motores elétricos

Potência máxima (CV): 487

Binário máximo (Nm): 640

Transmissão: Integral permanente

Direção: Pinhão e cremalheira assistida eletricamente

Suspensão (ft/tr): Duplo triângulo sobreposto/eixo multibraços

Travões (fr/tr): Discos ventilados

Prestações e consumos

Aceleração 0-100 km/h (s): 3,4

Velocidade máxima (km/h): 261

Consumos misto (kWh/100 km): 15

Emissões CO2 (gr/km): 0

Dimensões e pesos

Comprimento/Largura/Altura (mm): 4694/1933/1443

Distância entre eixos (mm): 2875

Largura de vias (fr/tr mm): 1580/1580

Peso (kg): 1855

Capacidade da bagageira (l): 530

Bateria (kWh): 68

Pneus (fr/tr): 235 35 R20

Preço da versão ensaiada (Euros): 75100€
Preço da versão base (Euros): 69700€