Tesla Model S 100D – Ensaio Teste

By on 30 Maio, 2018

Tesla Model S 100D

Texto: Francisco Cruz

Viagem ao Futuro

Com quase cinco metros de comprimento, faz do conforto uma qualidade tão desarmante, quanto as prestações balísticas que oferece. E se a isto lhe juntarmos o deslumbramento provocado pelo ambiente tecnológico, não faltam razões para nos sentirmos, neste Tesla Model S 100D, numa espécie de Viagem ao Futuro… do Veículo Elétrico.


Mais:

Conforto / Prestações / Sistema e ecrã de info-entretenimento

 

 

Menos:

Tempo de recarga em tomada doméstica / Capacidade de recuperação de energia / Preço

Exterior

/10

Com quase cinco metros de comprimento, mais de 2,3 toneladas de peso e um coeficiente de aerodinâmica de apenas 0,24, o Tesla Model S distingue-se pelas linhas esguias e aerodinâmicas, de verdadeiro coupé de quatro portas, iniciadas numa frente sem qualquer grelha e faróis predatórios com tecnologia LED e função adaptativa, a que um capot mergulhante dá continuidade.

Senhor de um pára-brisas fortemente inclinado, do corpo longo faz ainda parte uma cintura subida, cavas das rodas marcadas, além de várias câmaras incrustadas nas laterais e emblemáticos puxadores retrácteis. Que uma ligeira pressão faz sobressair… isto, claro está, caso se tenha a personalizada chave a imitar o carro, na mão ou no bolso.

Terminando numa traseira igualmente desportiva e farolins esguios, interligados por um travessão metalizado e, numa das laterais, com a tampa da entrada de carregamento perfeitamente disfarçada na lateral, fica uma imagem exterior atraente e que pouco ou nada tem a ver com grande parte dos actuais veículos elétricos, mas muito mais com um Gran Turismo mais tradicional, impulsionado por um qualquer motor de combustão. Impressão que só não se completa, devido às inscrições no portão da mala e, já agora, à falta de uma qualquer saída de escape…

Interior

/10

Mas se o exterior cativa, o interior… surpreende! Nomeadamente e uma vez confortavelmente instalados no banco do condutor, pela qualidade dos materiais (pele e Alcantara) e até da construção, pela simplicidade e ergonomia das linhas e quase inexistência de comandos – basicamente, são apenas dois pequenos botões, a ladear a televisão que é o enorme ecrã táctil a cores que preenche a consola central de alto a baixo, um dos quais para ligar os quatro piscas, ao passo que, o outro, para abrir o fundo porta-luvas.

A favorecer igualmente a ergonomia e a funcionalidade, excelentes espaços de arrumação, abertos (bolsas nas portas) e fechados (entre os bancos dianteiros), a juntar a uma posição de condução correcta e extremamente confortável, proporcionada por um banco ergonómico, esteticamente bonito e desportivo, e com todas as regulações eléctricas. Além de um volante de pega grossa e convincente, regulável eletricamente e a concentrar os restantes comandos: três hastes para accionamento, respectivamente, das luzes e piscas (à esquerda), da caixa de velocidades (à direita) e do Cruise Control/AutoPilot (também à esquerda). Sem esquecer os pequenos botões nos braços, para acesso mais fácil não só a muitas das funcionalidades, como também para configuração a gosto do generoso e intuitivo painel de instrumentos 100% digital e a cores. Onde, acrescente-se, não falta nenhuma das informações imprescindíveis (consumos, autonomia, velocímetro, área em redor do carro, sistemas acessórios…) para o acto da condução.

Aliás e no que aos ecrãs diz respeito, impossível não referir a excelente solução que é o já citado “ecrã de televisão” que serve para aceder a praticamente tudo o que diz respeito a este coupé 100% elétrico, desde o sistema de som (com acesso grátis ao Spotify) e navegação com mapas Google (fantástica a imagem que transmite, e que pode ser diminuída ou aumentada com apenas dois dedos, como se de um mero tablet se tratasse), até às funcionalidades mais complexas relacionadas com o automóvel: modos de condução, desempenho da direcção, altura da suspensão, nível de potência utilizado, iluminação exterior e até ambientes específicos de interacção com os ocupantes. Como é o caso de um invulgar “espírito natalício”, em que não falta sequer o “Jingle Bells” – tudo seleccionável com um simples toque, através de menus intuitivos e com verdadeiro reflexo na actuação do automóvel! Bravo, Mr. Elon Musk!…

Mas se, ainda no que aos comandos diz respeito, critica-se a importação clara das hastes e botões dos vidros nas portas, dos modelos Mercedes, já quanto ao espaço disponível, é impossível não ficarmos agradados com a habitabilidade oferecida não só nos lugares dianteiros, como também traseiros. Onde não falta espaço, como também conforto, inclusive, no lugar do meio. Com a única possível limitação a advir da altura disponível, sem problemas apenas para ocupantes até cerca do 1,75 m – culpa da configuração Coupé que leva à adopção de um óculo traseiro em descendo. Limitativo, de resto, também na visibilidade traseira, embora, neste capítulo, atenuada em todos os seus aspectos, fruto da inclusão de toda uma série de sensores e câmaras – de série!

Finalmente e quanto às bagagens, a garantia, não de uma, mas de duas bagageiras: a tradicional trunk (bagageira, em inglês) na traseira, e que é um verdadeiro mundo (750 l), além de com excelente acesso (enorme portão de accionamento eléctrico) e um enorme alçapão, com todos os cabos de carregamento necessários; e, a segunda, uma espécie de alçapão por baixo do capot dianteiro (caso o leitor se esteja já a perguntar, os motores estão acoplados nos eixos…), com mais 59,5 l de capacidade,  que a marca designa de Frunk – conjugação das palavras inglesas Front e Trunk, ou seja, ‘Frente’ e ‘Bagageira’, e que é sinónimo de “Bagageira frontal”. A qual acaba sendo suficiente para acomodar um ou dois sacos de desporto, para um fim-de-semana.

Sendo que, a tudo isto, há ainda que somar a mais valia resultante de uns bancos traseiros com costas rebatíveis 60:40, no seguimento do piso da mala…

Equipamento

/10

Com o equipamento de série elaborado em função da potência escolhida, no caso do Tesla Model S 100D por nós testado, os mais de 110 mil euros que esta versão custa, faz com que se possa contar, de fábrica, com praticamente tudo o que nos deslumbrou no eléctrico americano. A começar nos dois motores eléctricos instalados nos eixos a garantirem tracção às quatro rodas, faróis adaptativos em LED com luzes diurnas integradas, faróis de nevoeiro também em LED, jantes de 19″, puxadores das portas retrácteis, entrada automática sem chave, bancos dianteiros aquecidos e ajustáveis electricamente (com função de memória e perfil do condutor), ecrã táctil capacitivo a cores de 17″, sistema de navegação com mapas e actualizações grátis durante 7 anos, controlo remoto através de aplicação móvel, câmara traseira de alta definição, controlos ativados por voz, espelhos de regulação automática da intensidade da luz, iluminação interior LED, duas portas USB para multimédia e alimentação, conectividade Wi-Fi e à Internet, e portão traseiro eléctrico.

Já no domínio da segurança, sistema de anti-colisão e travagem de emergência automática (que vão sendo implementados  e evoluídos através de actualizações automáticas via wireless), seis airbags, estabilidade electrónica e controlo de tracção e travão de estacionamento electrónico. Sem esquecer os oito anos de garantia para a bateria e unidade de accionamento, sem limite de quilómetros, a par da garantia limitada de 4 anos ou 80.000 km para o restante.

Opcionais disponíveis, apenas o Pacote Conforto, que acresce a câmara traseira, o aviso de ângulo morto, sensores de estacionamento, aviso da saída da faixa de rodagem, Homelink com GPS e o sistema Performance, mas que é incluído, sem quaisquer custos, nesta motorização; o pacote de upgrades Premium (5.400€), que garante o sistema de filtragem do ar HEPA de grau médico e que inclui o surpreendente modo de defesa contra armas biológicas, o bloqueio da entrada no habitáculo de odores agressivos, óxido de azoto e fumos de escape, o sistema de áudio personalizado e o pacote para climas abaixo de zero com todos os bancos e volante aquecidos, descongeladores das escovas do limpa-pára-brisas e aquecedores dos esguichos do pára-brisas; o Autopilot melhorado (5.400€), graças ao aumento de câmaras de uma para quatro, à inclusão de 12 sensores de sonar ultrassónicos com alcance de 360 graus em redor do carro, e um computador para processamento da informação recolhida 40 vezes mais potente; a Capacidade de Condução Autónoma Total (3.200€), sinónimo de duplicação do número de câmaras activas de quatro para oito, “permitindo a condução autónoma total em quase todas as circunstâncias”, embora dependendo sempre da jurisdição; e os bancos de criança na bagageira e voltados para trás (4.300€), que transformam o Model S num coupé de sete lugares.

Consumos

/10

Igualmente disponível com bateria de 75 kWh (75D), um só motor e até 490 km de autonomia (valor avançado pela marca, utilizando para tal o ciclo NEDC), ou então a versão mais potente da versão de 100 kWh (P100D), com dois motores e 613 km de autonomia, o Model S por nós testado contava, no entanto, com a motorização intermédia, 100D – sinónimo da mesma bateria de 100 kWh, com dois motores elétricos a garantirem a mais-valia da tracção integral permanente, embora e face à versão de topo, com mais autonomia (até 632 km), mas também menos poder de aceleração: 4,3s dos 0 aos 100 km/h, contra 2,7s do P100D. Na verdade, excelente, seja em que caso for…

Com todas as qualidades inerentes a qualquer veículo elétrico, embora neste caso elevadas a um novo patamar, não só em termos de prestações, como também de autonomia, a certeza, confirmada através da utilização intensiva, enquanto único veículo da família, ao longo de quase uma semana, de uma autonomia real a rondar os 480 quilómetros, com médias nos consumos a rondar os 23 kWh para cada 100 km. Ou seja, um custo de utilização de cerca de 2 euros para cada 100 km, quando carregadas as baterias através de tarifa bi-horária, no período de vazio.

Aliás, sobre os carregamentos, aquele que é um dos maiores condicionalismos: a quase impossibilidade de recarregar totalmente as baterias, através de uma simples tomada doméstica. Situação que “obriga” à instalação de uma “power box” da Tesla na residência, ou então, o recurso àquilo que a marca denomina de postos de recarga de destino, localizados em centros comerciais (em Lisboa, o El Corte Inglês, por exemplo) e hotéis associados, e que recarregam até 100 km por hora.

Mais rápido, só mesmo os famosos Tesla Superchargers. Dos quais, em Portugal, ainda só existem dois (Fátima e Montemor-o-Novo), mas onde é possível carregar cerca de 80% das baterias, em meia hora.

Felizmente, numa utilização do dia-a-dia, com uma média de 60 quilómetros cumpridos por dia, maioritariamente em cidade, quase se torna possível fazer os cinco dias sem qualquer carregamento…

Ao Volante

/10

Mesmo tratando-se da versão menos (!) potente do coupé topo de gama da Tesla, a verdade é que, não é só nos números, que Model S 100D impressiona. Pelo contrário, o elétrico americano deslumbra igualmente pela postura de verdadeiro Gran Turismo, pela excelência e conforto no rolamento, pela forma refinada como recebe e trata os seus ocupantes.

Assumindo-se, logo nos primeiros quilómetros, como uma proposta para a estrada aberta, onde seja possível manter velocidades de cruzeiro elevadas e com o mínimo esforço, até mesmo na autonomia (cerca de 480 km reais), o carro americano convida às tiradas mais longas. Repetindo essa vocação não tanto na enorme capacidade de aceleração, mais-valia particularmente apreciada no trânsito citadino, mas principalmente no conforto que permanentemente oferece, na suavidade e agradabilidade que proporciona na condução. Fruto também de uma direcção e sistema de travagem que, claramente, não foram feitos para momentos particularmente intensos ao volante – tal como, aliás, a própria posição de condução, mais confortável que desportiva.

Aliás, a fazer subir a adrenalina, só mesmo as acelerações quase balísticas, acentuadas por uma reacção pouco menos que imediata ao pedal do acelerador, que nem mesmo as mais de duas toneladas de peso do conjunto conseguem beliscar. Embora faltando-lhe, depois, uma suspensão que, com vários níveis de regulação, nunca consegue, ainda assim, ser firme o suficiente para impedir oscilações da carroçaria. Já para não falar numa direcção com pouco ou nenhum feedback, ainda menos que o pedal do travão.

Pouco vocacionado para atitudes “de faca nos dentes” ao volante, o Tesla Model S é, ainda assim e apesar das generosas dimensões exteriores, uma excelente proposta para cidade, onde volta a fazer sobressair tudo aquilo que fazem dele, muito provavelmente, o melhor elétrico da actualidade.

Balanço Final

/10

Tal como já referimos, este Tesla Model S 100D será, muito provavelmente, o melhor elétrico da actualidade, merecendo plenamente os mais de 120 mil euros que custa. Fruto também de uma qualidade de construção e materiais acima do que estávamos à espera, uma habitabilidade e conforto referenciais, uma capacidade de carga impressionante, além de um sistema de propulsão que, não só consegue humilhar muitos desportivos, como praticamente elimina quaisquer resquícios de ansiedade, resultante de questões relacionadas com autonomia. Portanto, se este é o Futuro, só nos resta mesmo exclamar: que chegue depressa!…

Concorrentes

Porsche Panamera 4 E-Hybrid, V6 turbo a gasolina com apoio elétrico, 462 cv, 700 Nm, 4,6s 0-100 km/h, 278 km/h velocidade máxima, PVP 117.180€

(Conheça todas as versões e motorizações AQUI)

Ficha Técnica

Motor

Tipo: dois motores (um por eixo), do tipo eléctrico, corrente alternada

Bateria: de iões de lítio, com uma capacidade de 100 kWh

Potência máxima combinada (cv): 422 cv

Binário máximo (Nm/rpm): 660 Nm

Transmissão e direcção: Integral, automática; direção de pinhão e cremalheira, com assistência eléctrica

Suspensão (fr/tr): Duplos triângulos, molas pneumáticas e barra estabilizadora; duplos triângulos, molas pneumáticas e barra estabilizadora; suspensão pneumática inteligente com memória GPS

Travões (fr/tr): Discos ventilados/Discos ventilados

Prestações 

Aceleração: 0-100 km/h (s): 4,3

Velocidade máxima (km/h): 250 (limitada electronicamente)

Consumos: –

Autonomia (km): 632 (ciclo NEDC)

Tempo de carga (horas): em tomada doméstica: carrega 150 km em 8 horas; em Tesla Charger doméstico ou Destination Chargers: carrega 80 km numa hora; em Superchargers: carrega 270 km em 30 minutos

Dimensões e pesos

Comprimento/Largura/Altura (mm): 4,979/1,964/1.445

Distância entre eixos (mm): 2,960

Largura das vias (fr/tr) (mm): 1,662/1.700

Peso máximo (kg): 2.316

Capacidade da bagageira (l): 750 atrás/59,5 à frente

Pneus (fr/tr): 245/45 R19/245/45 R19

Versão ensaiada sujeita a período de entrega de três meses após a encomenda.

Mais/Menos


Mais

Conforto / Prestações / Sistema e ecrã de info-entretenimento

 

 

Menos

Tempo de recarga em tomada doméstica / Capacidade de recuperação de energia / Preço

Preços


Preço da versão ensaiada (Euros): 113080€

Preço da versão base (Euros): €

Exterior
Interior
Equipamento
Consumos
Ao volante
Concorrentes
Balanço final
Ficha técnica

Exterior

Com quase cinco metros de comprimento, mais de 2,3 toneladas de peso e um coeficiente de aerodinâmica de apenas 0,24, o Tesla Model S distingue-se pelas linhas esguias e aerodinâmicas, de verdadeiro coupé de quatro portas, iniciadas numa frente sem qualquer grelha e faróis predatórios com tecnologia LED e função adaptativa, a que um capot mergulhante dá continuidade.

Senhor de um pára-brisas fortemente inclinado, do corpo longo faz ainda parte uma cintura subida, cavas das rodas marcadas, além de várias câmaras incrustadas nas laterais e emblemáticos puxadores retrácteis. Que uma ligeira pressão faz sobressair… isto, claro está, caso se tenha a personalizada chave a imitar o carro, na mão ou no bolso.

Terminando numa traseira igualmente desportiva e farolins esguios, interligados por um travessão metalizado e, numa das laterais, com a tampa da entrada de carregamento perfeitamente disfarçada na lateral, fica uma imagem exterior atraente e que pouco ou nada tem a ver com grande parte dos actuais veículos elétricos, mas muito mais com um Gran Turismo mais tradicional, impulsionado por um qualquer motor de combustão. Impressão que só não se completa, devido às inscrições no portão da mala e, já agora, à falta de uma qualquer saída de escape…

Interior

Mas se o exterior cativa, o interior… surpreende! Nomeadamente e uma vez confortavelmente instalados no banco do condutor, pela qualidade dos materiais (pele e Alcantara) e até da construção, pela simplicidade e ergonomia das linhas e quase inexistência de comandos – basicamente, são apenas dois pequenos botões, a ladear a televisão que é o enorme ecrã táctil a cores que preenche a consola central de alto a baixo, um dos quais para ligar os quatro piscas, ao passo que, o outro, para abrir o fundo porta-luvas.

A favorecer igualmente a ergonomia e a funcionalidade, excelentes espaços de arrumação, abertos (bolsas nas portas) e fechados (entre os bancos dianteiros), a juntar a uma posição de condução correcta e extremamente confortável, proporcionada por um banco ergonómico, esteticamente bonito e desportivo, e com todas as regulações eléctricas. Além de um volante de pega grossa e convincente, regulável eletricamente e a concentrar os restantes comandos: três hastes para accionamento, respectivamente, das luzes e piscas (à esquerda), da caixa de velocidades (à direita) e do Cruise Control/AutoPilot (também à esquerda). Sem esquecer os pequenos botões nos braços, para acesso mais fácil não só a muitas das funcionalidades, como também para configuração a gosto do generoso e intuitivo painel de instrumentos 100% digital e a cores. Onde, acrescente-se, não falta nenhuma das informações imprescindíveis (consumos, autonomia, velocímetro, área em redor do carro, sistemas acessórios…) para o acto da condução.

Aliás e no que aos ecrãs diz respeito, impossível não referir a excelente solução que é o já citado “ecrã de televisão” que serve para aceder a praticamente tudo o que diz respeito a este coupé 100% elétrico, desde o sistema de som (com acesso grátis ao Spotify) e navegação com mapas Google (fantástica a imagem que transmite, e que pode ser diminuída ou aumentada com apenas dois dedos, como se de um mero tablet se tratasse), até às funcionalidades mais complexas relacionadas com o automóvel: modos de condução, desempenho da direcção, altura da suspensão, nível de potência utilizado, iluminação exterior e até ambientes específicos de interacção com os ocupantes. Como é o caso de um invulgar “espírito natalício”, em que não falta sequer o “Jingle Bells” – tudo seleccionável com um simples toque, através de menus intuitivos e com verdadeiro reflexo na actuação do automóvel! Bravo, Mr. Elon Musk!…

Mas se, ainda no que aos comandos diz respeito, critica-se a importação clara das hastes e botões dos vidros nas portas, dos modelos Mercedes, já quanto ao espaço disponível, é impossível não ficarmos agradados com a habitabilidade oferecida não só nos lugares dianteiros, como também traseiros. Onde não falta espaço, como também conforto, inclusive, no lugar do meio. Com a única possível limitação a advir da altura disponível, sem problemas apenas para ocupantes até cerca do 1,75 m – culpa da configuração Coupé que leva à adopção de um óculo traseiro em descendo. Limitativo, de resto, também na visibilidade traseira, embora, neste capítulo, atenuada em todos os seus aspectos, fruto da inclusão de toda uma série de sensores e câmaras – de série!

Finalmente e quanto às bagagens, a garantia, não de uma, mas de duas bagageiras: a tradicional trunk (bagageira, em inglês) na traseira, e que é um verdadeiro mundo (750 l), além de com excelente acesso (enorme portão de accionamento eléctrico) e um enorme alçapão, com todos os cabos de carregamento necessários; e, a segunda, uma espécie de alçapão por baixo do capot dianteiro (caso o leitor se esteja já a perguntar, os motores estão acoplados nos eixos…), com mais 59,5 l de capacidade,  que a marca designa de Frunk – conjugação das palavras inglesas Front e Trunk, ou seja, ‘Frente’ e ‘Bagageira’, e que é sinónimo de “Bagageira frontal”. A qual acaba sendo suficiente para acomodar um ou dois sacos de desporto, para um fim-de-semana.

Sendo que, a tudo isto, há ainda que somar a mais valia resultante de uns bancos traseiros com costas rebatíveis 60:40, no seguimento do piso da mala…

Equipamento

Com o equipamento de série elaborado em função da potência escolhida, no caso do Tesla Model S 100D por nós testado, os mais de 110 mil euros que esta versão custa, faz com que se possa contar, de fábrica, com praticamente tudo o que nos deslumbrou no eléctrico americano. A começar nos dois motores eléctricos instalados nos eixos a garantirem tracção às quatro rodas, faróis adaptativos em LED com luzes diurnas integradas, faróis de nevoeiro também em LED, jantes de 19″, puxadores das portas retrácteis, entrada automática sem chave, bancos dianteiros aquecidos e ajustáveis electricamente (com função de memória e perfil do condutor), ecrã táctil capacitivo a cores de 17″, sistema de navegação com mapas e actualizações grátis durante 7 anos, controlo remoto através de aplicação móvel, câmara traseira de alta definição, controlos ativados por voz, espelhos de regulação automática da intensidade da luz, iluminação interior LED, duas portas USB para multimédia e alimentação, conectividade Wi-Fi e à Internet, e portão traseiro eléctrico.

Já no domínio da segurança, sistema de anti-colisão e travagem de emergência automática (que vão sendo implementados  e evoluídos através de actualizações automáticas via wireless), seis airbags, estabilidade electrónica e controlo de tracção e travão de estacionamento electrónico. Sem esquecer os oito anos de garantia para a bateria e unidade de accionamento, sem limite de quilómetros, a par da garantia limitada de 4 anos ou 80.000 km para o restante.

Opcionais disponíveis, apenas o Pacote Conforto, que acresce a câmara traseira, o aviso de ângulo morto, sensores de estacionamento, aviso da saída da faixa de rodagem, Homelink com GPS e o sistema Performance, mas que é incluído, sem quaisquer custos, nesta motorização; o pacote de upgrades Premium (5.400€), que garante o sistema de filtragem do ar HEPA de grau médico e que inclui o surpreendente modo de defesa contra armas biológicas, o bloqueio da entrada no habitáculo de odores agressivos, óxido de azoto e fumos de escape, o sistema de áudio personalizado e o pacote para climas abaixo de zero com todos os bancos e volante aquecidos, descongeladores das escovas do limpa-pára-brisas e aquecedores dos esguichos do pára-brisas; o Autopilot melhorado (5.400€), graças ao aumento de câmaras de uma para quatro, à inclusão de 12 sensores de sonar ultrassónicos com alcance de 360 graus em redor do carro, e um computador para processamento da informação recolhida 40 vezes mais potente; a Capacidade de Condução Autónoma Total (3.200€), sinónimo de duplicação do número de câmaras activas de quatro para oito, “permitindo a condução autónoma total em quase todas as circunstâncias”, embora dependendo sempre da jurisdição; e os bancos de criança na bagageira e voltados para trás (4.300€), que transformam o Model S num coupé de sete lugares.

Consumos

Igualmente disponível com bateria de 75 kWh (75D), um só motor e até 490 km de autonomia (valor avançado pela marca, utilizando para tal o ciclo NEDC), ou então a versão mais potente da versão de 100 kWh (P100D), com dois motores e 613 km de autonomia, o Model S por nós testado contava, no entanto, com a motorização intermédia, 100D – sinónimo da mesma bateria de 100 kWh, com dois motores elétricos a garantirem a mais-valia da tracção integral permanente, embora e face à versão de topo, com mais autonomia (até 632 km), mas também menos poder de aceleração: 4,3s dos 0 aos 100 km/h, contra 2,7s do P100D. Na verdade, excelente, seja em que caso for…

Com todas as qualidades inerentes a qualquer veículo elétrico, embora neste caso elevadas a um novo patamar, não só em termos de prestações, como também de autonomia, a certeza, confirmada através da utilização intensiva, enquanto único veículo da família, ao longo de quase uma semana, de uma autonomia real a rondar os 480 quilómetros, com médias nos consumos a rondar os 23 kWh para cada 100 km. Ou seja, um custo de utilização de cerca de 2 euros para cada 100 km, quando carregadas as baterias através de tarifa bi-horária, no período de vazio.

Aliás, sobre os carregamentos, aquele que é um dos maiores condicionalismos: a quase impossibilidade de recarregar totalmente as baterias, através de uma simples tomada doméstica. Situação que “obriga” à instalação de uma “power box” da Tesla na residência, ou então, o recurso àquilo que a marca denomina de postos de recarga de destino, localizados em centros comerciais (em Lisboa, o El Corte Inglês, por exemplo) e hotéis associados, e que recarregam até 100 km por hora.

Mais rápido, só mesmo os famosos Tesla Superchargers. Dos quais, em Portugal, ainda só existem dois (Fátima e Montemor-o-Novo), mas onde é possível carregar cerca de 80% das baterias, em meia hora.

Felizmente, numa utilização do dia-a-dia, com uma média de 60 quilómetros cumpridos por dia, maioritariamente em cidade, quase se torna possível fazer os cinco dias sem qualquer carregamento…

Ao volante

Mesmo tratando-se da versão menos (!) potente do coupé topo de gama da Tesla, a verdade é que, não é só nos números, que Model S 100D impressiona. Pelo contrário, o elétrico americano deslumbra igualmente pela postura de verdadeiro Gran Turismo, pela excelência e conforto no rolamento, pela forma refinada como recebe e trata os seus ocupantes.

Assumindo-se, logo nos primeiros quilómetros, como uma proposta para a estrada aberta, onde seja possível manter velocidades de cruzeiro elevadas e com o mínimo esforço, até mesmo na autonomia (cerca de 480 km reais), o carro americano convida às tiradas mais longas. Repetindo essa vocação não tanto na enorme capacidade de aceleração, mais-valia particularmente apreciada no trânsito citadino, mas principalmente no conforto que permanentemente oferece, na suavidade e agradabilidade que proporciona na condução. Fruto também de uma direcção e sistema de travagem que, claramente, não foram feitos para momentos particularmente intensos ao volante – tal como, aliás, a própria posição de condução, mais confortável que desportiva.

Aliás, a fazer subir a adrenalina, só mesmo as acelerações quase balísticas, acentuadas por uma reacção pouco menos que imediata ao pedal do acelerador, que nem mesmo as mais de duas toneladas de peso do conjunto conseguem beliscar. Embora faltando-lhe, depois, uma suspensão que, com vários níveis de regulação, nunca consegue, ainda assim, ser firme o suficiente para impedir oscilações da carroçaria. Já para não falar numa direcção com pouco ou nenhum feedback, ainda menos que o pedal do travão.

Pouco vocacionado para atitudes “de faca nos dentes” ao volante, o Tesla Model S é, ainda assim e apesar das generosas dimensões exteriores, uma excelente proposta para cidade, onde volta a fazer sobressair tudo aquilo que fazem dele, muito provavelmente, o melhor elétrico da actualidade.

Concorrentes

Porsche Panamera 4 E-Hybrid, V6 turbo a gasolina com apoio elétrico, 462 cv, 700 Nm, 4,6s 0-100 km/h, 278 km/h velocidade máxima, PVP 117.180€

(Conheça todas as versões e motorizações AQUI)

Balanço final

Tal como já referimos, este Tesla Model S 100D será, muito provavelmente, o melhor elétrico da actualidade, merecendo plenamente os mais de 120 mil euros que custa. Fruto também de uma qualidade de construção e materiais acima do que estávamos à espera, uma habitabilidade e conforto referenciais, uma capacidade de carga impressionante, além de um sistema de propulsão que, não só consegue humilhar muitos desportivos, como praticamente elimina quaisquer resquícios de ansiedade, resultante de questões relacionadas com autonomia. Portanto, se este é o Futuro, só nos resta mesmo exclamar: que chegue depressa!…

Mais

Conforto / Prestações / Sistema e ecrã de info-entretenimento

 

 

Menos

Tempo de recarga em tomada doméstica / Capacidade de recuperação de energia / Preço

Ficha técnica

Motor

Tipo: dois motores (um por eixo), do tipo eléctrico, corrente alternada

Bateria: de iões de lítio, com uma capacidade de 100 kWh

Potência máxima combinada (cv): 422 cv

Binário máximo (Nm/rpm): 660 Nm

Transmissão e direcção: Integral, automática; direção de pinhão e cremalheira, com assistência eléctrica

Suspensão (fr/tr): Duplos triângulos, molas pneumáticas e barra estabilizadora; duplos triângulos, molas pneumáticas e barra estabilizadora; suspensão pneumática inteligente com memória GPS

Travões (fr/tr): Discos ventilados/Discos ventilados

Prestações 

Aceleração: 0-100 km/h (s): 4,3

Velocidade máxima (km/h): 250 (limitada electronicamente)

Consumos: –

Autonomia (km): 632 (ciclo NEDC)

Tempo de carga (horas): em tomada doméstica: carrega 150 km em 8 horas; em Tesla Charger doméstico ou Destination Chargers: carrega 80 km numa hora; em Superchargers: carrega 270 km em 30 minutos

Dimensões e pesos

Comprimento/Largura/Altura (mm): 4,979/1,964/1.445

Distância entre eixos (mm): 2,960

Largura das vias (fr/tr) (mm): 1,662/1.700

Peso máximo (kg): 2.316

Capacidade da bagageira (l): 750 atrás/59,5 à frente

Pneus (fr/tr): 245/45 R19/245/45 R19

Versão ensaiada sujeita a período de entrega de três meses após a encomenda.

Preço da versão ensaiada (Euros): 113080€