Toyota C-HR Hybrid – Ensaio

By on 19 Junho, 2017

Toyota C-HR Hybrid Exclusive 

Texto: Paulo Costa ([email protected])

O Senhor das Ruas

A expressão ‘selva urbana’ tem servido de inspiração para a criação de automóveis que tornam a vida em cidade mais fácil, mas sem sacrificar o prazer de condução. O Toyota C-HR é um carro que vai ao encontro às necessidades daqueles que querem sentir-se no comando da situação no agressivo ambiente urbano.

A Toyota sabe como dar vida a carros que se adaptam às necessidades específicas de cada condutor. Neste caso, a chegada do C-HR ao mercado faz lembrar a estreia da primeira geração do RAV4. À primeira vista, as pessoas podem não entender exatamente para que serve o novo modelo. Mas bastam alguns minutos ao volante para lermos o espírito e compreender como forma e função se conjugam no novo concept car urbano da marca japonesa.

O Toyota C-HR é claramente um automóvel feito para a cidade e não só, também é um carro feito para os condutores citadinos. Com as suas dimensões compactas, é prático para serpentear no trânsito urbano e para estacionar com facilidade.

Mas não é feito para passar despercebido, nem para quem quer passar despercebido. Quando estamos ao volante, notamos que as pessoas parecem querer sair da frente. Graças ao visual imponente do C-HR, somos nós que estamos no topo da cadeia alimentar, confiantes como os verdadeiros senhores da cidade

Embora tenha um visual compacto, as suas dimensões aproximam-se mais das de um carro familiar. Mas fi ca claro que o C-HR foi pensado para um condutor individualista. O crossover japonês é suficientemente espaçoso na parte traseira do habitáculo para dois adultos, mas grande parte do conforto de utilização está concentrado no lugar da frente. Os bancos, em particular, oferecem um bom nível de apoio lombar, permitindo ao condutor sentir-se mais confiante para optar por um ritmo mais agressivo.

Mas o elemento mais dominante do habitáculo é o ecrã tátil de grandes dimensões na consola central, que centraliza todas as funções de informação, navegação, entretenimento e gestão da energia elétrica das baterias.

A sua posição coroa os outros elementos da zona central do habitáculo, como a climatiza- ção, o comando da caixa de velocidades e o apoio de braços, que ampliam a sensação de posição de condução elevada, apesar do C-HR não ser um carro muito mais alto que uma berlina comum. O ecrã tátil (e, nalguns casos, o painel de instrumentos) trabalha ainda em uníssono com vários sistemas de segurança passiva, transmitindo informação para o habitáculo de modo a estar visível para o condutor.

É o caso do sistema de assistência de parqueamento (que ajuda a compensar a reduzida visibilidade traseira, devido à dimensão do pilar C), reconhecimento de sinais ou alerta de mudança de faixa, que facilitam bastante a utilização no tráfego das cidades.

Predador Silencioso

Diga adeus aos motores Diesel nos SUVs e crossovers. Com o C-HR, a Toyota optou por disponibilizar apenas dois motores, um pequeno turbo a gasolina (o mesmo 1.2 turbo que já se encontra no Auris) e um híbrido (na mais recente evolução do conjunto propulsor, que também é usado na nova geração do Prius). E é o híbrido que tem o caráter mais adequado para lidar com o trânsito urbano. A potência máxima do conjunto caiu de 136 para 122 cv, quando comparado com o anterior Prius, mas este motor tem mais vantagens em utilização normal.

No trânsito urbano é notório que há um recurso muito maior ao motor elétrico, reduzindo bastante o ruído de circulação e tornando a experiência de condução mais confortável. Em estrada, o motor eléctrico continua a ser uma ajuda importante nas recuperações e ultrapassagens,com a atuação do binário em baixas rotações.

Finalmente, quando chega a altura de confirmar o valor da conta bancária no final do mês, é com agrado que podemos verificar que é possível aproximamo-nos de um consumo médio entre os 4,5 e 5 litros aos 100 km, mas um valor nos cinco litros baixos é mais realista num grande centro urbano com várias elevações.

O único problema quando estamos ao volante é que a caixa automática do híbrido continua a não oferecer a mesma sensação de controlo que uma tradicional caixa manual. É prático, é eficiente, mas não é entusiasmante. E quem se preocupar mais com o prazer de condução poderá encontrar no motor 1.2 turbo uma alternativa mais interessante que o híbrido.

Mas mesmo com o híbrido é sempre possível ter algum prazer de condução. E para isso podemos contar com a arquitetura do chassis, onde se destaca a suspensão traseira de desenho multilink, que contribui para uma boa estabilidade em curva, tanto em cidade como na estrada (e cujo posicionamento acaba por não prejudicar a capacidade da bagageira).

Os amortecedores também fazem um bom trabalho a garantir o conforto no habitáculo, especialmente nos desníveis e obstáculos habituais no asfalto urbano das grandes cidades.

O Toyota C-HR é uma boa opção para quem procura um veículo de espírito individualista para circular primariamente na cidade. O motor híbrido é o mais apropriado, ainda que esta variante seja mais cara que a 1.2 Turbo, mas é também aqui que estão disponíveis as versões com melhor equipamento, e o preço não ultrapassa muito os 30 mil euros com o nível topo de gama, o Exclusive, se não for necessário muito recurso aos opcionais. Duas opções de motorizações que certamente irão chegar para todos os gostos.

MAIS – Consumo e conforto em cidade.

MENOS – Visibilidade traseira e caixa de velocidades.

 

FICHA TÉCNICA

Motor – 4 cilindros, 16 V., gasolina, bateria de hidretos de níquel

Cilindrada – 1798 cm3

Transmissão – Dianteira

Cx Vel – Automática, variação contínua

Potência – 122 cv (combinado)

Binário – 142 Nm/3600 rpm (gasolina)

Vel máx – 170 km/h

Aceleração – 11 s (0-100 km/h)

Consumo – Médio 3,9 l/100 km, AutoSport 5,2 l/100 km

Suspensão dianteira – McPherson

Suspensão traseira – Multilink

Travões dianteiros – Discos ventilados

Travões traseiros – Discos

Peso – 1535 kg

Depósito – 43 l

Mala – 377 l

Emissões – 87 g/km CO2