BMW M5 – Ensaio Teste

By on 10 Agosto, 2018

BMW M5

Texto: Francisco Cruz

Viciante!

Pela primeira vez em 35 anos de existência com sistema de tracção integral xDrive, mais potência e menos peso, a sexta geração do BMW M5 anuncia-se como uma berlina soberba, mais versátil, espécie de vício que facilmente se entranha e do qual se torna difícil escapar! Mas… será?

Conheça todas as versões e motorizações AQUI.


Mais:

Prestações / Motricidade / Versatilidade

 

 

Menos:

Consumos / Direcção pouco desportiva / O peso e as dimensões que se fazem notar na condução

Exterior

/10

Espécie de expoente máximo entre as berlinas médias premium de genes declaradamente desportivos, o BMW M5 continua sendo, quase três décadas e meia após o aparecimento da primeira geração, um dos modelos que mais contribui para a afirmação contínua e sustentada da BMW M. A qual, nesta sexta geração, voltou a não querer deixar nada ao acaso, aproveitando, de forma perfeita, as cativantes linhas da nova família Série 5, para conceber, mais uma vez, um produto que, a exemplo dos antecessores, procura ser referência entre iguais.

A procurar justificar esta intenção, uma estética exterior que recusa a indiferença, desde logo, fruto de uma secção frontal onde, a par da tradicional grelha duplo rim em preto brilhante, surge um novo pára-choques, bem mais esculpido e com entradas de ar mais generosas. Isto, também como forma de garantir um melhor arrefecimento do fogoso e renovado V8 que se encontra debaixo do capot dianteiro.

Aliás e ainda sobre o capot dianteiro, agora fabricado em alumínio, trata-se apenas de uma das medidas que fazem deste novo M5 um carro mais leve que o antecessor, em quase 100 kg. Esforço para o qual contribui igualmente uma utilização mais intensiva de materiais ultraleves no fabrico do modelo, entre os quais, a fibra de carbono – presente no tejadilho e no sistema de escape desportivo M. Este último, um opcional pago à parte (1.260€), tal como as jantes de 20″ (1.772€) já com pneus Michelin Pilot Sport 4S 275/35 à frente e 285/35 atrás (de origem, jantes de 19″), ou ainda os discos de travão M em carbocerâmica (7.398€), detectáveis através das pinças de cor douradas, e a contribuirem, também elas, para que o novo M5 não vá além dos 1.855 kg.

Finalmente, na traseira, as já tradicionais quatro ponteiras de escape, nesta nova geração, separadas por novo e mais destacado difusor.

Interior

/10

Já no interior do habitáculo, o recentrar das preocupações em transmitir não apenas um ambiente desportivo, bem presente, por exemplo, nas impressionantes “bacquets” (1.626€) em pele com emblema retro-iluminado, mas também a qualidade e luxo dos materiais que revestem grande parte do habitáculo, a enorme solidez da construção e a excelência da tecnologia presente. Bem patente num painel de instrumentos 10,25″ totalmente digital e configurável, na iluminação interior configurável, ou no sistema de info-entretenimento que também pode ser facilmente comandado por voz ou gestos. Ou ainda na consola que inclui a nova e invulgar manete da caixa automática de oito velocidades M Steptronic, onde também estão os botões que permitem configurar, ao gosto do “freguês”, a maior parte dos restantes componentes do carro.

Perfeita e confortavelmente inseridos no cockpit, aproveitando também as inúmeras possibilidades de regulação (elétrica) de banco e (fantástico) volante multifunções, do qual fazem igualmente parte duas pequenas patilhas com as indicações M1 e M2, rapidamente nos apercebemos do cuidado posto em oferecer igualmente um correcto acesso à generalidade dos comandos, ecrã do sistema iDrive incluído (até porque já é táctil…), com a consola central a surgir, também, mais virada para o condutor. Com a excepção da vir do conhecido botão rotativo do sistema iDrive, no M5 um tudo-nada tapado pela cada vez maior manete da caixa, e da visibilidade traseira, a agradecer, e muito!, a inclusão de sensores e câmara atrás – já que torna-se difícil perceber onde termina o carro… e começa a parede.

Por outro lado e porque não deixa de ser um familiar, alguns espaços de arrumação, assim como um banco traseiro onde, apesar do volume do túnel de transmissão e do banco do meio menos confortável que os das laterais, ainda é possível acomodar três passageiros. Mesmo com o do meio a não dispor do mesmo espaço para pernas dos restantes, além de estar mais sujeito aos estados de humor ou diatribes do condutor e do seu pé direito.

Sem passageiros atrás, a possibilidade de rebater 40/20/40 as costas dos bancos no seguimento do piso da bagageira, bastando para tal accionar as trancas que se encontram no tecto da mala. A qual, beneficiando de um acesso correcto, através de um portão de accionamento eléctrico, vê assim a capacidade aumentar consideravelmente, face aos 530 litros iniciais. Isto, num espaço que é, basicamente, o que está à vista, mas onde não deixam de existir dois pequenos alçapões abertos nas laterais, uma rede, um gancho porta-sacos e um ponto de luz no tecto.

Equipamento

/10

Versão de topo na família Série 5, o BMW M5 não abdica de seguir os mesmos princípios que norteiam os restantes irmãos, no que ao equipamento diz respeito. Que têm neste aspecto um factor de personalização e distinção, construído de acordo com as preferências e, principalmente, posses do cliente.

Assim e embora mais equipado que o antecessor, também no novo M5 se mantém uma quase obrigatoriedade de recurso à extensa lista de opcionais, para poder contar com elementos diferenciadores como o sistema de escape desportivo M (1.260,16€), as jantes em liga leve 706 M bicolores de 20″ com pneus mistos 275/35 R20 à frente e 285/35 R20 atrás (1.772,36€), sistema de travagem M em cerâmica e carbono (7.398,37€), função de fecho suave das portas (552,85€), cortinas nos vidros laterais traseiros (504,07€), vidros com protecção solar (390,24€), cintos de segurança M (260,16€), bancos dianteiros M multifuncionais (1.626,02€) com função de massagem (951,22€), proteção ativa (308,94€), assistente de condução Plus (2.398,37€), função TV no sistema de info-entretenimento (983,74€), informação de trânsito em tempo real (134,15€), serviços Concierge (210,57€), sistema de som surround Bowers & Wilkins Diamond (3.536,59€), controlo por gestos BMW (219,51€), BMW Night Vision com reconhecimento de peões (1.707,32€) e M Driver Package (2.073,17€).

Caso o orçamento não dê para mais que os 147.500 euros pedidos à partida, então, garantidos não deixam de estar a deslumbrante cor exterior Azul Marina Bay metalizada, o pack aerodinâmico M com spoiler dianteiro, saias laterais e spoiler traseiro com inserção do difusor em Dark Shadow metalizada, grelha BMW em forma de rim com barras verticais em preto brilhante e estrutura da grelha em cromado brilhante, faróis de nevoeiro LED, jantes de liga leve BMW 662 M de raios duplos de 18″ com pneus mistos, suspensão desportiva M, travões desportivos M3 com pinças em azul-escuro metalizada e aro das ponteiras de escape em cromado brilhante.

Já no interior, presentes estarão sempre as soleiras das portas M iluminadas, bancos desportivos para o condutor e passageiro da frente na combinação tecido/Alcantara com design M exclusivo (ou em pele Dakota em preto com design M exclusivo e costuras contrastantes em azul), volante M em pele multifunções, forro do teto BMW Individual em antracite, painel de instrumentos com design M específico no modo Sport, alavanca seletora com designação M, apoio de pés M para o condutor com capas dos pedais específicas M e chave do automóvel com designação M exclusiva.

Chega?…

Consumos

/10

Embora mantendo o mesmo oito cilindros em V do antecessor, a verdade é que o V8 que equipa o novo BMW M5 regista diferenças significativas, desde logo, nos dois turbocompressores, melhorados, assim como no sistema de injecção, agora com maior pressão, e na configuração do escape, a garantir maior rendimento.

Mercê de todas estas alterações, uma potência aumentada para os 600 cv e um binário elevado aos 750 Nm, predicados que, apoiados por uma caixa automática convencional de oito velocidades, assim como por um inovador sistema de tração xDrive, garantem prestações balísticas, que passam por uma aceleração dos 0 até aos 100 km/h em apenas 3,4 segundos, dos 0 aos 200 km/h em não mais que 11,1s, assim como por uma velocidade máxima anunciada de 250 km/h. Mas que também pode chegar aos 305 km/h, com a inclusão do opcional M Driver’s Package – algo que, aliás, o nosso carro contemplava, mas, shhh…

Quanto a consumos e porque todo o prazer tem os seus custos, médias obviamente altas, no nosso caso, a roçar os 15 l/100 km, fruto também de uma utilização do M5 em praticamente todas as situações possíveis, desde o ritmo de passeio, a acariciar o pedal do acelerador, até andamentos “de faca nos dentes”, com o acelerador em constante pressão.

Ainda assim e a nosso favor, o facto de , até mesmo a própria marca, falar em consumos oficiais de 10,5 l/100 km…

Ao Volante

/10

Quiçá por se apresentar, cada vez mais, como uma berlina de luxo, com quase cinco metros de comprimento (4,96 m, mais precisamente…) e quase duas toneladas de peso (e, atenção, que perdeu cerca de 90 kg, face ao antecessor), torna-se especialmente surpreendente, aquilo em que os engenheiros da “M” conseguiram alcançar, com esta nova geração M5!

Utilizando uma evolução do V8 4,4 litros biturbo, agora a debitar 600 cv entre as 5,600 e 6.700 rpm, e 750 Nm logo a partir das 1800 rpm e até às 5.600 rpm, impossível seria dizer que falta força, potência ou disponibilidade a uma berlina com coração e capacidade de explosão de verdadeiro velocista – realidade confirmada nos 3,2s que anuncia dos 0 aos 100 km/h.

A acrescer a esta soberba qualidade, capaz de deixar qualquer um a recuperar o fôlego, uma agilidade que um corpo enorme e pesado não deixaria, à partida, antever, ajudado não somente pela óptima precisão que eixo dianteiro oferece, mesmo com a direcção a pedir um feelling mais visceral, como também pela enorme motricidade garantida por um diferencial traseiro activo e, principalmente, pelo novo sistema 4×4 xDrive. E que é também uma das principais novidades nesta berlina claramente raçada de superdesportivo.

Com os três tradicionais modos de condução – Comfort, Sport e Sport+ – à disposição, aos quais acrescenta, depois, mais três, específicos desta proposta – 4WD, 4WD Sport e 2WD -, tornam-se imensas as possibilidades de disfrutar de enormes doses de adrenalina ao volante. E não apenas com a selecção do 2WD, sinónimo de passagem para tracção apenas traseira e liberdade total para o drift (também por isso, só pode ser accionado com o DSC totalmente desligado), mas, inclusive, optando pelo 4WD Sport – como em que, mesmo sem termos abdicar por completo da tracção integral, não deixa de ser possível chegar a situações de contra-brecagem, sem que a electrónica interfiram. Permitindo, inclusivamente, sentir o equilíbrio simplesmente soberbo que o M5 revela!

Mas porque a BMW parece ter feito questão de oferecer o melhor carro, segundo as preferências de cada condutor, a possibilidade ainda de cruzar vários tipos de resposta do motor, com opções mais ou menos firmes de suspensão, direcção mais ou menos pesada, e rapidez nas passagens da excelente caixa automática de 8 velocidades com tecnologia Drivelogic. Tudo ao alcance de um mero pressionar num botão, podendo inclusivamente passar a disfrutar de configurações “à medida”, que o condutor pode depois guardar e aceder, mediante o recurso à novidade que são as duas novas pequenas patilhas vermelhas sobre os braços do volante, com indicação M1 e M2.

No fundo, apenas mais uma excelente solução de funcionalidade,  a juntar a outras como é o caso do excelente Head-Up Display, repleto de informação e ao mesmo tempo de leitura muito fácil, ou ainda o painel totalmente totalmente digital, que vai alertando o condutor para a proximidade do red-line (até porque, ao aí chegar, não corta a rotação ou sequer mete uma acima…), através de um código de cores que, passando pelo amarelo, termina no vermelho, assim que entra em zona “proibida”. Ajudando a tornar a experiência de condução ao volante deste M5 ainda mais asfixiante!

Automóvel de sensações únicas quando levado aos limites, o novo BMW M5 impressiona, igualmente, pela forma como consegue transfigurar-se, tornando-se uma verdadeira berlina de luxo, confortável e estatutária, disponível para ser conduzida de forma mais descontraída e até discreta. Já que até mesmo a sonoridade do V8 surge agora mais suavizada.

Uma característica que, de resto, também se nota nos momentos de maior adrenalina, altura em que não deixa de causar alguma desilusão, ao exigir que se recorre a métodos “artificiais” (e um dos botões na consola entre os bancos serve precisamente para isso…), para que o M5 passe a rugir forma indisfarçável e dominadora.

Custos da versatilidade, dirão alguns…

Balanço Final

/10

Resumindo: simplesmente soberbo! Numa berlina com estas dimensões, cada vez mais luxuosa e confortável, desarma a facilidade com que consegue tornar-se num quase superdesportivo, de acelerações balísticas, eficácia a toda a prova, emoção e adrenalina sem limites. Também é certo que a direcção poderia ser visceral e, já agora, também o peso e as dimensões poderiam estar um tudo-nada melhor disfarçados; mas, na realidade, quem é que se importa, face àquilo que é o novo BMW M5?…

Concorrentes

Audi RS6 Avant Performance 4.0 TFSI quattro tiptronic, 605 cv, 3,7s 0-100 km/h, 250 km/h, 9,6 l/Km, 223g/km, 157.670,00 euros

(Conheça todas as versões e motorizações AQUI)

 

Mercedes-AMG E 63 S V8 4.0 bi-turbo 4MATIC+, 612 cv, 3,4s 0-100 km/h, 250 km/h, 8,8 l/100 km, 199 g/km, 148.000,00 euros

(Conheça todas as versões e motorizações AQUI)

 

Ficha Técnica

Motor

Tipo: 8 cilindros em V, com TwinPower Turbo Technology, dois turbos, injecção directa de alta precisão e intercooler

Cilindrada (cm3): 4.395

Diâmetro x curso (mm): 89 x 88,3

Taxa de compressão: 10:1

Potência máxima (cv): 600

Binário máximo (Nm/rpm): 750

Transmissão, direcção, suspensão e travões

Transmissão e direcção: transmissão M xDrive Intelligent às quatro rodas (integral), com caixa automática de oito velocidades; direcção elétrica, com Servotronic M e rácio desportivo variável

Suspensão (fr/tr): Adaptativa M com triângulos duplos e amortecedores de controlo variável; Adaptativa M com eixo multibraços e amortecedores de controlo variável

Travões (fr/tr): Discos ventilados com seis pistões e pinças fixas; discos ventilados com um pistão e pinças flutuantes

Prestações e Consumos

Aceleração 0-100 km/h (s): 3,4s

Velocidade máxima (km/h): 250 (limitada electronicamente)

Consumos urbano/extra-urbano/misto (l/100 km): 14,5/8,2/10,5

Emissões de CO2 (g/km): 241

Dimensões e pesos

Comprimento/Largura/Altura (mm): 4.965/1.903/1.473

Distância entre eixos (mm): 2.982

Largura das vias fr/tr (mm): 1.626/1.595

Peso (kg): 1.855

Capacidade da bagageira (l): 530

Depósito de combustível (l): 68

Pneus (fr/tr): 275/40 ZR19 / 285/40 ZR19

Mais/Menos


Mais

Prestações / Motricidade / Versatilidade

 

 

Menos

Consumos / Direcção pouco desportiva / O peso e as dimensões que se fazem notar na condução

Preços


Preço da versão ensaiada (Euros): 185454€

Preço da versão base (Euros): 147510€

Exterior
Interior
Equipamento
Consumos
Ao volante
Concorrentes
Balanço final
Ficha técnica

Exterior

Espécie de expoente máximo entre as berlinas médias premium de genes declaradamente desportivos, o BMW M5 continua sendo, quase três décadas e meia após o aparecimento da primeira geração, um dos modelos que mais contribui para a afirmação contínua e sustentada da BMW M. A qual, nesta sexta geração, voltou a não querer deixar nada ao acaso, aproveitando, de forma perfeita, as cativantes linhas da nova família Série 5, para conceber, mais uma vez, um produto que, a exemplo dos antecessores, procura ser referência entre iguais.

A procurar justificar esta intenção, uma estética exterior que recusa a indiferença, desde logo, fruto de uma secção frontal onde, a par da tradicional grelha duplo rim em preto brilhante, surge um novo pára-choques, bem mais esculpido e com entradas de ar mais generosas. Isto, também como forma de garantir um melhor arrefecimento do fogoso e renovado V8 que se encontra debaixo do capot dianteiro.

Aliás e ainda sobre o capot dianteiro, agora fabricado em alumínio, trata-se apenas de uma das medidas que fazem deste novo M5 um carro mais leve que o antecessor, em quase 100 kg. Esforço para o qual contribui igualmente uma utilização mais intensiva de materiais ultraleves no fabrico do modelo, entre os quais, a fibra de carbono – presente no tejadilho e no sistema de escape desportivo M. Este último, um opcional pago à parte (1.260€), tal como as jantes de 20″ (1.772€) já com pneus Michelin Pilot Sport 4S 275/35 à frente e 285/35 atrás (de origem, jantes de 19″), ou ainda os discos de travão M em carbocerâmica (7.398€), detectáveis através das pinças de cor douradas, e a contribuirem, também elas, para que o novo M5 não vá além dos 1.855 kg.

Finalmente, na traseira, as já tradicionais quatro ponteiras de escape, nesta nova geração, separadas por novo e mais destacado difusor.

Interior

Já no interior do habitáculo, o recentrar das preocupações em transmitir não apenas um ambiente desportivo, bem presente, por exemplo, nas impressionantes “bacquets” (1.626€) em pele com emblema retro-iluminado, mas também a qualidade e luxo dos materiais que revestem grande parte do habitáculo, a enorme solidez da construção e a excelência da tecnologia presente. Bem patente num painel de instrumentos 10,25″ totalmente digital e configurável, na iluminação interior configurável, ou no sistema de info-entretenimento que também pode ser facilmente comandado por voz ou gestos. Ou ainda na consola que inclui a nova e invulgar manete da caixa automática de oito velocidades M Steptronic, onde também estão os botões que permitem configurar, ao gosto do “freguês”, a maior parte dos restantes componentes do carro.

Perfeita e confortavelmente inseridos no cockpit, aproveitando também as inúmeras possibilidades de regulação (elétrica) de banco e (fantástico) volante multifunções, do qual fazem igualmente parte duas pequenas patilhas com as indicações M1 e M2, rapidamente nos apercebemos do cuidado posto em oferecer igualmente um correcto acesso à generalidade dos comandos, ecrã do sistema iDrive incluído (até porque já é táctil…), com a consola central a surgir, também, mais virada para o condutor. Com a excepção da vir do conhecido botão rotativo do sistema iDrive, no M5 um tudo-nada tapado pela cada vez maior manete da caixa, e da visibilidade traseira, a agradecer, e muito!, a inclusão de sensores e câmara atrás – já que torna-se difícil perceber onde termina o carro… e começa a parede.

Por outro lado e porque não deixa de ser um familiar, alguns espaços de arrumação, assim como um banco traseiro onde, apesar do volume do túnel de transmissão e do banco do meio menos confortável que os das laterais, ainda é possível acomodar três passageiros. Mesmo com o do meio a não dispor do mesmo espaço para pernas dos restantes, além de estar mais sujeito aos estados de humor ou diatribes do condutor e do seu pé direito.

Sem passageiros atrás, a possibilidade de rebater 40/20/40 as costas dos bancos no seguimento do piso da bagageira, bastando para tal accionar as trancas que se encontram no tecto da mala. A qual, beneficiando de um acesso correcto, através de um portão de accionamento eléctrico, vê assim a capacidade aumentar consideravelmente, face aos 530 litros iniciais. Isto, num espaço que é, basicamente, o que está à vista, mas onde não deixam de existir dois pequenos alçapões abertos nas laterais, uma rede, um gancho porta-sacos e um ponto de luz no tecto.

Equipamento

Versão de topo na família Série 5, o BMW M5 não abdica de seguir os mesmos princípios que norteiam os restantes irmãos, no que ao equipamento diz respeito. Que têm neste aspecto um factor de personalização e distinção, construído de acordo com as preferências e, principalmente, posses do cliente.

Assim e embora mais equipado que o antecessor, também no novo M5 se mantém uma quase obrigatoriedade de recurso à extensa lista de opcionais, para poder contar com elementos diferenciadores como o sistema de escape desportivo M (1.260,16€), as jantes em liga leve 706 M bicolores de 20″ com pneus mistos 275/35 R20 à frente e 285/35 R20 atrás (1.772,36€), sistema de travagem M em cerâmica e carbono (7.398,37€), função de fecho suave das portas (552,85€), cortinas nos vidros laterais traseiros (504,07€), vidros com protecção solar (390,24€), cintos de segurança M (260,16€), bancos dianteiros M multifuncionais (1.626,02€) com função de massagem (951,22€), proteção ativa (308,94€), assistente de condução Plus (2.398,37€), função TV no sistema de info-entretenimento (983,74€), informação de trânsito em tempo real (134,15€), serviços Concierge (210,57€), sistema de som surround Bowers & Wilkins Diamond (3.536,59€), controlo por gestos BMW (219,51€), BMW Night Vision com reconhecimento de peões (1.707,32€) e M Driver Package (2.073,17€).

Caso o orçamento não dê para mais que os 147.500 euros pedidos à partida, então, garantidos não deixam de estar a deslumbrante cor exterior Azul Marina Bay metalizada, o pack aerodinâmico M com spoiler dianteiro, saias laterais e spoiler traseiro com inserção do difusor em Dark Shadow metalizada, grelha BMW em forma de rim com barras verticais em preto brilhante e estrutura da grelha em cromado brilhante, faróis de nevoeiro LED, jantes de liga leve BMW 662 M de raios duplos de 18″ com pneus mistos, suspensão desportiva M, travões desportivos M3 com pinças em azul-escuro metalizada e aro das ponteiras de escape em cromado brilhante.

Já no interior, presentes estarão sempre as soleiras das portas M iluminadas, bancos desportivos para o condutor e passageiro da frente na combinação tecido/Alcantara com design M exclusivo (ou em pele Dakota em preto com design M exclusivo e costuras contrastantes em azul), volante M em pele multifunções, forro do teto BMW Individual em antracite, painel de instrumentos com design M específico no modo Sport, alavanca seletora com designação M, apoio de pés M para o condutor com capas dos pedais específicas M e chave do automóvel com designação M exclusiva.

Chega?…

Consumos

Embora mantendo o mesmo oito cilindros em V do antecessor, a verdade é que o V8 que equipa o novo BMW M5 regista diferenças significativas, desde logo, nos dois turbocompressores, melhorados, assim como no sistema de injecção, agora com maior pressão, e na configuração do escape, a garantir maior rendimento.

Mercê de todas estas alterações, uma potência aumentada para os 600 cv e um binário elevado aos 750 Nm, predicados que, apoiados por uma caixa automática convencional de oito velocidades, assim como por um inovador sistema de tração xDrive, garantem prestações balísticas, que passam por uma aceleração dos 0 até aos 100 km/h em apenas 3,4 segundos, dos 0 aos 200 km/h em não mais que 11,1s, assim como por uma velocidade máxima anunciada de 250 km/h. Mas que também pode chegar aos 305 km/h, com a inclusão do opcional M Driver’s Package – algo que, aliás, o nosso carro contemplava, mas, shhh…

Quanto a consumos e porque todo o prazer tem os seus custos, médias obviamente altas, no nosso caso, a roçar os 15 l/100 km, fruto também de uma utilização do M5 em praticamente todas as situações possíveis, desde o ritmo de passeio, a acariciar o pedal do acelerador, até andamentos “de faca nos dentes”, com o acelerador em constante pressão.

Ainda assim e a nosso favor, o facto de , até mesmo a própria marca, falar em consumos oficiais de 10,5 l/100 km…

Ao volante

Quiçá por se apresentar, cada vez mais, como uma berlina de luxo, com quase cinco metros de comprimento (4,96 m, mais precisamente…) e quase duas toneladas de peso (e, atenção, que perdeu cerca de 90 kg, face ao antecessor), torna-se especialmente surpreendente, aquilo em que os engenheiros da “M” conseguiram alcançar, com esta nova geração M5!

Utilizando uma evolução do V8 4,4 litros biturbo, agora a debitar 600 cv entre as 5,600 e 6.700 rpm, e 750 Nm logo a partir das 1800 rpm e até às 5.600 rpm, impossível seria dizer que falta força, potência ou disponibilidade a uma berlina com coração e capacidade de explosão de verdadeiro velocista – realidade confirmada nos 3,2s que anuncia dos 0 aos 100 km/h.

A acrescer a esta soberba qualidade, capaz de deixar qualquer um a recuperar o fôlego, uma agilidade que um corpo enorme e pesado não deixaria, à partida, antever, ajudado não somente pela óptima precisão que eixo dianteiro oferece, mesmo com a direcção a pedir um feelling mais visceral, como também pela enorme motricidade garantida por um diferencial traseiro activo e, principalmente, pelo novo sistema 4×4 xDrive. E que é também uma das principais novidades nesta berlina claramente raçada de superdesportivo.

Com os três tradicionais modos de condução – Comfort, Sport e Sport+ – à disposição, aos quais acrescenta, depois, mais três, específicos desta proposta – 4WD, 4WD Sport e 2WD -, tornam-se imensas as possibilidades de disfrutar de enormes doses de adrenalina ao volante. E não apenas com a selecção do 2WD, sinónimo de passagem para tracção apenas traseira e liberdade total para o drift (também por isso, só pode ser accionado com o DSC totalmente desligado), mas, inclusive, optando pelo 4WD Sport – como em que, mesmo sem termos abdicar por completo da tracção integral, não deixa de ser possível chegar a situações de contra-brecagem, sem que a electrónica interfiram. Permitindo, inclusivamente, sentir o equilíbrio simplesmente soberbo que o M5 revela!

Mas porque a BMW parece ter feito questão de oferecer o melhor carro, segundo as preferências de cada condutor, a possibilidade ainda de cruzar vários tipos de resposta do motor, com opções mais ou menos firmes de suspensão, direcção mais ou menos pesada, e rapidez nas passagens da excelente caixa automática de 8 velocidades com tecnologia Drivelogic. Tudo ao alcance de um mero pressionar num botão, podendo inclusivamente passar a disfrutar de configurações “à medida”, que o condutor pode depois guardar e aceder, mediante o recurso à novidade que são as duas novas pequenas patilhas vermelhas sobre os braços do volante, com indicação M1 e M2.

No fundo, apenas mais uma excelente solução de funcionalidade,  a juntar a outras como é o caso do excelente Head-Up Display, repleto de informação e ao mesmo tempo de leitura muito fácil, ou ainda o painel totalmente totalmente digital, que vai alertando o condutor para a proximidade do red-line (até porque, ao aí chegar, não corta a rotação ou sequer mete uma acima…), através de um código de cores que, passando pelo amarelo, termina no vermelho, assim que entra em zona “proibida”. Ajudando a tornar a experiência de condução ao volante deste M5 ainda mais asfixiante!

Automóvel de sensações únicas quando levado aos limites, o novo BMW M5 impressiona, igualmente, pela forma como consegue transfigurar-se, tornando-se uma verdadeira berlina de luxo, confortável e estatutária, disponível para ser conduzida de forma mais descontraída e até discreta. Já que até mesmo a sonoridade do V8 surge agora mais suavizada.

Uma característica que, de resto, também se nota nos momentos de maior adrenalina, altura em que não deixa de causar alguma desilusão, ao exigir que se recorre a métodos “artificiais” (e um dos botões na consola entre os bancos serve precisamente para isso…), para que o M5 passe a rugir forma indisfarçável e dominadora.

Custos da versatilidade, dirão alguns…

Concorrentes

Audi RS6 Avant Performance 4.0 TFSI quattro tiptronic, 605 cv, 3,7s 0-100 km/h, 250 km/h, 9,6 l/Km, 223g/km, 157.670,00 euros

(Conheça todas as versões e motorizações AQUI)

 

Mercedes-AMG E 63 S V8 4.0 bi-turbo 4MATIC+, 612 cv, 3,4s 0-100 km/h, 250 km/h, 8,8 l/100 km, 199 g/km, 148.000,00 euros

(Conheça todas as versões e motorizações AQUI)

 

Balanço final

Resumindo: simplesmente soberbo! Numa berlina com estas dimensões, cada vez mais luxuosa e confortável, desarma a facilidade com que consegue tornar-se num quase superdesportivo, de acelerações balísticas, eficácia a toda a prova, emoção e adrenalina sem limites. Também é certo que a direcção poderia ser visceral e, já agora, também o peso e as dimensões poderiam estar um tudo-nada melhor disfarçados; mas, na realidade, quem é que se importa, face àquilo que é o novo BMW M5?…

Mais

Prestações / Motricidade / Versatilidade

 

 

Menos

Consumos / Direcção pouco desportiva / O peso e as dimensões que se fazem notar na condução

Ficha técnica

Motor

Tipo: 8 cilindros em V, com TwinPower Turbo Technology, dois turbos, injecção directa de alta precisão e intercooler

Cilindrada (cm3): 4.395

Diâmetro x curso (mm): 89 x 88,3

Taxa de compressão: 10:1

Potência máxima (cv): 600

Binário máximo (Nm/rpm): 750

Transmissão, direcção, suspensão e travões

Transmissão e direcção: transmissão M xDrive Intelligent às quatro rodas (integral), com caixa automática de oito velocidades; direcção elétrica, com Servotronic M e rácio desportivo variável

Suspensão (fr/tr): Adaptativa M com triângulos duplos e amortecedores de controlo variável; Adaptativa M com eixo multibraços e amortecedores de controlo variável

Travões (fr/tr): Discos ventilados com seis pistões e pinças fixas; discos ventilados com um pistão e pinças flutuantes

Prestações e Consumos

Aceleração 0-100 km/h (s): 3,4s

Velocidade máxima (km/h): 250 (limitada electronicamente)

Consumos urbano/extra-urbano/misto (l/100 km): 14,5/8,2/10,5

Emissões de CO2 (g/km): 241

Dimensões e pesos

Comprimento/Largura/Altura (mm): 4.965/1.903/1.473

Distância entre eixos (mm): 2.982

Largura das vias fr/tr (mm): 1.626/1.595

Peso (kg): 1.855

Capacidade da bagageira (l): 530

Depósito de combustível (l): 68

Pneus (fr/tr): 275/40 ZR19 / 285/40 ZR19

Preço da versão ensaiada (Euros): 185454€
Preço da versão base (Euros): 147510€