Jaguar XJ 3.0 Diesel – Ensaio

By on 12 Junho, 2017

JAGUAR XJ 3.0 V6 DIESEL SWB PORTFOLIO

Texto: Filipe Pinto Mesquita ([email protected])

Educado e de boas famílias!

Quem pensou que a Jaguar tinha o seu destino traçado quando foi adquirida pela Tata Motors, equivocou-se! Passados, quase 10 anos, os automóveis ingleses mantêm a sua nobre personalidade e o topo de gama, XJ, é um bom exemplo disso. Na versão 3.0 V6 Diesel, pode tornar-se um sério candidato a beliscar a concorrência alemã!

Poucas marcas automóveis têm a ligação com a aristocracia como a Jaguar. No renovado XJ, o elo não se perdeu, seja pelo fleuma britânico que a berlina de mais de cinco metros parece exalar, seja pelo carisma das suas linhas, seja pelo estatuto que encerra o próprio símbolo “Jaguar” na enorme grelha dianteira e no centro da tampa da bagageira, uma espécie de sinal de respeito, a que ninguém fica indiferente.

No último restyling do mais poderoso dos felinos britânicos, as mudanças foram pouco mais do que superficiais, mas nem isso apaziguou a alma poderosa do Jaguar, que na versão 3.0 V6 Diesel SWB Portfolio tem tudo para espalhar charme. Novos grupos óticos Full-LED e grelha cromada e perfurada mais vertical dão o primeiro sinal da mudança e de que, efetivamente, estamos na presença de um automóvel que causa fascínio por onde quer que passe.

Mas é na original e fluída descida da curvatura do tejadilho (que não foi alterada) que se percebe o rasgo de genialidade do design, diferente dos Mercedes-Benz Classe S e BMW Série 7 com que concorre! Num segmento muito exigente, mas, sobretudo, muito conservador, é preciso coragem para apostar num design “fora da caixa” e a marca inglesa teve-a, mostrando que talvez esse fosse o único caminho para tentar travar a hegemonia alemã, há muito instalada neste tipo de automóveis. Se resultou? Bom, talvez não seja assim tão fácil mudar as mentalidades de compradores cuja idade média está acima dos 50 anos e talvez isso leve tempo e mais do que uma geração de automóveis, mas uma coisa é certa: a Jaguar tinha muito mais a ganhar do que a perder, apostando na diferenciação!

Conjeturas à parte, o XJ 3.0 V6 Diesel é um automóvel brilhante em muitos aspetos. O porte senhorial é apenas um deles, mas um dos mais importantes para a estabilização do conforto dinâmico, já que o maior de todos os Jaguar em comercialização oferece um notável amortecimento na ligação à estrada (variável em três níveis), bem como uma precisão e feedback na direção muito acima da média.

Sob o motor V6 3.0 litros recai também uma quota parte importante de responsabilidade na vigorosa animação dos 1835 kg de massa rolante. Com um aumento de potência de 25 cv face à anterior geração, o XJ de hoje apresenta agora 300 CV e 700 Nm de binário, o suficiente para o dotarem de capacidades dinâmicas muito convincentes (250 km/h limitados de velocidade máxima e 6.2s na aceleração dos 0-100 km/h), tudo sem comprometer o conforto, afinal o trunfo principal de quem procura um automóvel deste calibre.

Mas, num segmento, onde uma parte da decisão de compra também se rege pelos atributos interiores, o Jaguar não se sai mal, mesmo que se perceba que o Classe S da Mercedes e o Serie 7 da BMW valorizem mais quem se desloque nos bancos traseiros e o XJ o condutor e passageiro.

Comando rotativo e elevatório da caixa automática de oito relações é um elemento fortemente distintivo e nobre, bem como o são também os bancos acolchoados e perfurados “Softgrain” e o volante de couro, aquecido, e com regulação elétrica automática para facilitar entrada e saída do condutor. No mesmo patamar também se insere a abertura do porta luvas e a ativação da iluminação interior por simples toque denominado “JaguarSense”, bem como a câmara traseira que oferece a visão panorâmica traseira, em modo contínuo, mesmo com o XJ em marcha para a frente.

Argumentos realmente diferentes, a que se juntam muitos outros já mais banalizados pela concorrência, mas nem por isso, menos importantes. Chamadas corretivas ficam, por exemplo, para a ausência de bancos traseiros com massagens ou do sistema de multimédia nos bancos traseiros, com o écran dianteiro tátil de infoentretenimento a pedir maiores dimensões (tem apenas 8’’) ou ainda maiores possibilidades da variação da luz ambiente, restrita ao bonito azul fósforo.

Itens luxuosos como o sistema de som Meridian de 825W e 20 altifalantes (2105 €), o sintonizador de TV (1337 €) ou o Controlo de Velocidade de Cruzeiro Adaptativo com sistema de segurança de baixa velocidade e travão de emergência inteligente (1178 €) são alguns dos luxos que entram na lista de opcionais, mas que enriquecem a linhagem deste “very british” automóvel de “pesados” 117.899 €!

MAIS – Imagem distinta e consumos.

MENOS – Preço e tamanho do monitor central.

 

FICHA TÉCNICA

Motor – V6, inj. direta e turbo, Diesel

Cilindrada – 2993 cm3

Transmissão – Traseira

Cx Vel – 8 vel. automática

Potência – 300 cv

Binário – 700 Nm/2000 rpm

Vel máx – 250 km/h (limitada)

Aceleração – 6,2 s (0-100 km/h)

Consumo – Médio 5,7 l/100 km, AutoSport 7,8 l/100 km

Suspensão dianteira – Independente de triângulos duplos

Suspensão traseira – Independente de triângulos duplos

Travões dianteiros – Discos ventilados

Travões traseiros – Discos ventilados

Peso – 1835 kg

Depósito – 77 l

Mala – 520 l

Emissões – 155 g/km CO2