Nissan Qashqai 1.2 DIG-T N Connecta – Ensaio

By on 6 Fevereiro, 2018

Nissan Qashqai 1.2 DIG-T N Connecta 18” 

Texto: Filipe Pinto Mesquita

Líder tenta popularidade também a gasolina

Líder no mercado mais apetecível dos últimos anos (SUVs/Crossovers), mas cercado por feroz concorrência, o Nissan Qashqai soube, mais uma vez, reinventar-se e dar resposta à altura. Resta saber se a versão a gasolina 1.2 DIG-T N CONNECTA 18, menos amada que a diesel, está apta para entrar no “campeonato da popularidade”…  

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Verdadeiro porta-estandarte da Nissan na Europa e em Portugal, o Nissan Qashqai foi renovado no verão do ano passado com um objetivo claro: manter os 10 anos de liderança entre os SUVs/Crossovers de que se pode orgulhar e tentar aumentar a já de si interessante quota de mercado, de 10,3%, que apresenta. Com resultados de vendas muito mais expressivos nas motorizações diesel, mas com os mercados e o mundo a começar a olharem para os motores a gasolina com outros olhos, a versão 1.2 DIG-T, também ganha protagonismo e começar a suscitar interesse. Mas será que vale a pena?

Exterior

Em equipa que ganha não se mexe e ninguém melhor os responsáveis da Nissan para darem corpo ao adágio popular. Por isso, a renovação estética exterior da segunda geração do Qashqai levou à letra a palavra “restyling”, declinando outra, demasiado perigosa e aventureira: “revolução”! Jogar pelo seguro foi, portanto, a tática do modelo nipónico, que há uma década põe os olhos em bico aos europeus, e a prová-lo estão as subtis alterações operadas em termos de carroçaria.

À frente, um novo para-choques integrado, com diferentes acabamentos e com um novo desenho para as entradas de ar são as mudanças mais notadas e que contribuem para um visual mais moderno, mas os faróis de nevoeiro em posição mais baixa e a reconhecida grelha em forma de “V” da Nissan que apresenta (na versão N-CONNECTA) um acabamento plano também contribuiu para uma imagem mais “arejada”, sem perder o seu caráter, para o qual os faróis de presença diurna em forma de boomerang também muito contribuem. No capot, novos vincos, mais estreitos, ajudam a suavizar, definitivamente, a dianteira do Qashqai.

Tal como à frente, também na traseira o para-choques foi redesenhado, algo que se nota particularmente na versão N-CONNECTA ensaiada, devido às inserções prateadas no avental inferior, enquanto as luzes de “boomerang” também cresceram de dimensões.

Depois, o novo desenho das jantes de 18’’ que equipam a versão N-CONNECTA (o Qashqai também pode receber jantes 17’’ e 19’’) foi pensado para otimizar a eficiência aerodinâmica, dando ao conjunto um ar mais elegante.

Com toda a renovação do conjunto, o Qashqai apenas viu alterada a sua fisionomia em termos de comprimento, crescendo 17 mm, acusando na fita métricas uns equilibrados 4,394 mm, já que em termos de largura (1806 mm) e altura (1595 mm) não ficaram registados quaisquer alterações.

Interior

Apesar de tudo, foi para o habitáculo que ficaram reservadas as principais melhorias desta segunda vida da segunda geração do Qashqai. Desde logo, a qualidade de alguns plásticos foi melhorada e o acesso ficou facilitado pela adoção do volante com base plana estreado no Micra, no único apontamento desportivo deste Crossover. Aliás, o desenho do volante deu agora uma amplitude de visão ao painel de instrumentos perfeita, e só é pena a leitura deste não ser sempre tão intuitiva como seria desejável, requerendo alguma habituação em algumas funções do computador de bordo. Mas, para compensar, o écran tátil de navegação assemelha-se a uma “app” e é mais fácil de utilizar, ajudando a criar bom ambiente a bordo, com um recheio de “mimos” tecnológicos, como porta de USB, conector MP3, Bluetooth com microfone e ar condicionado automático “Dual Zone”, a dar também o seu contributo para um espaço interior que acompanha as tendências modernas.

Na versão N-CONNECTA os bancos dianteiros foram redesenhados, sendo mais aconchegantes e oferecendo maior visibilidade para quem viaja atrás. E quem o faz, também aufere de um índice de conforto muito razoável, ainda que três passageiros nunca estarão verdadeiramente à larga. Não obstante, o Qashqai não renega nunca a sua vocação familiar, explorada, por exemplo, na oferta de diversas funcionalidades de arrumação, mas também na modularidade dos bancos traseiros, rebatíveis na configuração 60/40 ou na totalidade, o que estica a capacidade da bagageira dos 430 para os 1598 litros. Aliás, a mala inclui um sistema de compartimento de bagagem flexível, bastante interessante, com ajuste de prateleiras e 18 configurações diferentes de divisores.

Equipamento

O renovado Qashqai apresenta, por si, só um acréscimo de equipamento, mas a versão N-CONNECTA 18’’ soma alguns luxos a nível da segurança, tecnologia, mas também da beleza exterior e interior. Os principais destaques vão para o denominado “Escudo de Proteção Inteligente – Drive Assist Pack”, onde se pode encontrar uma série de funcionalidades que ajudam condutor e passageiros a sentirem-se mais seguros: Alerta Inteligente de Manutenção de Faixa, Identificador de Sinais de Trânsito, Sistema de Faróis Inteligente, Sistema Inteligente Anticolisão com deteção de peões, retrovisor interior anti-encadeamento automático são itens oferecidos a custo zero. Depois, a tecnologia a bordo não dispensa Câmara Inteligente de Visão 360⁰, Botão Start/Stop, Audio Streaming via Bluetooth e Chave Inteligente.

Como está indicado no próprio nome da versão, as jantes de liga leve de 18’’ também compõe o conjunto, tal como logotipo NISSAN em 3D, enquanto no habitáculo, os bancos Monoform, os estofos em tecido N-CONNECTA e o revestimento dos puxadores interiores das portas em PVC tornam esta versão mais especial e rica em termos de equipamento.

Mas a verdade é que mesmo a versão base do Qashqai (Acenta) já aparece muito bem apetrechada, mesmo se é ainda possível encontrar no “organigrama” do SUV nipónico, versões ainda mais faustosas no que ao nível de equipamento diz respeito (Tekna e Tekna Premium).

 Consumos

Os consumos assumem particular importância quando em cima da balança optar pela por um veículo a gasolina e não pelo seu homólogo diesel. Neste caso concreto, o motor 1.2 DIG-T do Qashqai não é um consumidor ávido de combustível, mas também está longe de revelar a eficácia de poupança da versão diesel equiparada. Os anunciados 5.6 l/100 km de média são naturalmente otimistas, pelo que é melhor contar com números que só em ritmo de passeio e gerindo o pedal do lado direito com todo o cuidado se poderão aproximar dos 7,4 l/100 km. Numa condução despreocupada, o computador de bordo não se ensaia muito para lhe fornecer números entre os 8 e os 9 l/100 km.

 Ao Volante

Mantendo uma excelente posição de condução, sobrelevada, que faculta ótima visibilidade, com um tejadilho panorâmico em vidro propício a “curtir” os tímidos raios de Sol próprios da época, que parece dar a sensação de estarmos na presença de um carro ainda maior, estão reunidas todas as condições para passar bons momentos a bordo. Resta perceber o que vale a dinâmica do Qashqai 1.2 DIG-T, a versão gasolina, nitidamente menos popularizada que a versão equivalente a diesel (o dCi de 110 cv). Com 115 cv de potência e 190 Nm de binário, o “coração” deste Qashqai não sofre de bradicardia, mas está longe de ter um desempenho vigoroso e excitante. Linear na subida de regime e até bastante elástico, o motor aparece penalizado por relações de caixa demasiado longas, o que, é certo, favorece os consumos, mas também tira brilho as performances e à agradabilidade de condução, até porque o Qashqai já não é propriamente um peso pluma, acusando na balança mais de 1330 kg. Ainda assim, o modelo nipónico cumpre perfeitamente os “mínimos olímpicos” para quem procura um automóvel cuja dinâmica não é a prioridade, mas não tem a “simpatia” do “irmão”, cujo superior binário lhe permite outra desenvoltura a velocidades mais baixas.

Referência positiva merece a direção cuja transparência fortalece a empatia com a estrada, meio caminho andado para que a segurança e o conforto da condução saiam privilegiados. E, por falar em conforto, o reforço da insonorização do habitáculo nesta última versão do Qashqai entra diretamente para a lista de “likes”, lista essa que o desempenho da suspensão tem mais dificuldades em integrar. É que a revisão deste órgão mecânico resultou numa penalização do conforto (sem que se possa dizer, no entanto, estarmos na presença de um carro desconfortável), mas fê-lo, em busca da melhoria do comportamento dinâmico, num resultado de compromisso aceitável e que melhorou sobejamente o indesejável efeito de rolamento da carroçaria em curvas “atacadas” com maior velocidade. Só continua mesmo a faltar um modo de gestão de condução, que parametrize de forma diversa a resposta do motor, direção e suspensão (que alguns rivais já oferecem), para oferecer uma ainda maior versatilidade dinâmica.

Por último, nota negativa merece o sistema de arranque assistido em subidas, que acaba por criar mais dificuldades do que facilitar a vida ao condutor, dada a sua lentidão em termos de desativação nos momentos-chave.

Em resumo

Não restam dúvidas que a renovação do Qashqai permitiu recolocar o mais vendido crossover/suv dos últimos anos na “crista da onda”. Modernização da imagem, reforço da segurança e equipamento, na versão N-CONNECTA, são trunfos a considerar. Mas na versão a gasolina, 1.2 DIG-T, o Qashqai ainda tem dificuldade em combater o populismo da motorização diesel, mais eficiente em muitos aspetos dinâmicos e naturalmente nos consumos, mas também mais cara 2.900 €. Num ou noutro caso, o Qashqai pode beneficiar de um desconto que a Nissan designa por “Prémio Tecnologia” que na versão N-Connecta chega aos 3.000 € e pode ainda beneficiar de 1.000 € de desconto de retoma. Ora, contas feitas, um Nissan Qashqai 1.2 DIG-T por 25.150 € não se pode dizer que não seja atrativo!

Mais: Equipamento/Preço/Dinâmica

Menos: Arranque assistido em subidas/Relações de caixa

FICHA TÉCNICA

Motor

Tipo: quatro cilindros em linha, injeção direta, turbo

Cilindrada (cm3): 1197

Diâmetro x curso (mm): 72,2 x 73,1

Taxa de Compressão: 9,25: 1

Potência máxima (cv): 115/4500

Binário máximo (Nm/rpm): 190/2000

 Transmissão, direção, suspensão e travões

Transmissão e direção: Dianteira, com caixa manual de 6 velocidades; direção de pinhão e cremalheira, assistida

Suspensão (fr/tr): Independente/eixo de torção com molas

Travões (fr/tr): Discos ventilados/discos

 Prestações e Consumos

Aceleração: 0-100 km/h (s): 10,6

Velocidade máxima (km/h): 185

Consumos urbano/extra-urb./misto (l/100 km): 6,6/5,1/5,6

Emissões de CO2 (g/km): 129

Dimensões e pesos

Comprimento/Largura/Altura (mm): 4394/1806/1590

Distância entre eixos (mm): 2646

Largura das vias (fr/tr) (mm): 1565/1560

Peso (kg): 1331

Capacidade da bagageira (l): 430 (1598 com segunda fila de bancos rebatida)

Depósito de combustível (l): 55

Pneus (fr/tr): 215/55/18

Preço de campanha (€): 25.150

Preços


Preço da versão ensaiada (Euros): 29150€

Preço da versão base (Euros): €