Volkswagen Arteon 2.0 TDI DSG Elegance – Ensaio

By on 15 Setembro, 2017

Volkswagen Arteon 2.0 TDI DSG Elegance:  Sentir a distinção

Texto: Francisco Cruz

Modelo que surge para preencher o espaço deixado vago com o desaparecimento, não de um, mas de dois modelos, o CC e o Phaeton, o Arteon é também a nova referência da Volkswagen em termos de qualidade, distinção e até luxo. Razão pela qual, nem mesmo quando equipado com um não tão estatutário turbodiesel 2,0 litros de 150 cv, o novo topo de gama da marca alemã deixa de nos fazer sentir especiais…

Depois dos resultados diametralmente opostos conseguidos com os antecessores – enquanto o Passat CC não deixou de conseguir algum destaque, o Phaeton acabou sendo pouco menos que um fracasso -, a Volkswagen volta a carga num segmento há muito dominado pelas marcas premium, como é o das berlinas executivas e mais estatutárias. Desta feita, porém, com um produto que, reconheça-se, consegue conjugar de forma bem melhor a racionalidade inerente a um posicionamento não tão elevado quanto o pretendido para o “irreal” Phaeton, com ainda mais emoção e beleza que as transmitidas, anteriormente, por um produto que pouco mais era que a variante coupé de quatro portas do Passat.

Com o Arteon, sedan de cinco portas e linhas tipo coupé que o próprio fabricante apresenta como “arte em movimento”, o construtor de Wolfsburgo passa, assim, a possuir um produto capaz de rivalizar com produtos mais categorizados, sejam eles Audi, BMW ou Mercedes, resultado não apenas de uma estética que, em nossa opinião, o torna um dos modelos mais emocionais do segmento, como também fruto de uma qualidade de construção e de materiais, habitabilidade, capacidade de carga e até desempenho, que é fácil elogiar. Ainda que e infelizmente para a própria Volkswagen, muito provavelmente insuficientes para destronar rivais que fazem, principalmente, da imagem e do (maior) estatuto, argumentos para vingar. O que, a acontecer, não deixará de ser uma pena…

Visual de arrebatar em corpo de modelo

Construído com base na mesma plataforma (MQB) de outros produtos da Casa de Wolfsburgo, como o Passat ou até mesmo o Golf, ainda que neste caso alongada, o Arteon mostra saber fazer uso como poucos dos seus quase cinco metros de comprimento. Desde logo, marcado por uma série de pormenores simplesmente arrebatadores, a começar na frente. Esculpida e agressiva, graças a uma grelha redesenhada, de frisos metalizados e com os faróis esguios (opcionalmente, com tecnologia LED e Dynamic Light Assist, por 1.180€) integrados, um pára-choques de generosas entradas de ar e um capot fortemente picado. Seguindo-se-lhe um perfil de coupé, com a linha do tejadilho a terminar já sobre a tampa da mala e junto a um bonito e discreto airelon, e onde não faltam sequer cavas das rodas bem marcadas, vidros das portas sem qualquer moldura, além de uma linha de cintura a ligar os faróis dianteiros aos farolins traseiros. Com o nível de equipamento – Elegance – a surgir inscrito numa placa metalizada, colocada na porta e logo abaixo do retrovisor, também ele com capa metalizada.

Finalmente e observado de traseira, uma estética que não esconde algumas semelhanças com o anterior CC, com destaque para os farolins “rasgados” de tecnologia LED e piscas dinâmicos (é, aliás, o último grito neste tipo de equipamento, com a luz a correr de dentro para fora…), além de um enorme óculo traseiro quase na horizontal e um pára-choques que, surpreendentemente, na versão por nós testada, 2.0 TDI de 150 cv Elegance, opta por não exibir qualquer ponteira de escape – apenas e só, linhas extremamente limpas e ajudarem a transmitir uma maior sensação de largura. Confirmada, aliás, nos quase 1,9 metros que anuncia de um lado ao outro da carroçaria.

Habitáculo: de topo, embora a pedir mais personalidade

 Mas se, exteriormente, não faltam ao Arteon argumentos capazes de arrebatar, despoletando facilmente o desejo de entrar, uma vez no interior, ao qual se acede de forma fácil e apenas tendo de descer um pouco (afinal, são apenas 1,4 m de altura), somente o aspecto estético, em certos aspectos demasiado colado ao do Passat, acaba provocando alguma (ligeira) desilusão. Ainda assim, rapidamente atenuada graças às excelentes sensações retiradas de uma qualidade de construção sólida e sem mácula; uma qualidade de materiais que, especialmente na versão Elegance por nós testada, rivaliza com qualquer um daqueles que são os adversários premium; além de uma habitabilidade que não mostra qualquer dificuldade em acomodar, com espaço, até cinco adultos – com o passageiro do lugar do meio, é certo, um pouco mais penalizado no conforto que os restantes.

No entanto e uma vez experimentados todos os lugares, a ter de escolher apenas um, este seria, forçosamente, o do condutor, devido à excelente posição de condução que oferece – perfeitamente integrada no cockpit, graças a um volante de óptima pega (mas também com demasiadas semelhanças ao do Golf, além de com comandos a pedirem alguma habituação) e ajustável tanto em altura como em profundidade, e, principalmente, fruto de um banco em couro perfeito na forma como envolve o corpo do ocupante, além de totalmente regulável. Surgindo depois complementado por um óptimo apoio de pé esquerdo, que, tal como os pedais, é proposto em alumínio e borracha, para evitar escorregadelas de pé.

E se no habitáculo não falta espaço, o mesmo acontece na bagageira, onde a acessibilidade e funcionalidade surge garantida através de um enorme portão de accionamento eléctrico (de série), a que se junta um vasto espaço de arrumação com uma capacidade inicial anunciada de 563 litros. Mas que ainda pode crescer mais, mediante o rebatimento 60:40 e totalmente na horizontal das costas dos bancos traseiros. Mesmo se, para os rebater, tendo de ser necessário regressar ao habitáculo, para accionar as únicas trancas existentes, posicionadas no topo das costas.

Equipamento à altura do estatuto

E já que falamos de qualidades, impossível será não referir igualmente o completo equipamento de série que a versão por nós testada, a intermédia Elegance (disponíveis estão ainda uma versão Base e a mais desportiva R-Line), dispõe. Com o primeiro olhar a focar-se, necessariamente, no sistema de info-entretenimento com navegação e app Connect, entre outras funcionalidades, acessível através de um generoso e cativante ecrã totalmente em vidro e táctil, a transmitir sofisticação e vanguardismo.

Contudo, igualmente presentes estão as jantes em liga leve de 18″ com pneus 245/45 R18 e pneu sobressalente também com jante em liga leve, sistema de ajuda ao parqueamento com sensores dianteiros e traseiros, estofos em alcântara e couro “Vienna”, banco dianteiros aquecidos, volante multifunções também em couro, apoio de braços dianteiro, ar condicionado Climatronic com três zonas de regulação, travão de estacionamento eléctrico com função Auto-Hold e Hill Hold Control, sistema Start Stop com recuperação de energia na travagem, pacote Light & Sight (sinónimo de espelho interior anti-encandeamento, coming home leaving home, sensor de chuva, espelhos exteriores elétricos e rebatíveis, e light assist), indicador multifunções “Premium” e Cruise Control Adaptativo.

Já no domínio da segurança, destaque, entre outros, para o sistema de detecção de fadiga, programa electrónico de estabilidade (ESC) com ABS, assistência à travagem, ASR, EDL e EDTC, direcção progressiva, reconhecimento de sinais de trânsito, câmara traseira, sistema Lane Assist, protecção proativa dos pedestres com capot re-activo e sistema Front Assist com City Emergency Braking.

Naturalmente e face à extensa lista de equipamento de série, opcionais, não são muitos, sendo que, dos disponíveis, destacamos, sem dúvida, o painel de instrumentos totalmente digital Active Info Display (535€). Desde logo, pela imagem estatutária que ajuda a transmitir a um habitáculo onde, sem dúvida, dá prazer estar.

Motores: mesmo pequeno, chega!

Embora tratando-se de uma proposta claramente apontada ao topo da “cadeia alimentar”, motivo, aliás, pelo qual a Volkswagen não deixa de propor motorizações à altura das elevadas ambições fixadas para o modelo (é o caso, por exemplo, de um 2.0 TSI de 280 cv, ou até mesmo do 2.0 TDI de 240 cv), a verdade é que não é preciso assim tanto para que este Arteon consiga boas prestações. Bastando, na verdade, aquela que é a motorização menos potente, e a diesel – 2.0 TDI de 150 cv -, para garantir que o sedan alemão tem pulmão, pelo menos, suficiente, para as mais distintas utilizações.

Apoiado, no caso da unidade por nós ensaiada, por uma competente caixa automática DSG de sete velocidade, ainda para mais com patilhas no volante para aqueles momentos em que nos apetece um pouco mais de envolvimento na condução, gostámos, particularmente, da boa elasticidade, disponibilidade e progressão linear evidenciadas por este propulsor. Aspectos superiores, aliás, à capacidade de aceleração pura e simples, com o Arteon a necessitar de 9,1 segundos para chegar aos 100 km/h; mas, também, o que interessa isso, num modelo concebido, antes de mais, para desfrutar e desfilar?…

Aliás e se raramente há bela sem senão, neste caso, o aspecto que nos surpreendeu mais, e não tanto pela positiva, foi sonoridade do motor, que esperávamos que estivesse melhor disfarçada. Até porque, no sempre importante capítulo dos consumos, os 6,5 litros de média conseguidos, numa utilização real, são, indubitavelmente, um óptimo cartão de visita!

Se o motor é bom, o comportamento supera-o

Mas se o motor disponível no “nosso” Arteon conseguiu convencer-nos, o comportamento do novo topo de gama da Volkswagen não ficou, de forma alguma, atrás. Mostrando-se, inclusivamente, num patamar claramente superior.

Ao volante do novo topo de gama da marca de Wolfsburgo, gostámos, principalmente, da vocação clara e indesmentível para as viagens longas e que possam ser cumpridas a velocidades de cruzeiro elevadas, com o sedan alemão a oferecer uma estabilidade e conforto que, neste último caso, nem mesmo as jantes de 18 polegadas, revestidas a pneus de baixo perfil, conseguem beliscar.

Beneficiando de uma direcção progressiva muito idêntica, na concepção, à do Golf GTI, nem mesmo quando as curvas começam a aparecer, o Arteon dá parte de fraco, passando a fazer-se valer de uma óptima inserção em curva, com a carroçaria invariavelmente bem controlada, anulando quaisquer transferências mais acentuadas de massas. Chegando mesmo a revelar agilidade acima do que as dimensões generosas à partida fariam prever.

Já em cidade, é o conforto que a suspensão de correcta taragem mais destaca, convidando, ainda assim, a andamentos descontraídos e agradáveis, até com algum prazer ao volante. Fazendo, assim, de qualquer trajecto uma oportunidade para disfrutar.

Resumindo…

Arrebatador nas linhas exteriores, convincente na qualidade, espaço interior, bagageira e equipamento, além de uma óptima atitude em estrada, não restam dúvidas de que a Volkswagen tem, no Arteon, um óptimo topo de gama. Capaz, inclusivamente, de bater-se com os rivais premium; não fosse a questão da imagem de marca e, já agora, o preço demasiado colado a estas propostas. O que, reconheça-se, não deixa de ser também uma desvantagem…

FICHA TÉCNICA

Motor

Tipo – Quatro cilindros em linha, injecção directa Common-Rail, turbocompressor de geometria variável e intercooler

Cilindrada (cm3) – 1.968

Diâmetro x curso (mm) – 81.0×95.5

Taxa compressão: – nd

Potência máxima (cv/rpm) – 150/3.500-4.000

Binário máximo (Nm/rpm) – 340/1.750-3.000

Transmissão, direcção, suspensão e travões

Transmissão e direcção – Dianteira, com caixa automática de dupla embraiagem e sete velocidades; direção de pinhão e cremalheira, com assistência eléctrica

Suspensão (fr/tr) – Tipo McPherson; Eixo de torção

Travões (fr/tr) – Discos ventilados/Discos ventilados

Prestações e consumos 

Aceleração: 0-100 km/h (s) – 9,1

Velocidade máxima (km/h) – 220

Consumos Extra-urb./urbano/misto (l/100 km) – 3,9-4,0/5,3-5,4/4,4-4,5

Emissões de CO2 (g/km) – 114-116

Dimensões e pesos

Comprimento/Largura/Altura (mm) – 4,862/1,871/1,450

Distância entre eixos (mm) – 2,837

Largura das vias (fr/tr) (mm) – 1.587/1.591

Peso (kg) – 1.643

Capacidade da bagageira (l) – 563/1.557

Depósito de combustível (l) – 66

Pneus (fr/tr) – 245/45 R18/245/56 R18

Preços


Preço da versão ensaiada (Euros): 52925€

Preço da versão base (Euros): 47815€