Fusão entre a Renault e a Stellantis não está nos planos
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Acordo PSA – FCA está dependente da força da recuperação do mercado!

By on 29 Julho, 2020

Quem o afirma é Carlos Tavares, o CEO da PSA que, pela primeira vez, faz tremer o acordo de fusão com a Fiat Chrysler Automobiles, colocando o sucesso do mesmo nas mãos da forma como o mercado recuperar.

Para o CEO da PSA as coisas são claras: a força com que o mercado recuperar da pandemia de coronavírus vai determinar se o acordo de fusão vai para diante nos termos acordados em 2019.

Em entrevista à Bloomberg TV, Carlos Tavares referiu que “nesta fase é prematuro discutir esse assunto, desde que não vejamos a magnitude da recuperação tanto na FCA como na PSA. Até ao final deste ano, após a retoma, veremos qual será a radiografia em termos de ‘cash flow’” neste caso, da nova empresa, a Stellanis.

Nos próximos meses, a FCA e a PSA têm de se concentrar na superação da atual crise provocada pela pandemia de Covid-19 e na reconstituição das suas contas. 

Estas declarações de Carlos Tavares deixam claro que os termos da fusão não estão fechados e que há espaço para mudanças, até porque o Covid-19 provocou muitas mudanças desde que o acordo foi anunciado. Por exemplo, os dividendos especiais que seriam pagos pela FCA (no valor de 5,5 mil milhões de euros) criaram alguma celeuma e um mau estar entre os investidores da PSA, mas parece que isso já foi ultrapassado ao adiarem esse pagamento para altura oportuna. Outra divisão está na visão do apoio governamental, divergente entre a PSA e a FCA.

O anúncio de lucros no final dos primeiros seis meses de 2020, fez o preço das ações da PSA subir 5,6%, deixando a companhia gerida por Carlos Tavares uma imagem muito positiva na forma como enfrentou a pandemia e a tempestade por ela formada. E Tavares acredita que no segundo semestre a recuperação será uma realidade. E, orgulhoso, lembrou que tudo foi feito com capitais próprios sem recurso a empréstimos estatais e assim “continuarmos a ter o controlo do nosso destino.”

Exatamente o contrário do que fez a FCA que teve de pedir uma linha de crédito de 6,3 mil milhões de euros, apoiada pelo Governo italiano, mas deverá apresentar resultados positivos na próxima 6ª feira.

Recordamos que a PSA e a FCA chegaram a um acordo de fusão o ano passado, criando o quarto maior construtor mundial debaixo de uma marca comum, a Stellanis. A maior acionista da nova empresa será a família Agnelli, o CEO será Carlos Tavares e todos querem ver o final do negócio até final de 2020.

Para Tavares, “estamos na fase de execução” e os termos do acordo ainda podem ser alterados, tendo o plano de pagamento de 1,1 mil milhões de euros de dividendos sido descartado. O dividendo especial da FCA aos seus acionistas está ainda em discussão e a PSA transferirá para os acionistas a sua participação de 46% na Faurecia. Os ventos contrários ameaçam ser violentos: o mercado europeu vai encolher 25%, o chinês 10% e a América Latina e a Rússia vão perder 30%.

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