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Afinal parece que há provas que indicam que foi a Nissan que “tramou” Carlos Ghosn

By on 16 Junho, 2020

As discussões e litigações são como as moedas, têm sempre duas faces e o caso entre a Nissan e Carlos Ghosn não foge à regra.

O executivo libanês preso pelas autoridades japonesas no final de 2018 e que fugiu do Japão de uma forma que continua envolta em mistério (como conseguiu fugir nas barbas da polícia japonesa é muito estranho), clamou sempre Inocência ao longo do processo, apontando o dedo à Nissan.

Ora, correspondência interna da marca japonesa que escapou para a imprensa, deixa claro que Carlos Ghosn pode ter razão quando clama por inocência. 

Recordamos que a Nissan dizia ter provas que Carlos Ghosn praticou atos ilícitos como esconder o real valor das suas remunerações, utilização de fundos da Nissan em proveito próprio, dando origem a um processo que conduziu à detenção do libanês. 

Os emails que surgiram à luz do dia, revelam que os executivos de topo lideraram uma campanha para destronar Ghosn da cadeira do poder da Aliança Renault Nissan Mitsubishi.

Segundo a Bloomberg, os gestores de topo da Nissan expressaram o seu mau estar perante o desejo de Carlos Ghosn em reforçar as ligações entre a Nissan e a Renault, tornando-as irreversíveis por intermédio de uma fusão.

Segundo os documentos agora conhecidos, o antigo COO da Nissan, Nari Nada (que decidiu colaborar com o processo japonês e testemunhar contra Carlos Ghosn) disse ao responsável pelas relações governamentais da Nissan, Hitoshi Kawaguchi, que a casa japonesa deveria “neutralizar as iniciativas de Carlos Ghosn antes que fosse tarde demais.”

Curiosamente, no dia em que Carlos Ghosn foi detido no avião privado da Nissan no aeroporto de Haneda, dia 18 de novembro de 2018, Hari Nada fez circular uma nota interna de Hiroto Saikawa no sentido de pedir a anulação do acordo de governança da Aliança e o restauro do direito da Nissan em comorar ações da Renault ou mesmo fazer uma compra hostil da casa francesa. Nesse mesmo memorando, era pedido que fosse abolido o direito da Renault em nomear o COO ou outras posições de topo.

Foi Hari Nada quem ainda antes da detenção de Ghosn quis alargar as acusações ao libanês, dizendo a Saikawa que deveriam colocar uma ação em tribunal por quebra de confiança, juntando assim mais uma acusação na tentativa de fortalecer um caso periclitante, pois a questão dos vencimentos era demasiado frágil para ter uma condenação exemplar.

Hari Nada descreveu que o esforço de descredibilização de Carlos Ghosn deveria ser “suportado por uma campanha na imprensa que garanta a destruição da reputação de CG (Carlos Ghosn).” Esta nota interna foi mostrada a Hiroto Saikawa, o ex-CEO da Nissan no pós-Ghosn, que recusou existir uma conspiração para derrubar Ghosn, negando que “tenha havido algum esforço para remover a influência da Renault através de um ataque a Ghosn.”

Curiosamente, Hiroto Saikawa e Hari Nada, acabaram despedidos, pois também eles estavam a beneficiar do esquema de remunerações fraudulentas, tendo recebido mais dinheiro do que aquele que lhes era devido.

A viver no Líbano, Carlos Ghosn tem o conforto de estar no seu país natal e não haver acordo de extradição com o Japão, pelo que é improvável que algum dia enfrente um tribunal nipónico. Mas parece que afinal, as mãos sujas neste processo são mais que as esperadas e a Nissan terá tido papel relevante no escândalo Ghosn.

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