Novo Renault Captur: Já pode encomendar o seu
Renault Espace poderá voltar a ser monovolume

Apresentação: novo Renault Scénic

By on 15 Fevereiro, 2019

Apresentação Nacional – Renault Scénic IV

Texto: Francisco Cruz

Quebrar o estigma

Não importa se os monovolumes vivem hoje sob séria ameaça de extinção, ou até mesmo se, para o mercado, apenas os SUV e crossovers parecem atraentes; pelo menos, não para a Renault, que se prepara para relançar a família Scénic no mercado nacional, com novo design, melhor habitabilidade, mais equipamento, e até novos motores. Resta saber se será suficiente para quebrar o estigma…

A consideração é da Renault Portugal… e nós subscrevemo-la: apesar dos quase três anos de “apagamento” que viveu em território nacional, fruto da obrigatoriedade de pagar, nesta nova geração, Classe 2 nas portagens, o Scénic continua sendo uma das “marcas” com maior índice de reconhecimento entre os consumidores portugueses, dentro daquilo que é a oferta do construtor francês. Quase tanto quanto o Clio, Mégane ou Espace!…

Entretanto, com a decisão da Brisa em aceitar rever, já no início deste ano, os parâmetros que enquadram cada uma das classes de portagem, nomeadamente a altura da carroçaria no eixo dianteiro (passou para 1,30 m…), já não só o Grand Scénic, enquanto proposta de sete lugares, mas também o Scénic, com 5 lugares, passou a pagar apenas Classe 1, com Via Verde. Levando a que, mesmo perante o declínio assumido dos monovolumes nas preferências dos portugueses, a Renault tenha decidido agora e finalmente, disponibilizar, em Portugal, a quarta geração daquele que é um dos monovolumes médios com maior história no Velho Continente.

“Temos consciência que, particularmente no segmento C, apenas os SUV e os crossovers têm mantido, nestes últimos anos, uma tendência de crescimento. Ainda assim, acreditamos que continua a existir espaço para uma oferta alternativa, como é o caso dos monovolumes, especialmente entre o público que procura ou necessita daquilo que só este tipo de propostas consegue oferecer”, Ricardo Oliveira, diretor de Comunicação da Renault Portuguesa.

O design

Mas se a garantia de pagamento de Classe 1, juntamente com a confiança da Renault num segmento de que cada vez mais construtores desistem, parece ser suficiente para justificar o reforço da aposta da marca francesa nos monovolumes do segmento C (o mesmo em que concorrem modelos como o Citroën C4 Picasso, o Opel Zafira, ou o BMW Série 2 Active Tourer…), importa igualmente enumerar aquilo que, tendo mudado, melhor justificará a escolha dos consumidores nacionais. A começar, pelo design!

De acordo com a Renault, são várias as alterações nesta nova geração do conhecido monovolume médio francês. A grande maioria, com o objectivo assumido de fazer do Scénic uma proposta mais emocional e de acordo com “a Moda”, sem, no entanto, abdicar do espaço, do conforto, e das mordomias, que sempre fizeram parte dos monovolumes.

Assim e depois de ter estreado o conceito de monovolume compacto, ainda em 1996, a quarta geração do Renault Scénic destaca-se, na versão de cinco lugares, por um crescimento no comprimento (+4 cm) e em largura (+2 cm) face ao antecessor, a par de uma ligeira diminuição (1,5 cm) em altura. Com a versão de sete lugares, Grand Scénic, a ganhar 23 cm no comprimento, relativamente ao irmão mais curto.

Inspirado nas linhas do concept Renault R-Space apresentado no Salão de Genebra de 2011, o novo Scénic possui ainda um pára-brisas mais avançado na carroçaria, também como forma de aumentar o espaço interior, além de ser proposto, apenas e só, com (bonitas) jantes de 20 polegadas – isso mesmo, 20 polegadas, revestidas por uns pneus 195/55, e que, assegura o fabricante, custam exatamente o mesmo de umas jantes de 17 polegadas!

Ainda entre as novidades para o exterior, embora já como parte da lista de opcionais, uma pintura exterior bi-tom (750€), assim como a possibilidade dos faróis dianteiros poderem contar com a tecnologia LED Pure Vision (800€), ou de, no tejadilho, poder figurar um tecto panorâmico em vidro fixo (300€). Resumidamente, apenas alguns dos muitos argumentos que podem fazer pender a balança para o lado deste novo Scénic…

A habitabilidade

Mas se o design é apontado como um elemento fundamental e referencial naquilo que é o novo Scénic, a habitabilidade não é menos. Sendo mesmo descrita pelos responsáveis da Renault como um aspecto em que a quarta geração do modelo francês vem fixar novos limites, no segmento.

Diferindo entre si apenas no número de lugares sentados, tanto o novo Scénic, como o Grand Scénic, anunciam quotas de habitabilidade de topo, face aos principais rivais, nas duas primeiras filas, tudo isto a par de uma ergonomia, modularidade, e funcionalidade, não menos impressionantes. E que, entre outros aspectos, passam por um total de 63 litros em espaços de arrumação espalhados pelo habitáculo (entre os quais, a nova consola central deslizante que tanto serve os bancos da frente, como os de trás), um banco do passageiro dianteiro que pode transformar-se em mesa, bancos da segunda fila que rebatem e deslizam, individualmente, sobre calhas, além do já conhecido e prático sistema de rebatimento das costas dos bancos traseiros “One Touch Folding”, através do simples premir de um botão na lateral da mala, ou através do ecrã do R-Link.

Com cinco lugares em utilização, destaque ainda para o facto da bagageira conseguir acomodar, no Scénic, até 720 litros, enquanto, no Grand Scénic, a capacidade chega aos 765 litros. Caindo, contudo, para apenas 240 litros, com todos os sete lugares em uso…

O equipamento

Apresentado como o modelo tecnologicamente mais avançado na gama do construtor francês, pelo menos, até à chegada do novo Clio, a quarta geração do Renault Scénic conta, para tal, com um equipamento fortemente melhorado, em ambas as versões em que é proposto – Limited e BOSE. A começar, pelo capítulo da Segurança e das ajudas à condução.

Assim e com o objectivo de, conforme a própria marca afirma, “facilitar a vida do condutor”, surgem os sensores de chuva e luminosidade, a Ajuda ao Arranque em Subida, a Ajuda ao Estacionamento Traseiro e o Regulador/Limitador de Velocidade; com o objectivo de “proteger a vida do condutor e ocupantes”, o Alerta de Transposição Involuntária de Faixa (mas que não corrige a trajectória), a Travagem de Emergência Activa, e a novidade Travagem Activa com Reconhecimento de Peões (trava sozinho); e, com a função de “Alertar”, o Alerta de Detecção de Fadiga do Condutor.

A justificar a confiança dos responsáveis da Renault que será a versão BOSE Edition, a mais procurada, o facto desta contar ainda, de série, com Head-Up Display a cores, sistema de som Premium BOSE, além de sistema de modos de condução Multi-Sense, com as opções Eco, Comfort, Sport e Perso – porque, salienta uma vez mais a Renault, um monovolume não tem de ser necessariamente sensaborão, também na condução!

Os motores

Mas se as novidades no equipamento são bastantes, mais ainda o são nos motores. Com o novo Scénic a ostentar, não um, não dois, mas toda uma nova gama de propulsores – a gasolina, e Diesel!

Começando pela gasolina, a oferta passa única e exclusivamente pelo novo quatro cilindros 1,3 litros TCe FAP que o construtor francês desenvolveu em conjunto com a alemã Daimler (e que, aplicado na Mercedes, é apresentado como um 1.4 litros), desmultiplicado em três níveis de potência: 115, 140 e 160 cv. Sendo que os dois últimos estarão disponíveis conjugados não apenas com caixa manual de  seis velocidades, mas também com transmissão EDC de 7 relações.

Já como oferta Diesel, um novo turbodiesel, evolução do conhecido 1.6 Energy descontinuado em finais do ano passado, a que a Renault deu o nome de 1.7 Blue dCi. E que, embora com chegada prevista a Portugal apenas no próximo mês de Março, deverá fazê-lo com dois níveis de potência – 120 e 150 cv. Com a versão de 150 cv a ser a única das duas a poder ser adquirida também com transmissão EDC de seis velocidades.

Em termos de prestações e consumos, no caso do 1.3 TCe FAP de 115 cv, uma velocidade máxima de 193 km/h, com uma aceleração dos 0 aos 100 km/h em 11s, consumos anunciados de 6,6-6,7 l/km e emissões de CO2 de 150-151 g/km, ao passo que o mesmo motor, mas com 140 cv, anuncia 201 km/h de velocidade máxima, 10,4s (9,6s com caixa EDC) dos 0-100 km/h, 6,7-6,8 (6,8-7,1) l/100 km nos consumos e 151-154 (155-161) g/km nas emissões.

O 1.3 TCe FAP com 160 cv de potência, tem como valores homologados 210 km/h de velocidade máxima, 10s (9,3s) na aceleração dos 0-100 km/h, 6,8 (6,8-7,1) l/100 km de média nos consumos, e 153-155 g/km de emissões de CO2.

Nos Diesel, o 1.7 Blue dCi de 120 cv anuncia 195 km/h de velocidade máxima, com 14,2s na aceleração dos 0-100 km/h, um consumo de 5,4-5,6 l/100 km e emissões de 124-148 g/km, enquanto a variante de 150 cv promete 210 km/h de velocidade máxima e 12,1s nos 0-100 km/h, com consumos de 5,3-5,6 l/100 km e emissões de 141-147 g/km de CO2.

Preços

Chegados aos preços, uma oferta que, no Scénic de cinco lugares, começa, quando a gasolina, nos 30.770€, e que é o valor pedido pelo Scénic TCe 115 Limited. Com a mesma versão, mas equipada com motor TCe de 140 cv, a orçar em 31.370€.

Optando pelo mais equipado nível BOSE Edition, preços a partir de 33.420€ (TCe 140 FAP), ou 35.300€ com caixa EDC, enquanto o TCe 160 FAP começa nos 34.040€. Ou 35.800€, com EDC.

Com motor Diesel e o nível de equipamento Limited, apenas uma hipótese, 1.7 Blue dCi 120, a partir de 36.570€, ao passo que, com o equipamento BOSE, três possibilidades de escolha, a começar nos 38.590€ (Blue dCi 120), 39.320€ (Blue dCi 150) e 42.650€ (Blue dCi 150 EDC).

Falando do Grand Scénic de sete lugares, já em comercialização e que a Renault acredita poder continuar a ser o grosso das vendas, preços, na versão Limited, a partir de 32.240€ (TCe 115), 32.840€ (TCe 140 FAP) e 38.080€ (Blue dCi 120), enquanto, com o nível de equipamento BOSE, começa nos 34.900€ (TCe 140 FAP), 36.840€ (TCe 140 EDC FAP), 35.400€ (TCe 160 FAP) e 37.340€ – isto, a gasolina, porque os Diesel têm como preço de venda ao público 40.280€ (Blue dCi 120), 40.840€ (Blue dCi 150) e 44.500€ (Blue dCi 150 EDC).

Em estrada

Acabado de chegar ao nosso País e com início da comercialização agendada para o final do presente mês, o primeiro contacto que tivemos com o novo Scénic foi, nada mais, nada menos, que com aquela que será, à partida, a motorização a gasolina com maior procura – TCe 140 FAP -, vestida com o equipamento também mais apetecível – BOSE Edition.

E se, uma vez instalados no interior do habitáculo e já depois de agradados com o impacto das linhas exteriores, não deixámos de reconhecer a evolução qualitativa na qualidade de construção, materiais, design, ergonomia, funcionalidade e habitabilidade, importa igualmente destacar o bom desempenho do novo bloco a gasolina que a marca francesa começou já a estender também a outros modelos. No caso do Scénic, fruto de uma boa resposta ainda antes das 2000 rpm, uma evolução não muito rápida mas linear, assim como de uma boa insonorização e consumos – confrontados com uma viagem de pouco mais de 100 quilómetros, por auto-estradas, estradas nacionais e vias municipais ribatejanas, terminámos o nosso percurso com uma média de 7,2 l/100 km. Isto numa viatura que veio parar às nossas mãos com pouco mais de 500 quilómetros e ao volante da qual tentámos manter um andamento vivo. Opções o que só reforçam o bom resultado final…

Marcado por um comportamento seguro, fiável e confortável, o Scénic mostrou-se uma proposta de condução fácil, graças também a uma direcção agradável e não demasiado leve, mas a convidar a andamentos sem exigências de maior. Afinal, um dos aspectos também muito valorizados pelos utilizadores deste tipo de propostas, e que pode, efectivamente, ajudar a quebrar o estigma…

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