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Audi Quattro: o carro que mudou o estatuto da casa de Ingolstadt

By on 25 Outubro, 2019

Quando Jorg Bensinger entrou pelo gabinete do responsável de engenharia da Audi com o projeto do Quattro debaixo do braço, causou tanto impacto quanto aquele provocado na apresentação do modelo no Salão de Genebra de 1980. Há quase 40 anos, foi uma enorme pedrada no charco.

Fazer um carro de elevadas performances com tração às quatro rodas há 40 anos, era uma profissão de fé em algo que todos pensavam só ser possível para os jipes e para os veículos de trabalho. Mas quando Jorg Bensinger experimentou o VW Iltis e percebeu que passava por todo o lado com uma enorme facilidade, sem necessitar de grande potência, não hesitou em falar com Walter Treser, o diretor de pre-desenvolvimento, eu ajudou a colocar o sistema em testes instalado num Audi 80.

O nome Quattro é a palavra italiana para quatro e significa tração às quatro rodas. Quando surgiu em Genebra, o Audi Quattro era o primeiro a misturar um motor dianteiro com tração integral com sobrealimentação do motor. Um carro absolutamente fora da caixa.

O Quattro foi o modelo que colocou a Audi no mapa dos grandes construtores, saindo da sombra da Volkswagen. E assim que perceberam a enorme superioridade do carro, o passo para a competição foi rápido. A Audi Sport veio até ao Rali do Algarve fazer de carro 0, tinha 304 CV extraídos do motor 2.1 litros com cinco cilindros – que lhe conferia o ruído característico que fazia as delicias dos espetadores – e apesar do seu comportamento com tendência para sair de frente em aceleração e de traseira na desaceleração, foi um sucesso.

Tecnologicamente era imbatível e parecia quase imbatível em estrada. Não era, mas com pisos escorregadios, os 200 CV do cinco cilindros turbo chegava ao chão com eficácia e de uma forma que nenhum outro conseguia. Os meros 1300 quilos do carro e os 200 CV, permitiam que o coupé fosse dos 0-100 km/h em 7,1 segundos, uma cifra que há 40 anos era espetacular e que fez do Audi Quattro quase um supercarro. Ainda por cima, discutia aceleração com Porsche e Ferrari, mas com a vantagem das quatro rodas que em piso escorregadio o fazia fugir dos coupés desportivos de uma forma irresistível.

O carro de estrada tinha um comportamento delicado. A tração integral não oferecia aderência lateral por ai além, a traseira não se mexia quando se esmagava o acelerador e soltavam-se os 285 Nm de binário e não havia “torque steering”. Quando se acelerava á saída de uma curva, simplesmente o sistema de tração integral atirava o carro para onde estivesse virada a direção. Não estava ao alcance de todos andar depressa com o Quattro em estrada. Ainda por cima, havia uma tendência para perder a aderência das rodas dianteiras à entrada em curva, caso se entrasse com excesso de velocidade.

Os primeiros Audi Quattro não tinham ABS, pelo que a travagem não era muito eficaz, tendo outro problema: a transição de massas perturbava muito a estabilidade em travagem, soltando de forma inesperada a traseira.

Apesar de todos estes problemas, o Quattro era um carro relativamente seguro e a verdade é que apesar das modestas previsões da Audi em vender apenas 2500 unidades, estes pequenos engulhos colocaram em dúvida o alcançar desse objetivo.

Felizmente, a Audi rapidamente colocou um ABS no Quattro, lançou a Audi Sport no Mundial de Ralis e colocou o volante do lado direito para os britânicos. Tudo isto permitiu que o Quattro recuperasse o interesse dos adeptos e ao fim de 11 anos de produção, foram vendidas 11 452 unidades, bem longe dos 2500 inicialmente previstos. Curiosamente, o interior era muito avançado com um painel de instrumentos LCD e muitas coisas que ainda hoje existem em alguns carros. 

Mas nada disto é importante perante aquilo que o Quattro fez pela imagem da Audi, na época, uma marca que vivia á sombra da Volkswagen e que tinha como objetivo equiparar-se á BMW. A Audi seguiu o caminho tecnológico – o famoso “Vorsprung durch Tecknik”- e o resto é história. Ainda hoje a Audi capitaliza sobe o Quattro e sobre os novos sistemas de tralção integral que se chamam… quattro!

Um “tanque” que foi muito importante para a Audi e que hoje é um carro muito procurado pelos colecionadores.

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