Jaguar Land Rover transforma digitalmente a sua organização
SUV compacto pode ser nova aposta da Jaguar Land Rover

Com Renault e FCA juntas, PSA vira-se para a Jaguar Land Rover: funcionaria esta parceria?

By on 3 Junho, 2019

Os prejuízos que a Jaguar Land Rover (JLR) registou têm de ser analisados não apenas pelo declínio de vendas, mas também pela redução do valor do grupo e pela assunção de forte redução dos ganhos nos anos á frente.

Os resultados apurados seguiram-se a várias semanas de forte especulação sobre a eventual compra da JLR por parte do PSA Group de Carlos Tavares e, até, de uma suposta proposta feita pelo grupo francês á Tata.

Segundo algumas fontes, existe um documento interno a circular na JLR que escalpeliza a “pós integração” na PSA. E se alguns comunicados vieram negar essa evidência, com o grupo Tata a dizer que está comprometida com a JLR, a verdade é que os prejuízos do grupo de marcas resgatadas da mão da Ford, começa a afetar as contas do conglomerado indiano. E Ralf Speth, o CEO da JLR, nunca negou conversar entre as partes, embora colocando-se fora delas. 

O mais recente comunicado do Tata Group diz que os rumores de que iria desinvestir na JLR são falsos. Porém, a arte da escrita é um bocadinho como o ilusionismo e o comunicado lançado para os media, esconde aquilo que está a passar-se neste momento. Ou seja, a Tata vai mesmo desinvestir na JLR e alienar parte do capital, ao entrar numa co-operação com a PSA que sirva os interesses das duas empresas.

Expliquemos! No atual momento e depois do que a PSA fez com a Opel, todos os olhos estão em Carlos Tavares que, sem nenhum filtro, já disse que quer mais dimensão para o grupo PSA. Com a Renault a um passo de se fundir com o grupo Fiat Chrsyler Automobiles, Carlos Tavares volta a ficar atrás e isso não lhe interessa.

Mas Carlos Tavares pode, também, esperar mais um pouco e deixar que a Jaguar Land Rover entre mais fundo naquilo que alguns analistas europeus chamam “espiral da morte”. Porque os problemas da JLR não são apenas o tropeção nas vendas chinesas, os números mostram uma fotografia nada risonha do futuro do grupo britânico.

Pegando nas informações da JLR, as vendas na Europa caíram 4,5 % e na China foi o descalabro com 34% de quebra, enquanto que no maior mercado da JLR, a subida foi de 8,1%. Mas por trás destes números temos o descalabro das vendas do Evoque e do Discovery Sport, que perderam mais de 30% das vendas e o marasmo nas vendas com os clientes à espera de novos modelos. E os 20% de quebra nas vendas do F-Pace não ajuda rigorosamente nada!

Mas nem tudo é mau na JLR, pois o i-Pace continua forte, o Velar também e o frange Rover Sport tem estado a portar-se bem. Mas a verdade é que os pesados investimentos em novas plataformas (como a MLA) e na eletrificação, pesam quando os resultados das vendas e a margem operacional libertada não é muito grande. 

Alem de tudo isto, a “joint venture” com a Cherry, na China, não está a correr bem e a Land Rover começa a ter uma imagem de marca complicada devido aos muitos problemas de qualidade que a produção dos modelos para venda local como o Evoque, Discovery Sport, E-Pace e os XE e XF, feita pela Cherry têm sofrido.

Cointas feitas, a JLR em de vender mais de 600 mil unidades para conseguir equilibrar as contas, duramente atingidas pela nova plataforma e pelos custos ligados á modificação de todos os 13 modelos da gama JLR para a mesma plataforma. E provavelmente, os 600 mil unidades serão curtas, pelo que a JLR precisa de vender perto de 800 mil, o que não se antevê fácil.

Ora, a colaboração com a PSA seria perfeita: o grupo francês colocaria pé no continente norte americano, onde a JLR tem uma operação rentável e já com todo o trabalho feito em termos de rede de distribuição e venda, a JLR receberia plataformas média que lhe permitiram poupar muito dinheiro com modelos da Jaguar e mesmo alguns SUV da Land Rover. A plataforma EMP serviria perfeitamente ao Evoque e ao Discovery Sport, permitindo baixar o preço e tornar os dois carros mais competitivos. E a tração integral seria sempre conseguida com a eletrificação dos modelos.

Além disso, a união à PSA permitiria baixar, significativamente, a média de CO2 da JLR, particularmente se lhe for recusada a prorrogação do prazo para cumprir com as 95 gr/km de CO2. Finalmente, a “joint venture” da PSA com a Dongfeng é robusta e funciona pelo que a JLR abandonaria a Cherry e teria um parceiro mais competente no importantíssimo mercado chinês.

Enfim, a união do PSA Group com a Jaguar Land Rover faz todo o sentido e deverá ser a tábua de salvação das duas marcas britânicas.

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