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Cupra explica o processo para realizar um protótipo

By on 14 Março, 2019

A marca desportiva da Seat explica em vídeo os três passos necessários para se fazer um protótipo, no caso, o Formentor.

Perguntas. Muitas perguntas. Esboços. Muitos, mesmo muitos esboços. Trabalho. Muito trabalho ao longo de seis meses para erigir um protótipo que deixe as pessoas de cabeça á roda.

Linhas direitas ou curvas? Ecrã flutuante ou integrado no tabliê? 500, sim, 500 esboços foram feitos do Formentor até chegar á definição final que, depois, foi afinada através de 100 imagens virtuais do modelo definitivo, aproveitando o facto das ferramentas digitais estarem tão desenvolvidas que 75% do desenho final fica “congelado” nesta fase. Depois, foi dar dimensão ao desenho final, empregando, para isso, 700 quilogramas de argila modelável. Foram gastos um quilómetro, sim, mil metros de fio, foram feitos mais de 50 testes de cor e 1800 ícones no tabliê e 1300 no painel de instrumentos. Enfim, seis meses de trabalho para fazer nascer o Formentor.

É assim o processo de criação de um protótipo, ou “concept car”, um exercício de estilo que estabelece as linhas de um modelo antes de entrar na produção. É um processo que, como referimos acima, coloca milhares de dúvidas, exige muitas horas de trabalho no estirador, no computador e a sempre complicada e nunca justa opção por umas ideias e a rejeição de outras.

Por vezes é preciso recomeçar, pois o caminho seguido termina num beco sem saída, uma, duas ou mais vezes. Enfim, meio ano e às vezes mais, para realizar um protótipo mais ou menos espetacular mais ou menos fiel ao que será o produto final dali a algum tempo.

A Seat, através da sua marca Cupra, explica-nos em vídeo os três passos em que podemos resumir a criação de um protótipo como o Formentor.

Primeiro passo – Ideias a estrear

Começa tudo com uma ideia: um automóvel que apeteça acariciar. Foi a partir daqui que Alberto Torrecillas, designer de exteriores do Cupra Formentor, começou a delinear os primeiros traços. “Trabalhar no desenho de um protótipo dá-nos mais liberdade criativa. Primeiro, colocamos as ideias no papel. Alguns designers preferem começar a desenhar logo nos tablets de desenho gráfico, mas eu prefiro traçar as linhas à mão, no papel, esboçando diferentes propostas”. As ideias surgem e aterram no papel na forma de dezenas, centenas de desenhos onde ficam expressas as ideias finais e aquilo que se pretende. 

Ao mesmo tempo, a equipa dedicada às cores e aos acabamentos (Color & Trim) foca-se no tato, nas cores e nas sensações. Funde-se a mais recente tecnologia com a manufatura, um processo aparentemente antagónico, mas que funciona. Escolhem-se os tecidos e os materiais, as cores a aplicar no interior e no exterior. Como conta Amanda Gómez, designer do departamento, para o Formentor foi escolhido o conceito “desportivo chique. O couro, as costuras à vista, a textura do alumínio e a cor que criámos especificamente para este concept, o ‘petrol blue’, tudo evoca a garagem de um apaixonado por automóveis”. 

Segundo passo – Nas ruas de Barcelona, sem passar pela fabrica

Aqui entra a mais moderna tecnologia, permitindo que o Formentor já tivesse cumprido vários quilómetros nas estradas de Barcelona, sem ter passado ainda pelo processo de produção. Hora para os “expert” em desenho CAD (Computer Aided Design) passar o carro para 3 dimensões. A partir daqui as formas exatas do modelo são afinadas e todos os elementos que o compõem são unidos, virtualmente. É hora, também, de assegurar o cumprimento de todos os requisitos técnicos necessários ao fabrico do veículo. E assim o Formentor seguiu pela Avenida Diagonal de Barcelona… pura magia… tecnológica. “Com duas dimensões podemos validar o desenho a 75% e a 3D chegamos aos 100%,” explica Manel Garcés, responsável pelo departamento de visualização. 

Esta capacidade permite que se desenvolva mais depressa o desenho final do exterior e do interior. Aliás, neste particular, inverteram-se os papéis na norma para desenhar um interior, como explica Jaume Sala, responsável pelo estilo interior.

 “Antes, desenhávamos o todo e no final decidia-se onde ficava o rádio, os botões… Hoje, primeiro posicionamos o ecrã central, definimos o seu conteúdo; e depois tratamos do resto”. Para conseguir isto e acelerar o processo, a Seat conta com uma ferramenta especial: o Design Digital Lab, no qual se definem as experiências de interação digital. A sua prioridade é a simplificação para que o utilizador tenha à disposição a máxima informação com o menor número possível de passos. No caso do Cupra Formentor, o resultado são 2 anos de testes em simulador e mais de 3.000 ícones para definir o painel de instrumentos digital e um ecrã de 10 polegadas…

Terceiro passo – Modelagem em argila

Pode parecer regressar à idade média, com toda esta tecnologia, fazer modelos á escala real, feitos em argila. Mas é quase impossível sentir as formas e a sensação de prazer ou repulsa que uma forma desperta em nós, sem a vermos em três dimensões palpáveis. Por isso se gasta 700 quilos de argila para fazer nascer, neste caso, um Cuprs Formentor à escala real, por dentro e por fora. “No processo de criação de um concept, os designers atualizam em permanência o modelo e nós seguimos o que eles fazem. A argila (ou clay como é conhecido) é um material industrial sintético que permite que realizemos estas alterações de forma imediata e, perante o resultado final, ninguém diz que o automóvel é um bloco de argila”, garante Carlos Arcos, responsável pela modelagem de formas exteriores.

Veja o vídeo e perceba como é que de uma ideia se chega ao carro final.

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