23% dos veículos em circulação em Portugal são anteriores a 2010. Média europeia nos 14%
Mercado automóvel ainda não regressou aos níveis pré-Pandemia

Em 2000, 1% do parque automóvel tinha 20 ou mais anos, hoje, são 26%…

By on 2 Abril, 2023

Sabia que na última década em Portugal aumentou todos os anos o número de veículos rodoviários motorizados de passageiros a circular? Nem sempre foi assim, claro, por exemplo de 2011 para 2012, diminuíram 6431, o que não foi um número muito significativo.

Mas foi a exceção.

Mas há algo muito importante que diminui significativamente nos últimos anos.

O número de carros novos, ou com menos de dois anos. Sabemos bem que há explicações para isso, por causa da pandemia, da dificuldade das marcas entregarem carros novos, por isso e tendo em conta que estes números da Pordata se referem a 2021, é importante perceber como ficou o número em 2022, para perceber a tendência, mas o que nos preocupa verdadeiramente é outra coisa: o número de veículos entre dois e quatro anos, cresce ininterruptamente desde 2015, o número entre 5 e 9 anos, tem oscilado pouco, mas cresceu quase 100.000 de 2020 para 2021, mas o que mais nos preocupa de tudo isto é que o número de veículos rodoviários motorizados de passageiros em circulação com 10 ou mais anos é cinco vezes maior que o número de carros entre 2 e 4 anos, e consegue ser quase quatro vezes maior que o número de carros entre 5 a 9 anos.

Sabe o que isto significa? que 64% dos automóveis ligeiros e pesados de passageiros em circulação nas estradas têm 10 ou mais anos, um milhão e meio de automóveis, ou 26%, segundo a ACAP, com mais de 20 anos. Em 2000, os automóveis com mais de duas décadas de vida em Portugal representavam apenas um por cento do total do parque automóvel.

Estamos nos 26%, duas décadas depois…

Isto é reflexo de várias coisas, uma delas o exorbitante valor dos impostos sobre veículos em Portugal.

Os sucessivos governos olham e continuam a olhar para o automóvel como uma forma fácil de cobrar impostos, e 64% dos portugueses que têm automóvel continuam a ter que andar com carros que em termos de segurança, por exemplo, estão a anos-luz dos mais recentes. E os efeitos que isto tem na sinistralidade rodoviária?

Sabemos perfeitamente que as principais causas de acidente no nosso país são o excesso de velocidade e a condução sob efeito de álcool. A segunda nada tem a ver com a idade do carro, mas na primeira, a velocidade, andar muito depressa com um carro com mais de 20 anos é bem diferente do que o fazer com um carro recente. Lá está, a segurança.

O uso do telemóvel é outra causa que também nada tem a ver com a idade do carro (até em alguma coisa, devido aos sistemas que todos os carros atuais têm), mas a seguinte, a falta de manutenção do veículo tem muito a ver com a idade. Pneus muito gastos, travões em más condições, direção desalinhada, suspensões com mau amortecimento tornam-se facilmente perigosos inimigos durante a condução, especialmente quando sabemos que entre os tipos acidentes mais comuns em Portugal está o despiste, que é o tipo de acidente que mais mortes causa.

Por tudo isto, tudo o que se fizer para permitir aos portugueses inverter esta estatística de ter 64% dos automóveis ligeiros e pesados de passageiros em circulação com nas estradas têm 10 ou mais anos, nunca será demais…

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