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Entrevista Giovanny Arroba (Diretor design Nissan Elétricos): “O Ariya e o iMK representam os novos horizontes da Nissan”

By on 13 Novembro, 2019

O Salão de Tóquio foi palco para a revelação do Nissan Ariya e do iMK, sendo que o primeiro será global, o segundo confinado ao mercado japonês. Nome comum a ambos: Giovanny Arroba. Um homem que está na Nissan desde o ano 2000, com passagens pelo departamento de estilo da Nissan nos Estados Unidos, na Europa e, agora, no Nissan Global Design, localizado em Atsugi-Shi, Kanagawa, arredores de Tóquio. 

A sua contribuição criativa para a Nissan passou por modelos como o Nissan Titan, Nissan Armada, a sétima geração do Maxima e vários modelos da Infiniti. Chegou a diretor de projeto e é, atualmente, o responsável pelo estilo dos modelos elétricos da Nissan. Vive no Japão e foi ele quem desenhou o iMK (o citadino que está, para já, reservado ao Japão) e o mais importante Ariya, modelo que antecipa o futuro da Nissan eletrificada. Falei com Giovanny Arroba no Salão de Tóquio sobre os projetos apresentados no certame e sobre o futuro do estilo da Nissan.

Como já referi em outros artigos do AUTOMAIS, tive a oportunidade de olhar o futuro da Nissan no Centro de Design da casa japonesa em Kanagawa e posso dizer que o Ariya será uma enorme, mas agradável, surpresa. Infelizmente não posso contar muito mais, mas Giovanny Arroba, deixou claro que os dois modelos expostos no Salão de Tóquio assinalam a nova direção em termos de estilo da Nissan. A acreditem no que vos digo: o futuro da Nissan em termos de estilo é… brilhante.

“Já reparou que os dois carros não têm grelhas?” Começou assim a nossa conversa e, realmente, não há grelha em nenhum dos carros, pois sendo elétricos não necessitam da grelha convencional. “Mas está lá alguma coisa parecida com uma grelha” retorqui eu. “Não, o que você está a ver é uma face. Uma face no Ariya e outra face no iMK” atirou Arroba. 

“Ninguém quer ter um carro sensaborão, um carro que não tenha emoção e não tendo grelha, podemos criar uma face e iluminá-la, dando-lhe uma dimensão diferente.” Mas, e então onde vão parar os cromados e tudo isso? “É verdade, no passado tínhamos cromados que destacam as linhas que pretendíamos, até o logótipo era cromado! Quisemos afastar-nos disso da mesma forma que os carros elétricos estão nos antípodas dos veículos com motorização convencional. Quisemos algo que se pareça elétrico, que seja pura luz!” 

Assim, os novos Nissan elétricos têm ecrãs, faces que são aproveitadas para dar uma imagem diferente e “esconder” todos os sensores, câmaras, radares, laser e demais parafernália ligada à tenologia de segurança e de ajuda à condução. “Mas isto, como se percebe, transforma a frente do carro num ecrã que não quisemos estático. Por isso é que se olhar para a ‘grelha’ verá um padrão entrelaçado que é um pouco do ADN japonês em termos de estilo.”

Quando perguntei a Giovanny Arroba se não andavam a exagerar nas dimensões dos modelos elétricos, já que o interior pode, agora, mais aproveitado, Giovanny Arroba encolheu os ombros e disparou “os clientes querem carros altos com posição de condução elevada, que podemos fazer? E não acho que o Ariya seja assim tão grande.” Mas sendo um carro do segmento do X-Trail quando ali podemos ver o futuro do Qashqai, há aqui um aumento de dimensões claro. “Sim, mas quem lhe disse que o Ariya é uma antevisão do Qashqai?” disse Arrba com um largo sorriso nos lábios.

Então, o que significa este protótipo que bebe inspiração no iMX apresentado em Detroit. “Uma nova direção no estilo da Nissan, sobretudo dos seus modelos elétricos. Você está perante uma nova ideia de estilo e de veículos para o futuro da Nissan. E quando amanhã for ver aquilo que andamos a fazer e o que já definimos tanto na gama térmica como na gama elétrica, ficará boquiaberto.” E olhem que fiquei!

A conversa deslocou-se para dentro do Ariya e, aqui, os olhos de Giovanny Arroba, brilharam. “Acho que fizemos um excelente trabalho” diz com a sua voz rouca, calma e ponderada. O habitáculo do Ariya é típico de um modelo elétrico: não tem túnel central e a frente é curta, libertando muito espaço no interior. Mas o que se destaca, além dos ecrãs digitais que funcionam como painel de instrumentos e painel de controlo do sistema de info entretenimento, é a forma como o carro é feito por dentro. Como diz Arroba “é um interior ‘seamless’, ou seja, fluído e sem interrupções de uma ponta á outra e tal como no exterior, onde a grelha e o logótipo são iluminados.” 

A inspiração vem das casas japonesas tradicionais, onde a luz passa pelas paredes de papel “shoji” e ilumina a casa de forma difusa. “Não é possível fazer isso nas portas de um carro (sorrisos) mas podemos iluminar as portas de uma maneira uniforme. Aliás, se reparar, a maior parte das superfícies são uniformes e sem interrupções.” O designer das Nissan diz que são superfícies “tipo mesa de café” e lembrou que os botões de controlo deixaram de ser mecânicos. “Se tocar num botão, verá que sentirá um pequeno pulsar no dedo, pois são todos hápticos.” Ou seja, são sensíveis ao toque.

A conversa estava a chegar ao fim e Giovanny Arroba quis deixar claro que “o Ariya representa uma viragem no estilo da Nissan. O novo estilo da Nissan é feito de linhas precisas misturadas com curvas sensuais, aquilo que chamamos entre portas ‘futurismo intemporal” (Timeless Futurism).” Pode parecer uma incongruência, mas Arroba deixa claro que “queremos eliminar o que não é essencial, pois a pureza tem uma data de validade muito maior. Claramente, queremos nos afastar do estilo com demasiado ruído.” E o futuro é, realmente, muito, verdadeiramente interessante e o estilo dos modelos que aí vêm – não, nem lhe posso dizer quantos – são de retirar o fôlego. E, já agora, olhe bem para o Ariya… olhe muito bem para o modelo apresentado em Tóquio. Dentro em breve poderá vê-lo nas estradas mundiais e portuguesas também.

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