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Fotogaleria: Vision Mercedes-Maybach 6

By on 20 Setembro, 2016

 

PURA SEDUÇÃO

O mais provável é que este Maybach nunca veja a luz do dia, o que será, no mínimo, lamentável, pois um arrojo deste tamanho deveria rodar livremente nas mais bonitas estradas deste planeta. Na impossibilidade de adquiri-lo, o comum dos mortais merecia ao menos cruzar-se com algo assim…

Parece uma nave espacial com quatro rodas, com um vermelho arrebatador e linhas estonteantes que dão corpo à imaginação e resultam numa espécie de dejá-vu. Tudo porque os olhos transmitem ao nosso cérebro que, apesar de ser futuro, já o vimos em qualquer lado. Se sente o mesmo e não sabe o motivo, avançamos-lhe já que a explicação é simples: afinal, o Vision Mercedes-Maybach 6 é uma ode ao passado. Aos coupés clássicos com curvaturas acentuadas, ‘rabos’ curtos e longas frentes. Existem outros modelos com estas características, mas a memória diz-nos que os mais recentes até foram impulsionados pelo lado da casa alemã, que desde o SLR McLaren aparenta ter direcionado a sua política desportiva para um reencontro com a sua história e os grandes desportivos que a compuseram.

Num momento em que até se falava na aquisição da marca fundada por Bruce pelo Grupo Daimler (as pretensões de Ron Dennis em criar uma companhia rival no plano desportivo aboliram por completo esse plano e a colaboração entre as partes), a Mercedes regressou às origens numa espécie de ‘joint-venture’ com a então parceira de Woking, uma ligação de longa data que, da Fórmula 1, se estendeu para um carro de produção em série. O SLR traçou o caminho para o que viria de seguida, já que depois dele surgiram o SLS, que homenageou o aspeto e as icónicas asas traseiras do SL 300, também presentes neste Vision 6; e o novo AMG-GT – rival assumido do consagrado 911 da Porsche. Mas nenhum destes belíssimos exemplares apresenta o portento deste verdadeiro avião sobre rodas, cujos 5,7 metros de comprimento conferem todo um novo dramatismo ao conceito de coupé, e porque não, à definição de luxo, requinte e elegância automóvel.

FUTURISTA

Com a estreia a ter tido lugar no tradicional Concurso de Elegância de Pebble Beach, o resultado final não é inocente. Antes propositadamente provocante e chamativo. Mas novamente sem descurar o passado, já que esta “visão” foi influenciada pela variante cabriolet do Maybach SW, produzido entre 1936 e 1941. O antigo, como quase sempre, continua atual. Mas no lugar do motor de 3.5 litros de seis cilindros em linha (teve também versões de 3.8 e 4.2 litros) e 140 cv de potência está desta feita um novo propulsor elétrico capaz de gerar de 550 kW (o equivalente a 747 cv), superando assim, por exemplo, o V12 biturbo de 6.0 litros que equipa o Maybach 600 L, que declara ‘apenas’ 523 cv. Sem revelar muitos detalhes acerca do seu desempenho, a Mercedes declara, ainda assim, 250 km/h de velocidade máxima (limitada eletronicamente) e um intervalo de quatro segundos para cumprir o registo até aos 100 km/h, bem como uma autonomia de 500 km. E revela também que é possível recarregar em cinco minutos a energia suficiente para percorrer cerca de 100 km. Portanto, emissões zero com a rapidez do abastecimento de um automóvel movido por um motor de combustão convencional.

Assentes nos 2,1 metros de largura, a suportar as extremidades do corpo, estão enormes pneus com jantes de 24 polegadas. Numa configuração interna 2+2, o habitáculo futurista é dominado pela tecnologia, mesmo que o condutor tenha aparentemente à sua frente dois mostradores analógicos. A quase total ausência de botões é a característica dominante, com um friso digital a prolongar-se de uma porta a outra, estendendo desta forma a 360º o tradicional ecrã digital que comumente se encontra nos automóveis modernos. Também o para-brisas se assume como um enorme painel informativo, comportando um manancial de informação sobre o veículo, a estrada e a viagem planeada.

A linha descendente do tejadilho é um dos pormenores mais deliciosos deste coupé de luxo, tal como o vidro traseiro, ‘partido’ ao meio por duas pequenas janelas e “inspirado nos iates de grande prestígio”, revela a Mercedes. A marca garante ainda uma aerodinâmica perfeita sem necessidade de ‘artificialismos’, vulgo ‘spoilers’ ou ‘ailerons’, para que o fluxo de ar contorne o veículo de forma eficiente. Desenhados como duas pequenas asas, os espelhos exteriores são na verdade duas câmaras que retratam o que se passa atrás do condutor. O difusor traseiro, com um friso em alumínio, e as saídas de ar escondidas por trás dos arcos das rodas, completam o arrojo visual, enquanto o luxo se prolonga em detalhes como as duas malas de viagem exclusivamente desenhadas para este veículo.

André Bettencourt Rodrigues

 

 

 

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