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Guerra das emissões: União Europeia fecha “buraco” nas regras do protocolo WLTP

By on 26 Março, 2019

Não achavam estranho que as diferenças entre os valores NEDC e os WLTP fossem exageradamente altos? Oscilações entre 1 e 81 por cento não lhe faz levantar o sobrolho?

Está lançada a “guerra” entre as autoridades e a indústria automóvel! A Comissão Europeia apertou o protocolo de realização dos testes de homologação WLTP porque, alegadamente, os construtores andaram a enganar o regulador este tempo todo. Como?!

Pois é, ao que parece as marcas andavam a fazer os testes de homologação um bocadinho à “bruta” ou seja, desligavam os sistemas de limpeza dos gases, utilizavam os modos de condução mais agressivos e uma condução que tinha tudo menos ser económica. O quê?!! Então, andaram a fazer tudo para gastarem e poluírem mais?!

Fazer os testes WLTP com os sistemas anti-poluição desligados, com o motor no modo Sport e a condução mais desligada possível deu direito a discrepâncias entre o NEDC e o WLTP até 81%.

Ora ai está… não há quem pare a imaginação dos seres humanos! Os construtores andaram a manipular os testes WLTP com aquelas maroscas para que os veículos gastassem e emitissem de tal forma que enfraquecessem os futuros alvos de redução de emissões, alimentando a esperança que fosse evidente que não haveria forma de cumprir com esses limites.

Perante a monstruosidade dos investimentos necessários para a mobilidade elétrica e a eletrificação das gamas, a maioria deles com retorno desconhecido em tempo e valor, os construtores lembraram-se de tentar prolongar os prazos com esta marosca. Ou seja, emitindo muito mais que anteriormente, o “lobby” da indústria teria muito mais força para tentar um adiamento dos draconianos limites de emissões de CO2 e assim aumentar o período de investimento. Que neste momento se situa a níveis quase impossíveis num espaço de tempo inferior a 10 anos. Insustentável!

Porém, depois do Dieselgate – maldita guerra da sucessão na VW entre Ferdinand Piech e Martin Winterkorn! – as autoridades estão mais atentas e os defensores do ambiente e dos ursos polares estão, igualmente, atentos e a federação europeia para os Transportes e Ambiente (T&E) denunciou estas práticas. Que não eram ilegais e por isso não terão sanções. Eram, apenas, um “buraco” no regulamento WLTP.

Que a Comissão Europeia acaba de fechar obrigando os construtores a fazer os testes com todos os sistemas de controlo de emissões ligados e utilização dos modos mais económicos de condução.

A ACEA o organismo que reúne os construtores europeus, manteve a postura e acolheu com aprovação o apertar das condições dos testes WLTP e o tal grupo de pressão ambientalista já veio pedir a todos os Governos que não utilizem os valores de CO2 anteriores a fevereiro, obtidos pelo protocolo WLTP, pois são “instáveis e não totalmente precisos.” Julia Poliscanova, gestora da mobilidade elétrica e dos veículos limpos da T&E, referiu que “veremos se com estas alterações ao WLTP ficaram fechados todos os alçapões para contornar a lei. É algo que iremos observar de forma cuidada durante este ano.” E para que não fiquem dúvidas, a T&E, um toldo que abriga todas as organizações não governamentais que promovem o transporte sustentável – e que tem como vice presidente o português João Vieira, da Quercus, e ex-GEOTA – pela voz da lituana Poliscanova, deixou o aviso “se os construtores querem vender estes carros testados antes de fevereiro de 2019 em 2020, terão de provar que cumprem os requerimentos ou então terão de os re-homologar!”

Como disse acima, está lançada a “guerra” e promete escalar de tom, pois os construtores não querem os limites absolutamente draconianos impostos pela União Europeia e tudo vão fazer para alterar o estado atual de coisas. Nãos e sabe o que ai vem, mas a procissão ainda não saiu do adro…

José Manuel Costa

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