Renault Scenic: Primeiro ensaio
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Primeiro ensaio Opel Combo Life 1.2 Puretech

By on 4 Outubro, 2018

Num mercado totalmente dominado pelos SUV, o desaparecimento dos monovolumes é uma má notícia para as famílias mais numerosas. A Opel deseja preencher esse vazio com um modelo híbrido que será, provavelmente, o último bastião dos veículos versáteis e com grande praticabilidade.

Pode ler aqui tudo sobre o novo Combo, uma versão de passageiros do comercial Combo que, como todos sabem, é feito com base nas versões de passageiros e comercial da dupla Peugeot Partner/Citroen Berlingo. Não vem mal nenhum ao mundo por causa disso, até porque apesar de fazer parte, agora, do PSA Group, a Opel conseguiu dar o seu cunho ao Combo.

Com versões de cinco e sete lugares – ensaiei a de cinco lugares – portas laterais deslizantes que escancaram um acesso folgado ao interior, espaço a rodos e uma bagageira generosa, o Combo Life é o sonho de qualquer família numerosa. Porém, o estigma de ser um carro com base comercial deixa muito de pé atrás, de sobrolho levantado. Mas, lembrem-se de uma coisa, este conceito do Combo Life foi lançado, exatamente, pelo PSA Group, com o Citroen Berlingo há cerca de 20 anos. E a verdade é que o conceito tem vindo a ser refinado e, hoje, um destes modelos é uma bela opção aos monovolumes e ao SUV que, sendo grandes, muitas vezes não são grande coisa. E há mais uma coisinha que desconhece, seguramente: o Combo Life nasceu primeiro como automóvel de passageiros e depois é que surgiu a variante comercial. Pode não parecer, mas é um dado muito importante, até porque neste momento, a Opel não tem monovolumes, depois do fim do Zafira, pelo que é o Opel Combo Life que irá piscar o olho aos clientes daquele modelo e a si que tem família numerosa e um SUV ou uma carrinha não lhe serve.

Olhemos, então, para a parte técnica. O Combo tem como base uma plataforma moderna, a EMP2 que também serve o Berlingo da Citroen e o Rifter da Peugeot. Posso até dizer que tem muitas ligações ao Opel Grandland X, utilizando a suspensão e até os motores daquele modelo. No caso deste primeiro ensaio, escolhi a versão com o motor Puretech 1.2, do grupo PSA, pois parece-me que é um bloco que serve às mil maravilhas ao Combo Life e, caso não seja de grandes viagens ou utilize o modelo para serviços comerciais, não faz sentido pagar mais quase quatro mil euros pela versão diesel com 100 CV e mais sete mil euros para o Combo Life diesel com motor de 130 CV. E estou a falar, sempre, da versão mais equipada!

Por fora, o Combo Life exibe uma frente onde fica evidente que este é um Opel: capô sobre elevado, a assinatura da casa alemã, a asa das luzes diurnas, a grelha com o símbolo da Opel ladeado por duas barras cromadas, enfim, o ADN Opel na frente do Combo Life. O resto do carro é igual ao Citroen Berlingo, o que se compreende na perspetiva de poupar dinheiro na estampagem e na produção de veículos que, na essência, são iguais. E, depois, a forma como tudo foi desenhado e os custos avanços dianteiro e traseiro, acabam por ser mais agradáveis á vista que alguns rivais.

No interior percebe-se melhor o começo do Combo como projeto de carro de passageiros e só depois como comercial, no espaço disponível, no refinamento dos revestimentos e nos acabamentos de qualidade, particularmente se olharmos ao preço do Combo Life. Há muito espaço disponível, a praticabilidade está em todo o lado com os porta luvas em todos os lados, até no tejadilho, por cima da tampa da mala, enfim, uma série de locais para arrumar muita tralha. As portas de abertura deslizante são fantásticas em termos de acessibilidade, os bancos possuem fixações ISOFIX, tudo o que é preciso para levar a criançada.

Os 597 litros de espaço na bagageira são o delírio para os petizes: pode levar tudo e mais alguma coisa e como o Combo Life é alto (1,8 metros de altura) pode empilhar que há espaço suficiente para tal. Podia ser um pouco mais, mas com 2126 litros com o banco rebatido, terá espaço suficiente para tudo e mais alguma coisa.

O contacto com o Combo Life foi necessariamente curto, mas gostei do refinamento geral do carro, com pouquissimos barulhos – e ainda consegui andar em alguns dos piores pisos em redor da serra de Sintra – e um tabliê bem arrumado com os instrumentos a terem a fonte Opel, mas o resto a ser igual ao de outros modelos do grupo PSA. E com um ecrã de 8 polegadas, com um bom smartphone e ligação ao Android Auto ou Apple CarPlay, terá sistema de navegação, Spotify e outras aplicações, fica com um sistema de info entretenimento de qualidade.

O equipamento é muito completo nesta versão Innovation e a posição de condução agradável deixa-nos com uma boa visibilidade em redor, tal como a maioria agora gosta.

Como referi acima, o contacto com este Combo Life foi curto, mas mesmo assim permitiu perceber duas coisas: primeiro é um carro orientado para a família, logo é confortável e só mesmo estradas muito destruídas ou o acesso á praia do Guicho é capaz de fazer alguém sentir-se menos confortável a bordo. Depois, o Combo Life não tem ambições a ser um carro dinâmico ou remotamente desportivo. Nenhuma! Isso não quer dizer que o carro não curve bem e seja seguro. Bem pelo contrário! Nunca será um carro emocionante de conduzir, mas tem uma direção precisa e rápida, a carroçaria adorna o que se pode esperar de um carro com 1,8m metros de altura com suspensões macias, mas a aderência do eixo dianteiro é excelente e até surpreendente.

O motor 1.2 Puretech tem potência suficiente para empurrar o Combo Life, sem grandes alaridos, mas com confiança suficiente para não deixar a ideia, errada, de ser um carro lento. Não, não arrasa no 0-100 km/h nem na velocidade de ponta, mas asseguro-lhe que faz viagens suaves, seguras e, sobretudo, tranquilas com consumos dentro da média. Registei 6,3 l/100 km o que não é nada mau.

Veredicto

Longe de ser a minha opinião final, este Combo Life é um belo produto oferecido pela Opel. E por 24.590 euros, fica ainda mais belo. Infelizmente, lutará contra o preconceito do carro feito a partir de um comercial – o que no caso do Combo até não é verdade – e não será um enorme sucesso. Para mim o mais interessante é o modelo com motor a gasolina, embora reconheça que o bloco 1.5 turbodiesel mais potente seja mais agradável para quem viaja muito. Seja como for, se tem uma família grande e quer um carro que sirva todas as suas necessidades, o Combo Life é uma possibilidade a ter em conta.

FICHA TÉCNICA

Opel Combo Life 1.2 Puretech

Motor3 cilindros em linha, injeção direta, turbo; Cilindrada (cm3)1199; Diâmetro x curso (mm)75 x 90,5; Taxa compressão10,5; Potência máxima (cv/rpm)110/5500; Binário máximo (Nm/rpm)205/1750; Transmissão e direcçãoTração dianteira, caixa manual de 6 vel.; direção de pinhão e cremalheira, com assistência elétrica; Suspensão(fr/tr)Independente tipo McPherson; eixo de torção; Dimensões e pesos (mm)Comp./largura/altura 4403/1848/1841; distância entre eixos 2785; largura de vias (fr/tr) 1553/1567; travões fr/tr. Discos vent./discos; Peso (kg)1356; Capacidade da bagageira (l)597/2126;Depósito de combustível (l)60; Prestações e consumos aceleração 0-100 km/h (s) 10,6; velocidade máxima (km/h) 185; Consumos Extra-urb./urbano/misto (l/100 km) 5,0 / 6,3 /5,5; emissões de CO2 (g/km) 125; Preço da versão ensaiada (Euros)24.590

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