Segundo capítulo da série de pioneiros da Suzuki traz-nos a Katana e o Jimny
Oito coisas que precisa saber sobre a nova geração do Suzuki S-Cross

Primeiro ensaio Suzuki Jimny

By on 19 Outubro, 2018

Finalmente!!! A Suzuki renovou o Jimny que, ao fim de quarenta e oito anos, chega á sua quarta geração. Ufa! O Ford Focus foi lançado em 1998 e já chegou, também, à quarta geração (risos)! Escusado será dizer que o novo Jimny é muito, mas mesmo muito melhor que o anterior.

Dizer que a anterior geração estava envelhecida após vinte anos no mercado – em Portugal já se foi embora há muito tempo – é redundante, mas espelha a capacidade da Suzuki em fazer carros que “caiem no goto” e que se transformam em lendas. Mesmo que seguindo no sentido contrário dos outros como sucede com o novo Jimny, um carro do século 21 com todas as características de um carro do século passado. What?! Sim caro leitor, o Jimny é um carro com chassis de longarinas aparafusado à carroçaria, com eixos rígidos, tração integral com caixa de transferências com alavanca dentro do habitáculo. Verdadeiramente “old School”!

E se está já a pensar que o Jimny é uma anedota, tire o cavalinho da chuva, pois este Suzuki ficará na história como o original SJ10, por ter rompido com o “status quo” e oferecer um carro moderno feito com a sabedoria do passado que é uma verdadeira delícia. Parabéns Suzuki, está aqui mais um futuro clássico que vai ficar na história do automóvel!

Primeiro! O Jimny é absolutamente delicioso no que toca ao estilo, recuperando a inspiração das óticas e da grelha no original SJ10 de 1970 e nas outras duas gerações que se lhe seguiram. O formato quadrado faz lembrar um cruzamento entre um Mercedes Classe G e um “Kei car” japonês, o que é propositado já que o Jimny, no Japão e com um motor de 650 c.c. sobrealimentado é um “Kei Car”. What!?

Sim, o Jimny é mais curto 3 cm que o anterior modelo – embora seja mais largo 4,5 cm e mais alto 2 cm que o anterior – o suficiente para caber dentro dos requisitos dos “Kei Car”.

Assim tão pequeno, o Suzuki Jimny não é, nunca foi!, um campeão da habitabilidade. Há o espaço apenas suficiente à frente – e mesmo assim o espaço para os pedais é acanhado e o túnel de transmissão embirra um bocadinho com o pedal do acelerador – e atrás dois lugares muito limitados. Centímetros atrás destes lugares, há uma bagageira. Perdão, não há uma bagageira, está lá um espaço vazio com 85 litros (vá lá, a escova e pasta de dentes e pouco mais), aparecendo a bagageira, depois, quando rebatemos os bancos e ai toda a área até aos bancos da frente totaliza a fantástica cifra de 377 litros. O que face ao anterior Jimny é um ganho de 53 litros!

O interior do Jimny é um regresso ao passado com os instrumentos encaixados em nichos fixos com parafusos “allen”. Depois… “zaap” regressamos ao presente com o volante, os comandos da climatização (sim, o Jimny tem ar condicionado) e o sistema de info entretenimento e respetivo ecrã, a voarem, diretamente do Swift para o Jimny.

“Bolas, o carro é muito giro!” diziam portugueses e espanhóis e eu também acho que sim, pois é muito gira a combinação do aspeto retro (o pormenor das caleiras no tejadilho a funcionarem como uma espécie de costura para o tejadilho é delicioso) com soluções modernas, mandando ás malvas a eficiência aerodinâmica para poupar 0,2 l/100 km.

Na casa das máquinas não há o bloco turbo dos japoneses “Kei Car”, mas sim uma unidade de combustão interna moderna com 1.5 litros a debitar honestos 100 CV e 130 Nm de binário. Será o único motor do Jimny depois da Suzuki ter decidido afastar-se dos propulsores diesel. Tem caixa de cinco velocidades e a opção por uma automática de quatro velocidades. Está montado em rodas de 15 polegadas que podem ser de aço ou de liga leve, com pneus 185/80 – uns excelente Bridgestone Dueller – e utiliza uma direção… de esferas recirculantes! com assistência elétrica.

Wow! o Jimny é um modelo revivalista, mas que leva isso à séria.

Confesso que quando cheguei perto do Jimny para iniciar o curto teste de estrada antes de passarmos ao fora de estrada, passou pela minha cabeça o filme de anos e anos de todo o terreno (passeios, “road book”, provas desportivas, expedições, enfim) e algumas tremulas lágrimas surgiram. Ah! meu deus! como sabe bem andar com um jipe com tudo aquilo a que deveríamos ter direito!

Pelas especificações do carro, percebe-se que os 100 CV e a tonelada de peso, mais coisa menos grama, lutam bastante, e por isso as performances não são especiais: velocidade limitada aos 145 km/h e a aceleração 0-100 km/h não interessa para rigorosamente nada. Como sucede numa direção assistida eletricamente, a sensibilidade é pouca o que estraga um pouco a presença da unidade de direção com esferas recirculantes. Por outro lado, as dimensões pequenas e a curta distância entre eixos, permitem um comportamento pontudo, mas facilmente controlável. As suspensões são um regalo: absorvem tudo e mais alguma coisa, buracos, lombas, tudo. Com aquele desconforto delicioso que só um jipe puro e duro oferece e que se transforma numa bênção fora de estrada. E já que falo de fora de estrada, as características do Jimny vêm ao de cima quando abandonamos o alcatrão.

A Suzuki arranjou um percurso que não era, propriamente, uma pera doce com subidas e descidas fortes, inclinações laterais, enfim, tudo o que se pode enfrentar andando em terreno desconhecido. E, neste exercício, o Jimny foi, simplesmente, perfeito, nunca colocando uma roda fora do sítio ou me colocando numa situação complicada. Simplesmente fabuloso! Ah!!! e soube tão bem voltar a andar fora de estrada com um jipe à séria, mesmo que em mini dose.

Veredicto

O Jimny é lindo, deliciosamente revivalista e com toda a tecnologia do século passado que, ao contrário do que muitos defendem, não fica envergonhada face à eletrónica que comanda os nossos dias. Sim, o carro é acanhado, não tem bagageira, é menos confortável, anda pouco e não é um exemplo de economia de combustível e sim, já sei!, só conseguiu três estrelas EuroNCAP. Se procura tudo isto num SUV, então vá procurar em outro lado e compre, por exemplo, um Jeep Renegade ou outra coisa qualquer. O Jimny fez-me rejuvenescer umas dezenas de anos e deu-me vontade de comprar um! Pena que os preços comecem nos 21 mil euros, porque se assim não fosse já estava feita a encomenda. Algo que parece que muitos estão a fazer pois a Suzuki, no Japão, tem um ano de espera para quem quiser comprar um e em Portugal há poucas unidades, pois o carro é produzido no Japão e a marca foi totalmente surpreendida com o sucesso do Jimny. Este é um carro de nicho, um brinquedo muito giro, divertido e que nos dá vontade de levar para casa. Obrigado Suzuki por me levar de volta aos meus já longínquos 20 anos com este Jimny!

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Ficha Técnica

Suzuki Jimny

Motor4 cilindros em linha, gasolina;Cilindrada (cm3)1462; Diâmetro x curso (mm)74×85; Taxa compressão10,0:1; Potência máxima (cv/rpm)100/6000; Binário máximo (Nm/rpm)130/4000; Transmissão e direcçãoTracção integral, caixa manual de 5 velocidades, caixa de transferências; direção de esferas recirculantes, com assistência elétrica; Suspensão(fr/tr)Independente Tipo McPherson; eixo rígido; Dimensões e pesos (mm)Comp./largura/altura 3645/1645/1725; distância entre eixos 2250; largura de vias (fr/tr) 1395/1405; travões fr/tr. Discos / tambores; Peso (kg)1090; Capacidade da bagageira (l)85/830; Depósito de combustível (l)40; Pneus (fr/tr)195/80 R15; Prestações e consumos aceleração 0-100 km/h (s) nd; velocidade máxima (km/h) 145; Consumos Extra-urb./urbano/misto (l/100 km) – / – / 6,8; emissões de CO2 (g/km) 178; Preço versão ensaiada (Euros)23.138

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