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Primeiro ensaio VW T-Cross 1.0 TSI 115 DSG

By on 5 Abril, 2019

Os tempos estão mesmo virados de pernas para o ar! Eu que já ando aqui nestas andanças há mais de três décadas, sempre pensei e aceitei que havia carros citadinos, utilitários, médios e por aí adiante. Assisti ás “brincadeiras” de alguns construtores que parecem os treinadores de futebol, a “jogarem” entre linhas, quer dizer, entre segmentos. Depois foi o esbater dessas barreiras e agora o T-Cross. Parece que para ter sucesso no segmento dos citadinos e utilitários, o tamanho importa, como se não importasse!, estando o segredo em ser maior e mais alto. E com mais um detalhe: de preferência com aspeto SUV ou crossover.

O vírus SUV já infetou todo o segmento e basta olhar para os números: o A0 SUV duplicou em cinco anos e a previsão é que nos próximos cinco anos volte a duplicar, ou seja, apesar de ser um espaço onde as vendas não permitem que se ganhe dinheiro à séria, ninguém pode ficar de fora. A Volkswagen tentou e como sucedeu em outras ocasiões, chegou tarde à festa. Mas, bolas!, veio muito bem armada!

O ariete chama-se T-Cross e em termos de dimensões é ligeiramente maior que um Polo (mais 5,4 cm) mas é muito mais alto que aquele, nada menos que 11,3 cm. Porém, a Volkswagen não entrou em maluqueiras e fez o T-Cross mais pequeno que o T-Roc, o que imediatamente o coloca na fila da frente para a foto de família do segmento, pois é dos mais pequenos.

Escolhas equilibradas

Mas como dos pequenos também reza a história, a Volkswagen posicionou o T-Cross como um SUV urbano, apontado ao coração do segmento com uma atitude jovem sem nos esfregar isso na cara com personalizações mais ou menos parvas e com um posicionamento de preço que serve quase todos. Enfim, um carro que foi muito bem pensado pela marca alemã antes de o atirar para dentro do lago.

Como refiro noutra peça, o T-Cross tem prioridade ao motor 1.0 TSI a gasolina, nas versões de 95 e 115 CV, respeitando a preferência dos consumidores neste segmento, apostando na recuperação de clientes particulares, aqueles que oferecem lucro e não precisam de descontos obscenos para comprar. Mas porque a vida é feita de compromissos, o T-Cross, lá para junho, terá um motor diesel para pequenas empresas, para o “rent-a-car” e para os viciados no gasóleo, ou melhor, no gastar menos na bomba. Pode escolher, para o motor de 115 CV, a caixa manual ou DSG. Tocou-me neste primeiro ensaio um T-Cross 1.0 TSI 115 com caixa DSG e acabamento R-Line. Finezas!

Espaço a rodos

Durante a conferência de imprensa foi dito que o carro era dos mais pequenos do segmento, mas com um dos maiores interiores. Sorri e comentei para o lado “tcheee”, não acreditando muito nisso. Mas aberta a porta e sentado no banco – com aquela sensação “dejá vu” que sempre tenho quando entro num Volkswagen – percebi que há, realmente, muito espaço. Há espaço suficiente para as pernas, para os ombros e não há aquela sensação de claustrofobia de outros modelos.

Mais impressionante o banco traseiro que mesmo com a minha posição de condução, tem espaço mais que suficiente para moços com mais de 1,80 metros. Sinceramente, não estava á espera! E porque o T-Cross é inteligente, o banco traseiro corre sobre calhas. Com este espaço todo, a bagageira não espanta ninguém com 385 litros, somente 35 litros mais que o Polo. Mas, avançamos o banco, cortamos as pernas aos ocupantes do mesmo e, voilá, passam a estar disponíveis 455 litros. Não há necessidade, pois 385 litros chegam para ir ao supermercado. Pelo menos se for eu ás compras sem a mulher nem a filha.

Um olhar mais atento permite que seja fácil descobrir onde a Volkswagen poupou para oferecer o carro a um preço sedutor e conseguir embolsar alguns euros em cada T-Cross. O habitáculo não emana aquela sensação de qualidade e robustez habituais num Volkswagen, mesmo que não haja nada solto e tudo pareça ajustado com primor. Mas a maioria dos plásticos são rudes no toque e desapareceu aquele revestimento emborrachado de modelos acima na gama da marca. Lendo a folha do equipamento, também se percebe que a Volkswagen quis jogar a cartada da tecnologia e do equipamento. Se o T-Cross (sim é o nível básico de acesso) não oferece muita coisa, mas tem um preço de arromba, o Life e o Style já estão mais bem recheados e satisfazem as exigências do cliente deste tipo de automóvel.

Fácil de utilizar, conduzir e desfrutar

Colocado em andamento, o T-Cross revela-se de forma imediata: refinado de uma forma que não é habitual em carros deste segmento, silencioso o suficiente para um utilitário (não espere ter um Golf dentro do T-Cross!) e com um comportamento previsível, seguro e eficaz. Mas, como sempre na casa de Wolfsburg, sem pontinha de emoção ou envolvimento. É isso um defeito? Em alguns Volkswagen sim, no T-Cross claro que não! E sabem porquê?

Porque embora a Volkswagen entenda que o cliente alvo vai dos 8 aos 80, por assim dizer, a verdade é que o desejo do T-Cross ser comprado por clientes particulares e empresas, o vai empurrar para jovens com pouco dinheiro ou para os mais idosos que não necessitam de um carro grande ou cuja reforma não lhes permite pensar além de um “jipezinho” como o T-Cross. Ora, nenhum destes grupos de clientes tem como prioridade o comportamento do carro.

O que todos eles – e a esmagadora maioria de nós, na verdade – desejam é um carro confortável, fácil de conduzir em estrada e, sobretudo, na cidade. E para os mais jovens que gostam de coisas mais radicais, o T-Cross não se nega. Exatamente porque é fácil de conduzir e de utilização muito intuitiva. E neste segmento, isso é uma mais valia, bem na frente do comportamento ou a qualidade percetiva.

O motor 1.0 TSi já é conhecido e na versão 115 CV serve perfeitamente ao T-Cross. À luz daquilo que acabei de dizer acima, de que serve um T-Cross com mais potência? Não vale a pena e por isso até o 95 CV deve ser suficiente para ter um ótimo desempenho. Isto na lógica da exigência do utilizador que se antevê para o T-Cross.

Veredicto

Enfim, no final deste muito curto primeiro ensaio, ficam excelentes sensações, mas tudo o resto terá de ser confirmado dentro em breve nos ensaios mais detalhados.

Seja como for, tenho algumas certezas: o T-Cross tem um excelente “value for money”, ou seja, aquilo que oferece pelo que custa; é uma pena que não tenha no interior a qualidade do T-Roc, já para não falar em outros modelos, embora consiga suportar a concorrência dos rivais; o T-Cross até pode ter como ambição seduzir os jovens, mas falta-lhe o fogo de artificio de outros. O que no meu entender, é uma mais valia. Contas feitas, este é um Volkswagen muito bem feito, bem pensado e amadurecido como um bom vinho. Só não será bem-sucedido se o importador não quiser…

Volkswagen T-Cross 1.0 TSi 115 DSG

Motor3 cilindros em linha, injeção direta e turbo; Cilindrada (cm3)999; Diâmetro x curso (mm)nd; Taxa compressãond; Potência máxima (cv/rpm)115/5500; Binário máximo (Nm/rpm)200/2000 – 3500;Transmissão e direçãoTração dianteira, caixa automática de dupla embraiagem de 6 vel; direção de pinhão e cremalheira, com assistência elétrica;Suspensão(fr/tr)Independente McPherson; eixo de torção; Dimensões e pesos(mm)Comp./largura/altura 4235/1760/1584; distância entre eixos 2551; largura de vias (fr/tr) 1526/1504; travões fr/tr. Discos vent./discos; Peso (kg)1270;Capacidade da bagageira (l)385/455/1281;Depósito de combustível (l)40; Pneus (fr/tr)205/60 R16; Prestações e consumos aceleração 0-100 km/h (s) 10,2; velocidade máxima (km/h) 193; Consumos Extra-urb./urbano/misto (l/100 km) 4,5/5,6/4,9; emissões de CO2 (g/km) 111; Preços (Euros)27.215 euros.

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