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Renault, Nissan e Mitsubishi reafirmam compromisso com a Aliança, mas a fusão… não vai acontecer!

By on 27 Maio, 2020

Esta manhã, a Aliança Renault Nissan Mitsubishi realizou uma conferência de imprensa online que ligou França e Japão, as sedes das três marcas que compõem o acordo da Aliança. Depois de muitos rumores sobre a solidez da união após o escândalo Carlos Ghosn – o motor da iniciativa que juntou Renault à Nissan e depois à Mitsubishi – em janeiro, os responsáveis das três marcas acordaram manter a Aliança e chegaram, agora, a um novo acordo. Mas uma coisa ficou clara: o trabalho de Carlos Ghosn para promover a fusão entre a Renault e a Nissan, não vai acontecer como deixou claro Jean-Dominique Senard. “Para que fique claro para todos, a fusão entre as três empresas não vai acontecer! Além disso, estou muito confiante que devido ás ações que estamos a tomar hoje, no futuro, teremos seguidores.”

Mas o presidente da Aliança disse mais coisas. Naturalmente, feito o acordo para continuar a Aliança, era preciso encontrar um novo modelo de relação que acaba com as dúvidas, desconfianças e maus estar das partes. Haverá um aumento da cooperação entre as três companhias, reclamando Jean-Dominique Senard uma redução de custos no desenvolvimento de novos modelos que pode chegar aos 40%, algo que Makoto Uchida, CEO da Nissan confirmou.

A chave do sucesso passa pelo esquema “leader – follower” que tem como ideia base melhorar a eficiência através de substancial incremento da partilha de produção e desenvolvimento e, também, cada marca assumir a liderança dentro da Aliança em mercados e tecnologias chave. 

Assim, a Renault será a marca líder na Europa e assumirá o desenvolvimento da próxima geração do segmento B e B SUV. Por seu turno, a Nissan será a marca líder no Japão, Estados Unidos da América e China e terá a seu cargo o desenvolvimento da próxima geração dos modelos do segmento C e C SUV, que devem chegar em 2025. O novo Qashqai já está definido e estará à venda brevemente.

O acordo entre os três construtores vai para lá da partilha de plataformas. A Aliança vai partilhar entre todos carroçarias e produção, sempre que isso seja possível, o que já se sabia depois de anunciado o pedido da Nissan para a Renault fabricar em Sunderland os seus SUV.

Como referiu durante a conferência de imprensa Jean-Dominique Senard, “vamos focar-nos na eficiência e na competitividade ao invés do volume. O novo enquadramento da Aliança vai permitir que cada membro melhore as suas capacidades de base e beneficie das capacidades dos outros. O objetivo é aumentar o lucro e a competitividade. O modelo de negócio ‘leader – follower’ não é promover a luta pela liderança face aos outros membros, mas sim tornar a Aliança um líder na indústria automóvel.”

E para tentar que não restem dúvidas no espírito de alguém, o Presidente da Renault insistiu em deixar claro que “não há a mais pequena dúvida que este sistema funcionará no futuro! Se existiam dúvidas no mercado, hoje elas deixaram de existir!”

Com a liderança da Renault na Europa, a Nissan praticamente desaparece do mercado europeu, deixando apenas marca nos segmentos onde é forte, com a tónica no Juke e no Qashqai, embora a estratégia final da casa japonesa só seja conhecida amanhã.

Porém, sabe-se que o esquema “leader – follower” na Europa irá focar-se em redor de quatro áreas de produto: segmento B (Renault Clio, Renault Zoe, Nissan Leaf e o Nissan Ariya compacto), SUV B (Renault Captur, Nissan Juke, Dacia Duster), SUV C (Renault Kadjar, Nissan Qashqai e o Ariya) e os produtos comerciais.

Como a Nissan apresenta os seus planos amanhã e a Renault na sexta feira, ninguém quis falar sobre os projetos de futuro, ficando, ainda, a impressão que a Mitsubishi pode desaparecer do mercado do Velho Continente. Osamu Masuko, presidente da Mitsubishi, quando questionado sobre o papel da casa japonesa na Europa, respondeu que “neste momento e nas condições atuais, ainda não sabemos o que vai acontecer.”

No seio da Aliança, se a Renault fica com a Europa, a Nissan abraça os mercados norte americanos, japonês e chinês e a Mitsubishi liderará os mercados asiáticos e da Oceania.

A Aliança Renault Nissan Mitsubishi vai incrementar a estratégia de normalização de procedimentos, tecnologias, plataformas, enfim, tudo o que possa ser estandardizado… será! Isso hoje já é uma realidade com a partilha da base CMF-B pela Renault e Nissan, mas este novo acordo vai mais longe. Cada marca assumirá a liderança no desenvolvimento de um “carro base” para cada segmento que será usado por todos. Mas haverá mais partilha de peças e de conceitos com a produção a ser agrupada quando possível. A Mitsubishi e a Nissan vão trabalhar juntas para desenvolver os Kei Car para o Japão.

A Aliança Renault Nissan Mitsubishi quer, também, assumir a liderança nas motorizações elétricas, condução autónoma e conectividade, com a Nissan a tomar conta dessas áreas tecnológicas, a Renault desenvolverá a plataforma “E-body” e as tecnologias de conectividade com base no Android e a Mitsubishi cuidará do desenvolvimento dos modelos híbridos.

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