MOBI.E e a ACAP assinam protocolo para promover a mobilidade elétrica
Os carros elétricos são mais amigos do ambiente que os carros com motor térmico?

Um em cada dois portugueses revela que o seu próximo carro será eletrificado

By on 27 Maio, 2022

Estudo divulgado pela ACAP no Fórum de Retalho Automóvel revela diversas das tendências do setor, segundo opiniões de clientes, concessionários e das próprias marcas.

Os resultados do estudo elaborado por uma equipa de investigadores do ISEG – Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa foi realizado junto dos consumidores nacionais, que revelaram uma maior disponibilidade para uma aposta mais forte em soluções de mobilidade mais limpa, tecnológica e adaptada à sua realidade.

Por entre as diversas conclusões encontradas, destacam-se estatísticas bastante interessantes como a que revela que 50% dos consumidores deseja adquirir um automóvel elétrico ou híbrido e também que nove em cada dez estão dispostos a pagar um máximo de 35 mil euros por um automóvel elétrico. Como custos adicionais, estão previstos pequenos investimentos para soluções de conectividade, condução autónoma ou entretenimento. Além de tudo isto, as informações disponibilizadas pela ACAP são bastante abrangentes e plenas de informações, pelo que optámos por lhes passar a palavra e divulgar tudo nas suas palavras.

Ainda relativamente à tendência de eletrificação, os dados do estudo revelam que, num cenário mais favorável à eletrificação, o parque automóvel de veículos de passageiros ligeiros deverá, em 2025, ser composto por 12,6 por cento de veículos elétricos e híbridos e por 87,4 por cento de veículos movidos a gasolina e a gasóleo. Apesar da tendência crescente, e de os veículos híbridos e elétricos representarem mais de 50 por cento das vendas de novos veículos ligeiros de passageiros em 2025, a substituição do parque automóvel far-se-á a um ritmo muito lento. Refira-se, aqui, que as vendas anuais rondam as 200 mil viaturas, mas a dimensão do parque já ultrapassa os 5,2 milhões de viaturas. Neste ponto, é importante focar que a idade média do parque de veículos ligeiros de passageiros, em Portugal, já em 2020 se situava em 12,8 anos, muito acima dos números da média europeia ou da Áustria e Reino Unido (que ronda os oito anos).

Mudança de paradigma inverte estratégia das marcas no digital

No que se refere às principais tendências futuras do consumidor português na aquisição e utilização dos produtos e serviços automóveis, as conclusões revelam que 60 por cento dos inquiridos está a considerar comprar um veículo nos próximos cinco anos e que, no processo de compra, 40 por cento aposta numa combinação online/presencial. 60 por cento refere que prefere comprar virtualmente a um concessionário autorizado da marca e 30 por cento diretamente no site do fabricante. A expressão crescente da digitalização neste sector está já a alterar o modelo de funcionamento das marcas a operar em Portugal, que revelam, neste inquérito, a intenção de investir na digitalização dos processos, em lojas online e, também, em novos conceitos de retalho.

As marcas e concessionários terão, agora e mais do que nunca, de investir quer numa mudança de paradigma na forma como estão estruturados – e como atuam – quer na formação dos seus recursos humanos, que terão de estar preparados para dar resposta às megatendências do sector automóvel para 2025, que colocam em destaque a conectividade e a digitalização, a eletrificação, a mobilidade, a transformação ágil e o foco no cliente.

Sector do comércio automóvel: Impacto da pandemia

Nas duas últimas décadas, o volume de negócios do sector do comércio automóvel registou grandes oscilações, explicadas pela evolução do contexto económico internacional. É o caso da pandemia, que originou uma quebra considerável do volume de negócios no sector. Utilizando o modelo input-output para a economia portuguesa, pode concluir-se que a quebra na procura final dirigida ao sector do retalho automóvel ultrapassou os 3.500 milhões de euros. O valor da produção de todos os sectores reduziu-se em mais de 5.500 milhões de euros, o VAB (ou seja, o impacto no PIB) diminuiu quase 2.500 milhões de euros e a receita fiscal sofreu uma diminuição de 16 milhões de euros, em resultado da diminuição do IVA.

Onde se posiciona Portugal em relação a Espanha e Reino Unido?

O estudo “As redes de retalho automóvel em Portugal – O presente e o futuro do sector” integra, ainda, uma completa análise estratégica da situação atual do sector em países como Espanha, Reino Unido e Áustria. Ao analisar a questão da fiscalidade, por exemplo, Portugal é – comparativamente a Espanha e Reino Unido – o país com maiores encargos no registo automóvel ou no que se refere ao total de impostos indiretos no primeiro ano de consumo automóvel.

O documento incorpora, ainda, um plano estratégico para a competitividade do sector numa nova conjuntura e detalha como deverá ser realizado o ajustamento interno ao novo contexto e o que deve ser proposto ao Estado português. As principais necessidades passam, desde logo, pelo investimento na transformação de informação em conhecimento (big data ou data analytics) e pela adoção de metodologias ágeis para melhoria dos processos, para potenciar a inovação e para reduzir desperdícios. Alargar a oferta de serviços de mobilidade, investir em tecnologia que permita aproveitar o potencial das áreas de serviço e peças, investir na requalificação das equipas para responder aos desafios digitais e, ainda, contratar talento – com destaque para três competências: digitais, análise de dados e transformação organizacional – estão, também, na lista de prioridades deste contexto de transformação e reajustamento.

O estudo contempla, ainda, e em função da evolução do sector e dos desafios que se perfilam, um conjunto de medidas no domínio fiscal, de incentivos estatais, da desburocratização dos procedimentos e da legislação laboral, como a alteração do modelo de transferência da carga fiscal, do momento da aquisição para o momento da circulação, a eliminação da dupla tributação (do IVA sobre o ISV) ou o impacto da pós-descarbonização na tributação automóvel. Destaque, ainda, para a recomendação que propõe que as alterações fiscais relativas às reformas dos incentivos à eletrificação passem, como acontece em Espanha, por uma forte expressão dos investimentos no sector, com apoio do Fundo Ambiental.

Um sector estratégico para a economia portuguesa

O sector automóvel agrega cerca de 32.900 empresas e apresenta, em Portugal, um volume de negócios significativo – equivalente a 7,9 por cento da faturação total das empresas – e um cariz fortemente exportador, ao representar 14 por cento das exportações nacionais. Além disso, o sector emprega mais de 160 mil trabalhadores, que se destacam pela sua qualificação, com acesso a formação profissional contínua e substancialmente acima da média portuguesa.

As conclusões do estudo “As redes de retalho automóvel em Portugal – O presente e o futuro do sector” foram apresentadas ontem, dia 26 de maio, em Lisboa, numa conferência que contou com a participação do Professor Doutor Zorro Mendes e da Mestre Rita Alemão, investigadores do ISEG e coordenadores desta análise, António Coutinho (Grupo M Coutinho), Pablo Puey (CEO da Stellantis Portugal) e Helder Pedro (ACAP).

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