Audi Q5 2.0 TDI 190 S-tronic quattro – Ensaio

By on 15 Setembro, 2017

Audi Q5 2.0 TDI 190 S-tronic quattro

Texto: André Duarte ([email protected])

No ponto!

Surgiu em 2008 para marcar posição no segmento dos SUV compacto premium e em 2016 viu nascer a sua segunda geração. Falamos do Audi Q5, um modelo que tivemos agora ocasião de conhecer na sua versão 2.0 TDI 190 S-tronic quattro. Uma coisa é certa, nada foi deixado ao acaso. Saiba porquê, nas próximas linhas…

Exterior

De dimensões generosas (4,66 metros de comprimento/1,89 metros de largura/1,66 metros de altura), apresenta linhas elegantes que amenizam a sensação de grandeza exterior, com uma linha de cintura que transmite a ideia de um conjunto menos imponente do que na realidade é. A secção dianteira é visualmente a mais forte, com uma frente expressiva fruto do capot em formato tridimensional e uma redesenhada grelha Singleframe com frisos horizontais que, associada aos grupos óticos definidos, lhe atribui vigor e imponência.

Na lateral sobressai de imediato a distância entre eixos de 2,82 metros, assim como, no caso da versão ensaiada, os frisos em alumínio (opcional de 225€) a contornar os vidros, o friso na zona inferior das portas, as jantes de liga leve de 19” com design de 5 raios (1885€) e pneus 235/55 R19, e a própria harmonia e elegância do perfil do conjunto. A traseira destaca-se pela bagageira que circunda os pilares C, a par de um difusor em alumínio com uma dupla saída de escape, que lhe atribuem caráter e robustez. No global é um modelo que cativa pela simplicidade, numa imponência amenizada pela suavidade que as linhas lhe atribuem.

Interior

O interior é marcado por materiais agradáveis ao olhar e ao toque. As inserções decorativas em alumínio Rombhus (320€) que preenchem algumas zonas das portas, tablier e consola central, a par dos próprios puxadores e contornos no volante, seletor e botões, fazem um belo contraste com o preto que dá tom ao habitáculo. A elegância é assim tónica dominante, a par da sensação de espaço em todos os lugares.

O ecrã de 8,3” no tablier está bem destacado e pode ser acedido através do stick rotativo na consola central, dos botões que lhe estão próximos (e nos dão acesso direto às opções de navegação/mapas, telefone, media e rádio) ou através do touchpad. Há ainda um outro stick rotativo, mais pequeno, exclusivo para aumentar o volume do rádio ou silênciá-lo.

À frente a consola central de generosas dimensões não impede que tenhamos espaço para as pernas. Os bancos (dianteiros desportivos 390€) são muito confortáveis, com várias hipóteses de regulação (altura, extensão, assim como o enchimento das costas).

O apoio de braços é amplo, extensível e dá para ser partilhado em simultâneo por condutor e passageiro sem que a comodidade seja comprometida. Quando levantado, somos prendados com uma bela zona de arrumação com boas proporções para se colocar carteira e telemóvel, a qual incorpora entradas USB e que, quando deslocada, faz descobrir dois locais extra para a colocação de dois copos. A isto juntam-se também os espaços de arrumação nas portas.

Nos lugares traseiros a sensação de espaço aumenta. Os passageiros podem fazer uma viagem com conforto e à vontade, dado que os bancos são igualmente cómodos – apenas para o passageiro do lugar central traseiro o banco é mais rijo e não tão confortável como os demais. Há ainda pormenores interessantes, como cortinas para o sol nos vidros, uma tomada de 12V na consola central ou a possibilidade de regularem o ar condicionado. Os espaços de arrumação, além de nas portas, são oferecidos por redes colocadas nas costas dos bancos dianteiros.

Os bancos traseiros (com regulação longitudinal) podem ser rebatidos (na proporção 40:20:40), com a bagageira a passar de 550l para uns enormes 1550l.

A tarefa de colocar e retirar bagagem é facilitada pela suspensão pneumática adaptativa (2295€), através de um botão que nos permite baixar a suspensão em 55 mm. Se por acaso formos com as mãos ocupadas, comodamente  podemos abri-la através de um movimento com o pé, com o sensor a ‘ler-nos’ as necessidades.

Em termos de conectividade e infoentretenimento, entre equipamento de série e opcional, há também um amplo rol de possibilidades: plataforma de infotainment modular de segunda geração (MIB2); sistema de navegação MMI plus opcional com MMI touch e monitor MMI de 8,3 polegadas; Wi-Fi hotspot; Audi connect e funções de segurança e serviço; Audi MMI connect app; Assistência de rota personalizada; Audi phone box com carregamento por indução como opcional; Audi tablet com um sistema de entretenimento traseiro móvel – Rear Seat Entertainment; Audi smartphone interface; sistema de som de alta definição Bang & Olufsen Sound System com som 3D.

No global temos um interior que joga entre o pragmático e utilitário, sem descurar o requinte de utilização e o conforto de classe.

Sistemas de Assistência à Condução e Segurança

Neste capítulo destaque para: assistente de eficiência preditivo; cruise control adaptativo com assistente de trânsito; Audi active lane assist; alerta de distância; cross traffic assist rear; exit warning system; collision avoidance assist; turn assist; Audi pre sense city; assistência de estacionamento; reconhecimento dos sinais de trânsito e hill descent assist.

Ao volante

O local destinado ao condutor é cómodo e tudo está à nossa disposição. O volante é de imediato uma agradável surpresa e espelha bem a aura interior, sendo bastante ‘despido’, visualmente apelativo, permitindo-nos aceder a uma série de funcionalidades sem dele retirarmos as mãos – atender chamadas, aceder à navegação, aumentar o volume do rádio, aceder ao painel de instrumentos, ao comando por voz ou mudar os modos de condução.

A visibilidade é outro dos aspetos que se destaca, e, apesar de obviamente os SUV terem uma posição de condução elevada, fruto das suas características, a relação desta com as proporções do Q5 parece estar no ponto de equilíbrio exato para colocar o condutor numa relação privilegiada com a estrada.

O painel de instrumentos de 12,3” (Audi Virtual Cockpit) oferece-nos um rol completo de informações: os ‘normais’ consumos médios e instantâneos, tempo de viagem, velocidades, rotações, estado do depósito, a par da estação de rádio, aceder a chamadas (recebidas, efetuadas) ou navegação. As informações são perceptíveis e de fácil leitura.

Depois de ambientados e assim que damos início à marcha, temos à disposição o Audi Drive Select que nos oferece sete modos de condução  (Lift/offroad, Allroad, Efficiency, Comfort, Auto, Dynamic, Individual) para explorarmos o bloco diesel 2.0 TDI de 190 cv confortavelmente em todo o tipo de ambientes.

Para tal, somos também ajudados pela tração integral permanente quattro (esta ‘desengata’ a ação do eixo traseiro sempre que não é necessária, reativando-a sempre que preciso, uma opção da Audi com o objetivo de aumentar a eficiência sem reduzir a tração ou dinâmica de condução) e pela caixa automática de dupla embraiagem de 7 relações (além da vertente automática, a ideal para circularmos no quotidiano, esta garante-nos suaves passagens de forma manual através do seletor ou das patilhas de volante, o ideal se quisermos explorar o conjunto, oferecendo-nos os modos normal e Sport). A par disso, contamos com uma suspensão pneumática adaptativa em 5 níveis (esta regula o amortecimento de cada roda para a situação de condução). No Auto, Comfort e Efficiency estabelece-se no nível 3, no Dynamic desce para o nível 2, no Allroad sobre para o 4 e no Lift para o 5.

No Efficiency fica a saber a pouco a resposta do motor, revelando-se por vezes algo parca para mover o conjunto. Porém, é normal, falamos do modo focado na otimização dos consumos. No Auto, o modelo vai-se adaptando de forma contínua ao nosso estilo de condução, disponibilizando-nos aquilo de que precisamos.

No Dynamic a caixa assume automaticamente o modo Sport, e ao pisarmos a fundo, percebemos que a tração integral ‘não dorme’, presenteando-nos com um expressivo arranque (faz dos 0 aos 100 km/h em 7,9s) porém, a sensação de velocidade é geralmente maior do que aquela a que na realidade circulamos, fruto da imponência do conjunto e da confiança que este nos transmite para a abordagem de cada trajeto, em que invariavelmente podemos estar a exceder limites de velocidade e segurança, sem que nos apercebamos. Tudo ‘culpa’ da estabilidade com que o Q5 nos presenteia, aliada a uma bela insonorização e a uma aura interior que atinge o seu pico quando ao volante. Neste modo, a suspensão, assumindo características mais dinâmicas, ameniza o movimento de massas na abordagem em curva, que, mesmo nos outros modos, nunca é muito expressivo.

Fora de estrada, nos modos Lift/offroad e allroad, permite-nos circular na casa dos 80/100 km/h – não fomos além destes registos no presente ensaio – sem que o conforto saia de forma alguma penalizado, e essa é uma grande valia. O modo modo Lift/offroad, aquele em que mais se eleva a suspensão, já nos permite passar buracos mais profundos ou pequenas valas e valetas, apesar de os ruídos da carroçaria, fruto das oscilações, se fazerem sentir com maior vigor. Se bem que quem compre este modelo provavelmente não seja para ir para o trilhos fora de estrada, ele irá permitir esse tipo de incursões para “aquele” piquenique em família. Já no Comfort alcançamos o pico de performance na relação com o mau estado do piso.

Consumos

Os consumos realizados foram de 6,8l o que pode ser visto como algo excessivo. Porém, temos que ter em conta que falamos de um bloco de 190 cv a deslocar 1770 kg de peso, algo que naturalmente tem as suas implicações.

Motorizações e versões disponíveis

O Audi Q5 está neste momento disponível com dois motores TDI ( 2.0 de e 150 cv e 190 cv) e um TFSI (2.0 com 252 cv). Brevemente ficará também disponível um bloco 3.0 V6 TDI com 286 cv. Em termos de níveis de equipamentos estão disponíveis as linhas Sport e Design. Há ainda o pacote desportivo S line e os pacotes de equipamento Advance e Business Line. A diesel os preços começam nos 50.190€ para a versão 2.0 TDI de tração dianteira e caixa manual de 6 relações. Já a gasolina está unicamente disponível a versão 2.0 TFSI quattro S tronic a partir de 61.251€.

Equipamento Opcional

Em termos de opcionais (partindo da versão base), consideramos ter-se em conta, primordialmente, os seguintes: suspensão pneumática adaptativa (2295€); Audi Virtual Cockpit (590€); Navegação Plus (331€); bancos em couro e alcantara (1530€); pacote advance (1435€) – inclui pacote porta objetos, retrovisores exteriores elétricos, aquecidos e rebatíveis, sensores de estacionamento atrás e à frente e abertura e fecho eléctrico da bagageira; pacote business (2050€) – inclui sensores de estacionamento traseiros, cruise control com limitador de velocidade, pacote MMI Navegação, computador de bordo top e cortinas laterais traseiras manuais; farois full led (1400€); banco traseiro e deslizante (40:20:40) (415€); teto de abrir elétrico, em vidro panorâmico (1755€) e ar condicionado automático de três zonas  (810€).

Concorrentes

Entre a concorrência destaque para: Jaguar F-Pace 20d AWD Ingenium 2.0 Turbodiesel com 180 CV e caixa automática de 8 relações – (a partir de) 62.438€; Mercedes GLC 250 d 4MATIC com 204 cv e caixa automática de 9 relações –  (a partir) 57.550€; Alfa Romeo Stelvio 2.2 Diesel AWD com 210cv e caixa automática de 8 relações– (a partir de) 57.200€.

Este é um ponto que pode dar que pensar e jogar contra o Audi Q5 2.0 TDI 190 S-tronic quattro, já que o preço base desta versão, 58.640€, é ligeiramente superior a alguns modelos da concorrência, que também se apresenta bem apetrechada e com alguma potência ‘extra’ sob o capot. Porém, não é só de ‘cavalos que vive o homem’…

Balanço Final

De uma forma geral, independentemente de preferências de modos ou utilizações, o Audi Q5 tem uma identidade própria, transversal a todas as parametrizações. A tração integral é sempre agradável, ainda que neste modelo de 190 cv, a entrega de potência nem sempre se revele a mais auspiciosa se circularmos com quatro ocupantes e/ou bagagem. O bloco é progressivo na resposta, mas com 1770 kg por vezes pedia-se mais uns ‘pozinhos’, já que, em certos momentos, somos obrigados a antecipar situações de ultrapassagem, algo que, no entanto, pode ser amenizado se recorrermos à passagem de caixa através das patilhas. Também em recuperações sente-se que a reação às solicitações do acelerador não são tão imediatas quanto desejado. Porém, falamos aqui de situações pontuais, porque numa utilização quotidiana, seja para pequenas ou longas viagens, o bloco convive bem com as necessidades do conjunto.

A insonorização é muito boa e cria um ambiente distante do mundo exterior, contribuindo em muito para a comodidade sentida no interior, oferecendo a todos os passageiros uma agradável sensação de bem estar em qualquer metro percorrido, de que tomamos mais consciência quanto mais quilómetros com ele partilharmos. O corpo nunca fica maçado ou desgastado. A isso deve-se o belo trabalho da suspensão aliado ao conforto dos bancos. É uma proposta equilibrada e direcionada para registos tranquilos e em família, proporcionando por isso belas viagens.

Em suma, há modelos que são espaçosos, há outros que são confortáveis, há os que são um prazer ao volante, há os que são indicados para a família, há os que são um gosto para viajar a solo, há uns que têm requinte e elegância, há os que têm um equilíbrio coerente entre exterior e interior e há os que reúnem tudo isso. O Audi Q5 é um deles.

 Mais: Conforto; Espaço; Habitáculo;

Menos: Espaço no lugar central traseiro

FICHA TÉCNICA

Motor

Tipo – 4 cil., com injeção direta common-rail, turbocompressor TGV e intercooler

Cilindrada (cm3) – 1968

Diâmetro x curso (mm) – 81,0 x 95,5

Taxa de compressão – 15,5:1

Potência máxima (cv/rpm) – 190/3800-4200

Binário máximo (Nm/rpm) – 400/1750-3000

Transmissão, direcção, suspensão e travões

Transmissão e direcção – integral permanente, transmissão automática S tronic de 7 velocidades; direção eletromecânica com servo-assistência em função da velocidade

Suspensão (fr/tr) – Independente com triângulos sobrepostos; Independente multibraços com barra estabilizadora

Travões (fr/tr) – Discos ventilados/Discos ventilados

Prestações e consumos

Aceleração 0-100 km/h (s) – 7,9s

Velocidade máxima (km/h) – 218 km/h

Consumos Extra-urb./urbano/misto (l/100 km) – 4,7/5,3/4,9

Emissões de CO2 (g/km) – 129

Dimensões e pesos 

Comp./largura/altura (mm) –  4663/1893/1659

Distância entre eixos (mm) – 2819

Largura de vias (fr/tr) (mm) – 1616/1609

Peso (kg) – 1770

Capacidade da bagageira (l) – 550

Pneus (fr/tr) – 235/65 R17